Um ambiente limpo vai muito além daquilo que os olhos conseguem ver. Apesar de serem sinônimo de aconchego e decoração, os tapetes também podem se transformar em verdadeiros criadouros de micro-organismos. E a comparação que parece exagerada — de que eles podem acumular mais bactérias que o vaso sanitário — tem fundamento científico. Segundo um estudo do NSF International, uma organização global dedicada à saúde pública, os tapetes de ambientes residenciais contêm até 200 mil bactérias por polegada quadrada, número que pode ser até quatro mil vezes superior ao encontrado em um assento de vaso sanitário.
Esse cenário é agravado pela rotina doméstica: enquanto banheiros são frequentemente higienizados com desinfetantes, os tapetes muitas vezes são negligenciados ou recebem apenas limpezas superficiais, como o uso do aspirador de pó.
“A textura porosa das fibras funciona como uma armadilha para poeira, pele morta, pelos de animais e até resíduos de alimentos”, explica a bióloga e microbiologista Carla Domingues, pesquisadora da UFRJ. Ela aponta ainda que o calor, a umidade e a baixa exposição à luz solar contribuem para a proliferação de ácaros, fungos e bactérias nocivas, como a Salmonella e a E. coli.
Tapetes e saúde: conexão direta com alergias e doenças respiratórias
A higiene do lar está intimamente relacionada ao bem-estar e à saúde dos moradores. Quando não há uma rotina de limpeza eficaz, os tapetes se tornam fontes constantes de recontaminação do ambiente. Isso afeta especialmente crianças pequenas, idosos e pessoas com alergias ou doenças respiratórias. “Um tapete mal higienizado pode liberar microrganismos no ar sempre que alguém pisa ou se movimenta sobre ele”, alerta o infectologista Daniel Wagner, do Hospital Albert Einstein. Ele afirma que os riscos vão desde reações alérgicas leves até complicações respiratórias severas.
Em uma residência com animais de estimação, a atenção deve ser redobrada. Os pets transportam microrganismos das ruas para dentro de casa pelas patas e pelagem, o que amplia ainda mais o acúmulo de germes nos tapetes. E mesmo que o tecido pareça limpo, ele pode conter colônias inteiras de bactérias invisíveis a olho nu.
O que dizem os estudos científicos?
Além dos dados do NSF International, outras pesquisas reforçam a importância da limpeza de tapete adequada. Um estudo publicado no Journal of Applied Microbiology revelou que germes como Staphylococcus aureus e fungos do tipo Aspergillus podem sobreviver por dias — e até semanas — entre as fibras do carpete. Já uma análise conduzida pelo laboratório da New York University Langone Health mostrou que tapetes e carpetes acumulam não apenas bactérias, mas também partículas cancerígenas e alérgenos, especialmente em áreas urbanas com poluição elevada.

Esses dados vêm transformando a forma como profissionais de saúde pública enxergam a limpeza doméstica. Atualmente, recomenda-se que tapetes de áreas com grande circulação — como sala, corredores e quartos — sejam higienizados com vapor quente ou lavagens profundas ao menos uma vez por mês.
Como manter os tapetes limpos e seguros
A boa notícia é que não é preciso abrir mão do conforto para garantir um ambiente saudável. Segundo os especialistas, a chave está em adotar uma rotina combinada de aspiração com filtros HEPA, uso de desinfetantes próprios para tecidos e lavagens periódicas por empresas especializadas.
“Evite produtos com amônia ou alvejantes que danificam as fibras e prefira soluções enzimáticas ou vaporização”, recomenda a microbiologista Carla Domingues. Já o infectologista Daniel Wagner reforça que a ventilação adequada da casa e a exposição dos tapetes ao sol contribuem para a redução natural de colônias de germes.