Muita gente conhece as canções, mas poucos sabem que o ‘Rei’ Roberto Carlos ajudou a desenhar o horizonte de São Paulo. Durante quase uma década, a Incorporadora Emoções transformou o prestígio do cantor em um império de concreto de mais de R$ 1 bilhão em vendas.
Embora o artista tenha deixado os negócios em 2020, o legado de seus edifícios azuis e brancos continua valorizando e agora aponta para um novo e ambicioso destino: Gramado. Entenda como o Rei trocou, por um momento, os palcos pelos canteiros de obra.
Quando o cantor virou incorporador
A entrada de Roberto Carlos no setor imobiliário ganhou destaque nacional em 2011, quando veio a público sua participação societária na Incorporadora Emoções, da qual detinha cerca de 30%. Ao lado de empresários experientes, o cantor se envolveu em todas as etapas iniciais do projeto, trazendo não apenas capital, mas também identidade e conceito.
O mercado imobiliário, contudo, exige visão de longo prazo, fôlego financeiro e disposição para atravessar ciclos econômicos. Segundo relatos ligados à operação, o próprio artista reconheceu que a incorporação demanda tempo — frequentemente mais de cinco anos entre a compra do terreno e a conclusão do empreendimento — e riscos que destoam da dinâmica de sua carreira musical. A decisão de sair da sociedade, formalizada em 2020, marcou o encerramento desse capítulo, sem rupturas, mas com reposicionamento estratégico da marca.
Horizonte JK: O prédio azul que valorizou 100% e mudou o skyline do Itaim Bibi
O primeiro — e mais emblemático — lançamento da incorporadora foi o Horizonte JK, implantado na Avenida Juscelino Kubitschek, no coração do Itaim Bibi. O edifício chama atenção à distância por sua volumetria esguia e pela paleta cromática em azul e branco, uma referência direta ao imaginário associado ao cantor.
Com 40 andares e 346 unidades, o empreendimento mesclou apartamentos residenciais e conjuntos comerciais em um endereço estratégico, próximo a centros corporativos e polos gastronômicos. À época do lançamento, a procura superou expectativas: centenas de interessados disputaram as unidades residenciais, evidenciando a força do projeto tanto do ponto de vista arquitetônico quanto mercadológico.
O tempo consolidou o acerto da aposta. Unidades que custavam pouco mais de setecentos mil reais no início da década passada hoje ultrapassam com folga a marca de um milhão e meio, refletindo a valorização imobiliária da região e o caráter icônico do edifício.
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Expansão e pausa estratégica
Após o sucesso inicial, a incorporadora manteve uma atuação seletiva. Entre 2015 e 2017, houve uma pausa nos lançamentos, seguida por um novo projeto fora do eixo paulista: o Horizonte Parque Flamboyant, em Goiânia. Implantado em frente a uma das maiores áreas verdes da cidade, o edifício reforçou a estratégia de associar arquitetura vertical a paisagens urbanas qualificadas.
Durante o período em que Roberto Carlos permaneceu como sócio, a empresa alcançou aproximadamente R$ 1 bilhão em Valor Geral de Vendas (VGV), com investimentos que começaram majoritariamente com recursos próprios e foram sendo reinvestidos em novos projetos, mantendo um crescimento gradual e controlado.
O fim de uma era: Por que Roberto Carlos deixou a sociedade em 2020?
Com a saída do cantor, a estrutura societária foi reorganizada. A marca Emoções passou a integrar uma holding, desvinculada da imagem pessoal do artista, mas preservando o histórico construído. Já sob nova configuração, foram desenvolvidos edifícios residenciais em endereços valorizados de São Paulo, como a Rua Harmonia e a Avenida Hélio Pellegrino, ambos com unidades em fase final ou já entregues.
Essa transição marcou uma mudança de escala e ambição. O foco deixou de ser apenas empreendimentos pontuais e passou a contemplar projetos multifuncionais, capazes de integrar moradia, serviços e lazer em um mesmo complexo urbano.
Gramado e o novo ciclo da marca
O passo mais audacioso dessa nova fase está previsto para Gramado, onde a incorporadora planeja um empreendimento de grande porte em uma área de cerca de 10 mil metros quadrados. O projeto prevê a convivência de unidades residenciais, espaços comerciais, áreas de entretenimento e um hotel operado pelo Club Med — que será a primeira unidade da rede no Brasil e na América do Sul nesse formato.
Com investimentos que podem ultrapassar R$ 1 bilhão e VGV estimado em R$ 1,5 bilhão, o complexo já passou pelas etapas de licenciamento ambiental e segue em processo de aprovação municipal. A expectativa é que as primeiras entregas ocorram a partir de 2027, consolidando um novo marco urbano para a cidade serrana.






