o trabalho de conclusão de curso de Camila Brodt, egressa do Bacharelado em Design do IFSul – câmpus Pelotas, alcançou projeção nacional ao figurar entre os finalistas da 15ª edição do Prêmio Brasileiro de Design (BDA). A seleção, que reúne projetos de impacto desenvolvidos em instituições de todo o país, destacou o caráter cultural e experimental do jogo “Ladrico: combine ladrilhos e descubra padrões”, orientado pela professora Mariana Piccoli.
Além de receber avaliação do júri técnico profissional, o projeto também concorre na categoria de voto popular, ampliando sua visibilidade e convidando o público a participar diretamente da escolha.
A força dos ladrilhos como identidade visual de Pelotas
Camila concluiu o Bacharelado em Design em 2024 e, desde o início, buscou uma abordagem que unisse pesquisa histórica, estética urbana e afeto pelo território. Ao justificar sua escolha pelos ladrilhos hidráulicos das calçadas pelotenses como tema de TCC, ela reforça o vínculo entre tradição e design contemporâneo:
“Escolhi trabalhar com os ladrilhos hidráulicos de Pelotas por ver neles um símbolo forte da identidade visual da cidade. São elementos que muitas vezes passam despercebidos no dia a dia, mas carregam muito da história, da estética e da memória afetiva de Pelotas. Quis valorizar esse patrimônio e mostrar como o design pode contribuir para a preservação e reinterpretação da cultura local”, contou.
A partir de um mapeamento detalhado do centro histórico, Camila identificou 71 módulos distintos, muitos deles centenários. Esse levantamento se tornou o ponto de partida para um jogo que, em vez de apenas reproduzir formas, convida o usuário a experimentar a lógica modular e compreender visualmente como os padrões se organizam no espaço urbano.
“Ladrico”: quando o patrimônio se transforma em experiência
O jogo desenvolvido pela designer consiste em quatro blocos cujas faces reproduzem seis estampas de ladrilhos históricos. Ao girar, combinar e manipular essas peças, o usuário se depara com múltiplas composições — um processo que simula a formação dos mosaicos que marcam as calçadas da cidade. Dessa forma, conceitos como módulo, repetição e encaixe deixam de ser abstratos e passam a ser vivenciados de maneira sensorial.
O projeto, além de seu caráter estético, cumpre um papel educativo ao aproximar o público do repertório visual de Pelotas, transformando o patrimônio urbano em experiência lúdica, acessível e interativa.
Para Camila, a visibilidade conquistada pelo trabalho representa tanto o reconhecimento de sua pesquisa quanto uma oportunidade de compartilhar a riqueza cultural da cidade com um público mais amplo. Ela destaca:
“Produzir o Ladrico foi uma experiência incrível, uniu pesquisa, criatividade e um olhar afetivo sobre o patrimônio, e especialmente, sobre Pelotas. Ver o trabalho reconhecido em uma premiação nacional representa, ainda mais, a importância que é valorizar o patrimônio e o que faz parte da identidade da cidade. E também, ter esse resultado reforça a qualidade do ensino e da formação que o IFSul oferece. É uma conquista coletiva, que mostra o potencial dos projetos desenvolvidos na instituição.”
Com o voto popular aberto, Camila reforça o convite à comunidade acadêmica e à população local: “Estou contando com a ajuda de todos para trazer esse prêmio pro nosso Design do IF”, finalizou.
Um reconhecimento que celebra também a formação acadêmica
A professora Mariana Piccoli, orientadora do projeto, relembra como os ladrilhos chamaram sua atenção desde sua chegada a Pelotas e, por isso, reconheceu imediatamente o potencial da proposta apresentada por Camila. Para ela, o reconhecimento no BDA simboliza não apenas uma conquista individual, mas um marco para o curso:
“Desde que me mudei para Pelotas, no ano de 2017, uma das primeiras coisas que me encantou foram os ladrilhos hidráulicos. E então a Camila veio com essa proposta, foi um TCC feito com muita dedicação, com muito empenho. É um TCC muito rico, que traz muita informação para Pelotas. E quando a gente viu a lista do shortlist, dos finalistas do Prêmio Brasileiro de Design, eu fiquei muito, muito feliz. Porque eu acho que é um projeto que merece bastante reconhecimento, merece ser conhecido a nível nacional.”
Ela também ressalta o caráter inédito da conquista:
“É a primeira vez que eu oriento um trabalho que vai para o shortlist do Prêmio Brasileiro de Design, então é muito especial, é muito importante também para o curso de Design e para o IFSul. Estamos nos preparando também para ir na cerimônia de premiação, que acontecerá dia 15 de dezembro, em São Paulo.”
Sobre o Prêmio Brasileiro de Design (BDA):
O Prêmio Brasileiro de Design, em sua 15ª edição, é retrato dessa energia em trânsito. Uma amostra vibrante de um ecossistema criativo que pulsa em rede. Neste ano, celebramos a diferença como potência e a coletividade como prática — mas, acima de tudo, reconhecemos o design como agente de transformação. Transformar é assumir riscos, propor novos caminhos, tensionar o que está posto. É criar soluções que respondem ao presente e apontam para futuros possíveis. Aqui, colaboramos para transformar, e reafirmamos que não há futuro possível sem imaginação coletiva e que, ao voarmos juntos, fazemos do Brasil um território fértil para o novo.





