Um experimento flutuante de arquitetura, cultura e consciência ambiental está prestes a atravessar o Atlântico. Trata-se da AquaPraça, uma instalação projetada pelos escritórios Carlo Ratti Associati e Höweler + Yoon, que estreará na 19ª Bienal de Arquitetura de Veneza, em setembro, e será posteriormente instalada em Belém, capital do Pará, como um marco permanente da COP30.
Com inauguração prevista para o dia 4 de setembro de 2025, em uma das plataformas mais prestigiadas da arquitetura mundial, a estrutura se destaca não apenas por seu caráter inovador, mas também por carregar uma mensagem urgente: a importância do debate climático em regiões diretamente afetadas pelo avanço das mudanças globais — como a Amazônia.
O projeto não é apenas um feito arquitetônico, mas uma proposta simbólica. A praça foi idealizada como um espaço de encontro flutuante que convida ao diálogo aberto sobre o futuro do planeta. Seu design incorpora um sofisticado sistema hidráulico que retém e libera água de forma autônoma, permitindo que a estrutura se adapte continuamente às variações do nível do mar. Assim, visitantes terão uma experiência sensorial concreta daquilo que os números e gráficos das conferências muitas vezes não conseguem transmitir.

Para Marina Gurgel, arquiteta e pesquisadora do Instituto de Urbanismo Climático da UFPA, o impacto da estrutura vai além da estética. “Estamos falando de um equipamento urbano flutuante que dialoga com o rio, com o território e com as urgências da floresta. É uma arquitetura que traduz o discurso climático em forma e presença física”, aponta.
A transposição da AquaPraça da Europa para o Norte do Brasil é também uma metáfora poderosa: o debate climático, frequentemente travado em grandes capitais do hemisfério norte, ancorará finalmente em solo amazônico — palco central das transformações que o planeta vive. A chegada da estrutura em Belém está prevista para novembro, durante os dias da COP30, e já integra o plano de legado cultural e arquitetônico da cidade para a conferência da ONU.

Segundo o arquiteto Carlo Ratti, um dos idealizadores da proposta, a intenção foi criar um espaço que não apenas hospedasse eventos, mas que também provocasse reflexão. “A arquitetura precisa se mover junto com o mundo — e neste caso, literalmente. Nossa praça flutuante é uma plataforma para encontros, mas também um lembrete material de que o planeta está mudando de forma visível”, afirma.
Belém, cidade que já possui uma profunda relação com a água por sua geografia ribeirinha, ganhará com a AquaPraça um novo ponto de conexão entre arquitetura contemporânea, natureza e cultura local. Após a conferência, o espaço será mantido na capital paraense como um legado permanente, reforçando o papel da cidade no cenário internacional de debates ambientais.
A COP30, prevista para acontecer de 10 a 21 de novembro de 2025, deverá reunir milhares de representantes de governos, ONGs, empresas e movimentos sociais. E com a AquaPraça integrada à paisagem urbana da cidade, o encontro ganha um novo símbolo físico — um gesto arquitetônico que, assim como o rio que a acolherá, é dinâmico, resiliente e vivo.