Você está regando as plantas do jeito errado? Veja como evitar o apodrecimento

Muita gente acredita estar cuidando bem das plantas, mas a rega feita no momento ou da forma errada pode causar o apodrecimento das raízes e levar à morte do vaso todo.

Você está regando as plantas do jeito errado? Veja como evitar o apodrecimento

A rega é, para muitas pessoas, sinônimo de cuidado. No entanto, entre borrifadas a mais ou um cronograma mal planejado, esse carinho pode se transformar em ameaça. O erro ao regar plantas é mais comum do que parece e está entre os principais motivos para o apodrecimento das raízes — um problema silencioso, que costuma ser percebido tarde demais.

Mesmo espécies conhecidas por sua resistência podem definhar se a água for aplicada da maneira incorreta, com frequência exagerada ou nos horários errados. “A planta respira pelas raízes, e o excesso de água impede essa troca gasosa, sufocando a raiz”, explica o engenheiro agrônomo André Pedrotti. Quando isso acontece, o sistema radicular não consegue mais absorver os nutrientes do solo, favorecendo o surgimento de fungos e provocando o que muitos reconhecem apenas como “murcha”.

Regar demais é mais perigoso que regar de menos

Diferentemente do que muitos imaginam, o excesso é mais prejudicial que a falta. As folhas podem até parecer ressecadas, mas isso nem sempre indica sede: pode ser um reflexo do encharcamento. Em vasos, o problema se agrava, pois o espaço limitado e a drenagem deficiente aceleram o apodrecimento.

A paisagista Karina Orlandi, especializada em plantas ornamentais, destaca a importância de observar a umidade do solo com o toque dos dedos antes de regar novamente. “A rega não deve seguir uma frequência fixa. Tudo depende da estação, da iluminação, da ventilação do ambiente e da espécie”, comenta. Ou seja, há dias em que a planta pode ficar sem água, mesmo no verão, se o solo ainda estiver úmido.

Além disso, a rega feita à noite ou em horários de pouca incidência de sol compromete a evaporação natural da água. Isso cria condições ideais para o surgimento de fungos, especialmente quando a água atinge as folhas em vez de ir direto à base da planta. O ideal é regar nas primeiras horas da manhã, quando a planta pode absorver a água lentamente e com eficiência.

A drenagem do vaso é tão importante quanto a quantidade de água

Evitar o erro ao regar plantas passa, também, por garantir que o vaso esteja preparado para eliminar o excesso de água. Pratinhos sob vasos, embora comuns, são armadilhas que retêm a água parada em contato com o fundo do recipiente, gerando umidade constante e ambiente propício à podridão. “O prato pode ser usado, mas sempre com pedrinhas ou argila expandida no fundo, para manter o fundo do vaso elevado e longe da água acumulada”, orienta Karina.

Além disso, o furo na base do vaso é indispensável. Plantas cultivadas em recipientes sem escoamento acabam absorvendo mais do que o necessário, ficando encharcadas por longos períodos. Para quem deseja melhorar a drenagem, o uso de substratos leves e arejados, como fibra de coco e perlita, também é uma excelente alternativa.

Raízes apodrecidas: como identificar e o que fazer

Detectar o apodrecimento ainda nos primeiros sinais pode ser a diferença entre salvar ou perder uma planta. As raízes afetadas mudam de coloração — do branco saudável para tons de marrom escuro — e exalam um odor desagradável. Em casos mais avançados, as folhas começam a cair, o caule escurece na base e a planta amolece.

Se notar esses sinais, é preciso agir rápido. Retire a planta do vaso, remova toda a terra e corte as raízes comprometidas com uma tesoura esterilizada. Replante em um recipiente com drenagem adequada e substrato novo, deixando-a em local iluminado, mas sem sol direto por alguns dias.

Para prevenir novos episódios, o segredo está na atenção e no equilíbrio. “Observar é sempre o primeiro passo no cuidado com as plantas. Elas se comunicam o tempo todo, seja pelas folhas, pelas flores ou pela textura do solo”, reforça André Pedrotti.

Rega consciente: o caminho para um jardim saudável

Evitar o erro ao regar plantas exige mais escuta do que rotina. Em vez de seguir um calendário fixo, vale mais prestar atenção ao comportamento da espécie, ao clima do dia e à umidade do solo. Adotar práticas como o uso de regadores com bico fino, aplicar água direto na base e sempre garantir a drenagem ideal são atitudes simples, mas extremamente eficazes.

Ao compreender o ciclo de cada planta, suas reais necessidades e a resposta que ela oferece, o cultivo se torna mais intuitivo e duradouro. Com cuidado, técnica e sensibilidade, o apodrecimento deixa de ser um risco, e a rega volta a ser o que sempre deveria: um gesto de vida.

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