A imagem clássica de uma casa limpa costuma vir acompanhada do cheiro forte e penetrante da água sanitária. No imaginário popular, o produto virou sinônimo de higiene e desinfecção. Porém, nem tudo o que brilha é realmente limpo – especialmente quando falamos dos efeitos da água sanitária em certos tipos de piso.
Muitas vezes, por impulso ou desconhecimento, ela é aplicada em locais inadequados, comprometendo a beleza e a durabilidade de materiais como porcelanato, madeira e pedras naturais. E o que parecia uma limpeza profunda, pode, na verdade, acelerar o desgaste da superfície. A seguir, entenda por que essa escolha, tão comum no dia a dia, pode ser um erro na limpeza – e aprenda como limpar o piso de forma segura e eficaz, de acordo com cada revestimento.
Por que a água sanitária pode ser prejudicial?
A água sanitária, ou hipoclorito de sódio, é um composto químico com forte ação oxidante. Isso significa que, ao entrar em contato com determinadas superfícies, ela pode desencadear reações químicas agressivas. Em pisos sensíveis, como os de madeira, vinílicos, laminados e até certos tipos de pedras, esse agente pode causar desde manchas permanentes até desintegração de partes do material ao longo do tempo.

Segundo a especialista em limpeza técnica de superfícies, Camila Galvão, da Pro Clean Brasil, “a água sanitária é excelente como desinfetante, mas precisa ser usada com extremo cuidado. Em pisos porosos ou com acabamento delicado, ela pode corroer a camada protetora e abrir caminho para infiltrações e acúmulo de sujeira.” Esse efeito, muitas vezes irreversível, leva a uma perda estética e funcional do piso.
Pisos de madeira e laminados: um perigo quase invisível
Um dos maiores erros cometidos na manutenção de pisos está no uso indevido de produtos que parecem inofensivos, mas, a longo prazo, comprometem a estrutura. É o caso da água sanitária em pisos de madeira ou laminados. Ao penetrar nas frestas, o líquido promove o apodrecimento interno, formando manchas escuras e ondulações. E mesmo quando diluída, a água sanitária pode acelerar a perda do verniz, tornando a madeira áspera e opaca.

Para ambientes com esse tipo de piso, a recomendação da encarregada de limpeza Carla Souza, da Pro Limpe, é investir em soluções neutras e específicas: “Produtos com pH balanceado são os mais indicados. Além de proteger o acabamento, eles prolongam o brilho e a textura natural do material. Um pano úmido com detergente neutro já cumpre bem o papel no dia a dia.”
Riscos em pedras naturais e porcelanatos
Outro grupo de revestimentos que sofre com o uso da água sanitária são as pedras naturais, como mármore, granito e ardósia. Apesar de resistentes, essas superfícies possuem micro porosidades que absorvem líquidos e pigmentos com facilidade. Quando expostas ao hipoclorito de sódio, as pedras podem apresentar desbotamento e perda da coloração original – um efeito que remete ao aspecto de piso “manchado” ou encardido, mesmo recém-limpo.
O porcelanato, embora mais denso, também não é imune. Quando polido, o seu brilho pode ser apagado com o uso constante de produtos corrosivos. E nas versões esmaltadas, o rejunte ao redor costuma ser o primeiro a apresentar sinais de deterioração, ficando esfarelado ou com aspecto esbranquiçado.
Alternativas mais seguras e eficazes
Diante desses riscos, a melhor saída é apostar em métodos menos agressivos e mais duradouros. Água morna, detergente neutro e panos de microfibra fazem uma boa combinação para quase todos os tipos de piso. Para limpeza profunda e higienização, há opções no mercado que oferecem ação bactericida sem comprometer os revestimentos, como produtos à base de quaternário de amônio ou álcool a 70%.

Nos casos de manchas específicas ou sujeiras mais difíceis, é importante não improvisar com receitas caseiras sem orientação. “Muitos danos surgem quando as pessoas misturam produtos sem saber como eles reagem entre si ou com os materiais da casa”, alerta Camila Galvão. Por isso, seguir as recomendações dos fabricantes e consultar especialistas pode evitar prejuízos desnecessários.
Cuidado com o rejunte e a manutenção a longo prazo
Mesmo quando o piso parece resistente, o uso contínuo da água sanitária pode afetar regiões menos óbvias, como os rejuntes. Essas linhas que delimitam os revestimentos são feitas, em geral, de cimento branco ou resina epóxi, ambos materiais porosos. O contato repetido com o hipoclorito resseca, esfarela e, em casos mais avançados, pode abrir caminho para fungos e infiltrações.
Além disso, o uso indiscriminado desse produto pode contribuir para o amarelamento das bordas dos pisos e deixar um odor persistente, especialmente em áreas internas e pouco ventiladas.