Referência simbólica do centro paulistano e um dos monumentos mais importantes do Brasil, o Theatro Municipal de São Paulo atravessa um novo capítulo em sua história: um processo de modernização que visa conciliar acessibilidade, preservação arquitetônica e valorização cultural. O prédio, que completa 114 anos em 2025, receberá uma série de intervenções cuidadosamente planejadas para atender às demandas atuais sem comprometer sua essência histórica.
O principal foco da intervenção é tornar o edifício mais inclusivo. A modernização dos seis elevadores do teatro garantirá acesso integral a todos os andares, algo que atualmente não acontece, especialmente no térreo, onde o acesso ao Bar dos Arcos ainda depende de uma entrada alternativa. A atualização segue as normas técnicas vigentes e permitirá a obtenção do Selo de Acessibilidade emitido pela Prefeitura de São Paulo, um marco que posiciona o Theatro como espaço aberto e democrático.
Além disso, parte essencial do projeto contempla a recuperação do telhado, que enfrenta desgastes típicos da passagem do tempo. A substituição das telhas de cobre, das calhas e de outros elementos da cobertura será realizada para evitar infiltrações e garantir a segurança estrutural do imóvel, que desde 2012 é tombado pelo CONDEPHAAT. O restauro será feito respeitando as características originais da construção, com atenção especial aos detalhes que fazem do edifício uma joia do patrimônio paulistano.

Segundo Eduardo Spinazzola, gerente de Infraestrutura e Patrimônio do Theatro, a modernização não é apenas uma atualização técnica: “O edifício histórico, adaptado fisicamente às novas demandas e urgências contemporâneas, mantém-se ativo como patrimônio material e também na imaterialidade da sua atividade-fim, garantindo o acolhimento das pessoas em suas atividades de lazer e trabalho, e renovado como ponto de encontro e marco para a ocupação cultural da cidade de São Paulo”.
As obras envolvem uma equipe multidisciplinar de cerca de 50 profissionais das áreas de arquitetura, engenharia e construção civil. Todo o trabalho é realizado com o apoio das empresas Shell e Atlas Schindler, viabilizado por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura — instrumento que permite investimentos relevantes em espaços públicos sem comprometer recursos diretos do orçamento público.
Mais do que um projeto técnico, a reforma reafirma o compromisso da cidade com seus símbolos culturais. O Theatro Municipal, projetado por Ramos de Azevedo em parceria com os arquitetos italianos Cláudio e Domiziano Rossi, já passou por importantes reformas ao longo das décadas: nos anos 1950, no final da década de 1980 e entre 2009 e 2011. Cada uma delas marcou um esforço de preservar sua importância histórica enquanto adapta o espaço às necessidades do seu tempo.