Em um mundo onde tudo acontece rápido demais, a casa passou a ser refúgio. E mais do que paredes decoradas com estilo, há uma busca latente por afetividade, por espaços que contem histórias, despertem memórias e resgatem o conforto de tempos mais simples. É nesse cenário que os estilos vintage e retrô se destacam como tendência crescente na decoração contemporânea. De acordo com o Pinterest Predicts 2025, expressões como “maximalismo vintage” e “quarto boho eclético” registraram aumento de até 260% nas buscas, indicando que o afeto estético está de volta — com força total.
Mas qual a diferença entre os dois? Enquanto o vintage traz peças autênticas de outras épocas — muitas vezes restauradas —, o retrô trabalha com releituras modernas desses mesmos estilos. Ambos, no entanto, partilham da mesma essência: um desejo de pertencimento, de enraizamento e de beleza com alma.
Estética que reconforta: a força do passado dentro de casa
Para a arquiteta paulista Valentina Loyola, que atua com projetos de restauro e interiores com acervo afetivo, o boom das estéticas do passado está diretamente relacionado ao emocional coletivo. “Há um cansaço do impessoal, do excesso de brancos e linhas frias. O vintage é o contrário disso. Ele acolhe, remete ao toque da madeira antiga, à luz amarela que lembra casa de vó. São elementos que não apenas decoram, mas acalmam”, pontua.

Valentina destaca que a presença de objetos herdados ou garimpados, como cristaleiras, espelhos ovais, tapeçarias e luminárias de época, devolve à casa uma narrativa única. “Quando o cliente coloca na sala uma cômoda da avó ou pendura o quadro que sempre esteve na antiga casa dos pais, ele se reconecta com quem é. A decoração vira um reflexo da própria memória”, acrescenta.
Mais do que estética: o resgate da identidade
O crescimento da estética retrô também se vê nas feiras de antiguidades, no retorno dos móveis de fórmica e nos eletrodomésticos que imitam os anos 50 com cores vibrantes e cantos arredondados. Mas, apesar da aparência charmosa, o interesse por essas peças vai além do design.
A designer de interiores Marina Azevedo, que coordena projetos com foco em sustentabilidade e reaproveitamento, afirma que a escolha por objetos antigos ou de visual retrô representa uma mudança de mentalidade. “É como se disséssemos ‘não’ à velocidade e ao consumo descartável. Recuperar uma poltrona antiga, reformar uma cômoda ou simplesmente incorporar elementos retrôs na decoração é um ato de afeto e consciência”, defende.
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Marina explica que não é preciso transformar toda a casa para adotar esse estilo. “Às vezes, basta uma luminária de latão escovado, uma parede com papel de parede floral ou uma coleção de livros com capa dura sobre um aparador. O importante é que o espaço dialogue com a história de quem vive ali.”
Ambientes com alma e conforto visual
Na prática, o vintage e o retrô são traduzidos em materiais naturais, cores terrosas, formas orgânicas e uma clara rejeição ao impessoal. A madeira envelhecida, os tecidos com trama visível, o linho cru, o couro natural, os ladrilhos hidráulicos e até os discos de vinil expostos viraram códigos visuais de uma casa com afeto.
Segundo Valentina, “a iluminação também é um ponto-chave. O retrô prefere a luz quente, amarelada, que traz calma e suavidade ao ambiente. Lustres pendentes em vidro canelado ou abajures de cúpula fazem toda a diferença no clima.”
Como aplicar o vintage sem cair no caricato
O equilíbrio é essencial. A proposta não é transformar a casa em um museu, mas sim inserir elementos que tenham significado e se conectem à arquitetura do espaço. Marina aconselha começar pelas peças menores com valor simbólico, que se integrem naturalmente ao restante do mobiliário. “Um espelho de moldura dourada no hall, uma cadeira de balanço antiga no quarto, um tapete persa no escritório… tudo isso ajuda a construir camadas afetivas sem exageros”, orienta.

Outro truque valioso é misturar o antigo com o contemporâneo. Um sofá moderno com almofadas de veludo vintage, uma mesa de jantar com cadeiras de décadas diferentes ou mesmo um piso de cimento queimado em contraste com móveis rústicos ajudam a manter o ambiente equilibrado, sem que pareça uma reprodução teatral do passado.
Um lar com memória e significado
No fim das contas, a força do design afetivo está em permitir que a casa se torne um retrato emocional do morador. Os estilos vintage e retrô não se tratam apenas de moda passageira, mas de um movimento genuíno em busca de conexão — com o tempo, com as memórias e consigo mesmo.
A popularização desse estilo não está apenas nos algoritmos das redes sociais, mas no desejo coletivo de desacelerar e se sentir em casa. Uma casa de verdade. Com alma, história e beleza que atravessa gerações.

Sou Cláudio P. Filla, formado em Comunicação Social e Mídias Sociais. Atuo como Redator e Curador de Conteúdo do Enfeite Decora. Com o apoio de uma equipe editorial de especialistas em arquitetura, design de interiores e paisagismo, me dedico a trazer as melhores inspirações e informações para transformar ambientes.
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