É difícil passar por um jardim onde flores em tom vibrante de coral escorrem em cascata e não parar para admirar. Essa beleza quase cenográfica tem nome: flor-de-coral, uma planta de visual exótico e surpreendente versatilidade, que conquistou lugar cativo em projetos de paisagismo tropical e contemporâneo.
Nativa do México, mas perfeitamente adaptada ao clima brasileiro, a Russelia equisetiformis não é apenas decorativa: ela atrai beija-flores, abelhas e outros polinizadores, colabora com a biodiversidade urbana e ainda pode atuar como aliada na contenção de taludes e áreas sujeitas à erosão. Mas o que a torna tão especial vai além da estética. Com uma manutenção descomplicada e floração quase contínua, ela é uma solução encantadora para valorizar muros, canteiros e vasos suspensos.
Uma planta com movimento, leveza e vida
A flor-de-coral se destaca por suas hastes finas e pendentes, lembrando caules de cavalinha. É uma planta de comportamento ornamental fluido, que se movimenta com o vento e cria um efeito visual marcante, especialmente quando usada em locais altos ou bordas. Suas flores tubulares podem variar entre tons de vermelho, coral e amarelo, e surgem em abundância principalmente durante a primavera e o verão.

Segundo a paisagista Mariana Esteves, do estúdio VerdeVerso, “essa planta tem uma presença escultural e, ao mesmo tempo, delicada. Por isso, funciona muito bem tanto em composições exuberantes quanto em jardins mais minimalistas, desde que receba o espaço para crescer com liberdade”.
Cultivo fácil e adaptação exemplar
Uma das razões para a crescente popularidade da flor-de-coral é sua incrível adaptabilidade. Ela prefere sol pleno, mas também tolera meia sombra com boa incidência de luz. Resiste a curtos períodos de estiagem, desde que o solo esteja bem drenado. Por outro lado, não aprecia encharcamento — daí a importância de preparar o substrato com matéria orgânica leve e areia grossa, garantindo fluidez à água.
A arquiteta paisagista Luciana Lerner, especializada em vegetação para áreas urbanas, alerta: “em solos argilosos, o acúmulo de umidade pode comprometer o desenvolvimento da planta. O ideal é apostar em jardineiras suspensas ou bordaduras bem drenadas, especialmente em regiões com chuvas constantes”.
Regas frequentes são bem-vindas, especialmente em períodos mais quentes. No inverno, a rega pode ser espaçada, respeitando o ritmo da planta. Já a poda é recomendada após a floração intensa: além de estimular novas brotações, confere um visual mais limpo e organizado ao maciço de flores.
Um recurso valioso no paisagismo ecológico
Mais do que uma planta decorativa, a Russelia equisetiformis atua como uma verdadeira aliada da sustentabilidade. Seu crescimento denso ajuda a proteger o solo contra erosões, enquanto seu ciclo florífero constante garante alimento para polinizadores o ano inteiro — um diferencial importante em tempos de crise ambiental.

Outro ponto positivo é sua baixa demanda hídrica, o que a torna ideal para jardins ecológicos ou de baixa manutenção. Em taludes, áreas de contenção ou jardins verticais, ela ganha ainda mais destaque, criando efeitos visuais impactantes com economia de recursos.
Beleza funcional o ano todo
Embora a floração seja mais intensa nas estações quentes, em regiões de clima tropical a flor-de-coral pode florescer praticamente o ano todo. Isso a torna perfeita para quem deseja um jardim sempre florido, mas sem o trabalho constante de replantio ou adubação frequente.
Quando bem posicionada, ela atua como pano de fundo para outras espécies, preenchendo espaços com cor e leveza, mas também pode ser a estrela principal em projetos mais fluidos. O uso em jardins de pedra, por exemplo, ou em composição com gramíneas ornamentais, traz contraste e movimento ao cenário.