As festas juninas são mais do que uma simples comemoração no calendário: elas carregam afeto, nostalgia e uma brasilidade que aquece até os dias mais frios de junho.
E em meio a tanta tradição, há um ponto de encontro que concentra sabores, memórias e olhares: a mesa de São João. Decorar esse espaço vai além de dispor quitutes — é criar um cenário que traduz o espírito do arraial em cores, texturas e símbolos afetivos.
O charme está nos detalhes: o que não pode faltar na mesa de São João
Montar uma mesa junina vai muito além de escolher os pratos típicos. Cada detalhe da composição ajuda a contar uma história, evocar lembranças da infância no interior e acolher os convidados com um clima caloroso.

Tecidos como chita, palha trançada, juta e bordados artesanais aparecem com frequência, mas o segredo está na forma como são combinados. Misturar estampas e texturas, mantendo uma paleta de cores viva e alegre, cria uma atmosfera festiva e visualmente atraente.
Segundo a designer de interiores Juliana Lopes, especializada em decoração temática, o segredo está na intenção por trás de cada elemento. “A mesa junina ideal deve ter alma. Os objetos artesanais, como cestinhas de palha, garrafinhas com flores do campo, bandeirinhas e mimos de tecido trazem um quê de casa de vó. Isso emociona e aproxima.”

Além disso, a mesa deve ser pensada como um convite à partilha. Os alimentos, organizados em diferentes alturas, com apoio de caixotes, toalhas sobrepostas e suportes rústicos, não só ganham destaque como também criam movimento visual. O resultado é uma mesa cenográfica e funcional.
Como inovar sem perder o encanto
Engana-se quem pensa que festa junina precisa ficar presa ao passado. Hoje, é possível trazer elementos modernos à decoração da mesa de São João, sem perder a essência. A releitura de materiais típicos, como o uso de pallets, flores secas, luminárias de led e painéis estampados, contribui para uma proposta mais urbana — mas ainda conectada às raízes culturais.

A arquiteta e curadora de experiências visuais Fernanda Malheiros, que assina projetos de ambientação para festas regionais, explica que a personalização é a chave para um décor memorável.
“Você pode usar utensílios que já tem em casa e brincar com composições afetivas. Um regador antigo com flores, um balaio pendurado ou até panelinhas esmaltadas com doces típicos ajudam a construir uma narrativa visual forte.”

Velas rústicas, quadrinhos com frases típicas (“Anarriê!”, “Olha a cobra!”), guardanapos de linho tingidos à mão e fitas de cetim em tons terrosos complementam o visual com delicadeza e criatividade. O importante é manter coerência visual e um toque de improviso, que é a alma da festa.
Cores, luz e sabor: o trio que aquece corações
A paleta de cores da mesa junina é uma das principais responsáveis por trazer alegria ao ambiente. Tons como amarelo queimado, vermelho cereja, azul royal e verde bandeira costumam predominar, mas podem ser suavizados por bases neutras — como o cru, o palha e o off-white — para criar equilíbrio.

Iluminação também merece atenção: cordões de luz amarela, lamparinas ou lanternas rústicas criam uma ambientação acolhedora e intimista, especialmente para festas realizadas à noite. A ideia é remeter aos tempos do lampião, mas com charme atualizado.
E claro, nada se completa sem a gastronomia típica. Doces como pamonha, paçoca, canjica, cocada e bolo de milho devem estar bem apresentados, com etiquetas artesanais e dispostos em travessas que remetam ao interior — esmaltadas, de madeira ou cerâmica artesanal.