Existe um detalhe que, muitas vezes, passa despercebido na decoração, mas que tem o poder de redefinir completamente a percepção de conforto, elegância e harmonia no quarto. Estamos falando do bedscaping, um conceito que vai muito além de simplesmente arrumar a cama. Ele propõe transformar esse espaço em uma verdadeira obra de decoração, equilibrando texturas, cores e elementos que despertam tanto o olhar quanto os sentidos.
O termo, que vem da junção das palavras bed (cama) e landscaping (paisagismo), sugere exatamente isso: “paisagismo da cama”, ou seja, uma composição planejada, pensada nos mínimos detalhes, que faz da cama o centro das atenções no quarto. E não é difícil entender por que essa tendência se consolidou tão rapidamente nos projetos contemporâneos.
Por que o bedscaping virou tendência?
Se antes as camas eram pensadas apenas como espaços funcionais, hoje elas se tornaram verdadeiros pontos focais na decoração dos quartos. Isso porque, mais do que um lugar para dormir, o quarto se transformou em um ambiente de acolhimento, de autocuidado e de pausa no meio da rotina acelerada.

A arquiteta e designer de interiores Patrícia Fortes observa que “o quarto deixou de ser um espaço apenas privado e passou a refletir a personalidade de quem mora ali. O bedscaping surge como uma resposta a essa necessidade de trazer mais conforto visual e sensorial para o ambiente”. Além disso, essa técnica também conversa diretamente com os conceitos de bem-estar, decoração afetiva e biofilia, que valorizam espaços que fazem bem não só aos olhos, mas também à mente e ao corpo.
Muito além de cobertas: a construção de uma experiência
Fazer um bom bedscaping é, na prática, construir uma narrativa através dos tecidos, das cores e dos volumes. Isso significa escolher com cuidado desde os lençóis até as mantas, sobreposições, almofadas e peseiras. Mas não se trata de empilhar elementos de forma aleatória. O segredo está no equilíbrio entre conforto e estética, combinando materiais que dialogam entre si.

Linhos, algodões orgânicos, veludos e tricôs se encontram para criar sensações que variam entre o relaxamento absoluto e o toque de sofisticação. A designer de interiores Carolina Lopes, especialista em projetos residenciais que priorizam conforto, ressalta que “a cama bem composta tem o poder de mudar completamente a leitura do quarto. Ela transmite cuidado, reflete estilo e, ao mesmo tempo, funciona como um convite ao descanso”.
Cores, texturas e composição: a fórmula do aconchego
O jogo de cores no bedscaping é essencial. Paletas neutras, como off-white, areia, fendi e cinza, predominam quando a intenção é transmitir paz e atemporalidade. Porém, incluir tons terrosos, verdes suaves ou até azuis e rosados discretos traz aquele toque contemporâneo sem perder a elegância. Na composição, a sobreposição de camadas é o que cria profundidade visual.
Um edredom volumoso, uma manta dobrada aos pés da cama e almofadas em diferentes tamanhos e texturas geram aquela sensação de cama de hotel — impecável, convidativa e sofisticada. E aqui, entra também um ponto que muitos esquecem: a iluminação. Uma cama bem composta ganha ainda mais protagonismo quando combinada a luzes indiretas, abajures de mesa ou arandelas, criando uma cena acolhedora e, ao mesmo tempo, elegante.
Bedscaping é mais do que beleza — é bem-estar
O impacto de uma cama bem arrumada vai muito além da estética. Estudos sobre neuroarquitetura já demonstraram que ambientes visualmente organizados e agradáveis estimulam a sensação de bem-estar, reduzem o estresse e melhoram até a qualidade do sono.

Ao transformar a cama no ponto de aconchego máximo do quarto, você não só melhora a estética do ambiente, mas também cria uma verdadeira experiência sensorial. Afinal, deitar em um espaço visualmente harmônico, com tecidos que oferecem conforto ao toque, é uma forma de autocuidado diário.
Bedscaping no Brasil: como adaptar ao nosso clima
Ao contrário do que muitos imaginam, o bedscaping não é um conceito restrito a climas frios. No Brasil, ele ganha adaptações inteligentes, como o uso de tecidos mais leves — como algodão, percal ou linho lavado — que oferecem conforto térmico e mantêm o efeito visual sofisticado.
Carolina Lopes explica que “no verão, podemos usar colchas leves e trabalhar as sobreposições com mantas finas, além das almofadas que, por si só, já criam volume e deixam a cama elegante”. No inverno, entram os tecidos mais encorpados, como veludos e tricôs grossos.