Um refúgio entre vidro e natureza: a casa que se dissolve na Mata Atlântica

Arquitetura sensorial e paisagismo exuberante se unem em um projeto que transforma o morar em experiência imersiva

Manuel Sá/Divulgação

No coração da Riviera de São Lourenço, no litoral paulista, um refúgio arquitetônico emerge como uma extensão da Mata Atlântica. Com um projeto assinado pelo escritório Raiz Arquitetura, liderado pelos arquitetos Alexandre Ferraz e Elias Souza, a casa de 503,52 m² estabelece uma relação harmônica entre o ambiente natural e a sofisticação do morar contemporâneo. Mais do que um espaço de lazer, ela propõe uma experiência sensorial, em que luz, paisagismo e arquitetura fluem em perfeita sintonia.

A proposta do projeto partiu do desejo dos moradores de um refúgio que equilibrasse tranquilidade e funcionalidade sem perder a atmosfera acolhedora de uma residência urbana. A resposta arquitetônica veio em forma de um volume que se dissolve na paisagem, cercado por vidros que permitem uma conexão visual ininterrupta com o exterior. “A ideia era que a casa se integrasse à mata sem criar barreiras visuais. Usamos materiais que reforçam essa fusão entre o natural e o construído”, explica Elias Souza.

Transparência e fluidez nos espaços sociais

A organização da casa privilegia a fluidez entre os ambientes, promovendo a interação entre os moradores e seus convidados. A sala de estar, cercada por grandes planos de vidro, oferece uma vista panorâmica da vegetação ao redor, diluindo os limites entre interior e exterior. Ao lado, a cozinha gourmet e a sala de jantar formam um eixo de convívio integrado, onde a luz natural e o paisagismo são elementos fundamentais na composição do espaço.

Manuel Sá/Divulgação

Nos fundos, a varanda se estende de maneira generosa, fechada por amplas esquadrias que garantem uma imersão visual na mata. Ali, uma piscina de borda infinita acompanha o terreno, criando um espelho d’água que se funde com o verde exuberante. O paisagismo, cuidadosamente pensado para reforçar essa conexão, conta com espécies nativas que intensificam a sensação de continuidade entre o terreno e a floresta.

Um home theater acolhedor e o design dos espaços privativos

O home theater, localizado em uma região mais reservada da casa, aposta em tons escuros e um pé-direito mais baixo, criando um ambiente introspectivo e aconchegante. Para reforçar a integração com a natureza, uma grande floreira foi estrategicamente posicionada acima do ambiente, trazendo o verde para dentro e criando um respiro visual. “A vegetação é um elemento que aproxima a arquitetura da paisagem. Usá-la dentro da casa é uma forma de prolongar essa experiência sensorial”, destaca Alexandre Ferraz.

Manuel Sá/Divulgação

As áreas privativas estão localizadas no pavimento superior, garantindo maior privacidade e silêncio. Todas as suítes contam com janelas voltadas para a mata, privilegiando o conforto visual e térmico. A suíte master, localizada estrategicamente no fundo da casa, impressiona pelo caixilho de grandes dimensões, que conecta o dormitório ao banheiro de maneira fluida, valorizando a iluminação natural e a paisagem ao redor.

Fachada contemporânea e soluções sustentáveis

A fachada frontal se destaca pelo uso de brises verticais em alumínio cinza-chumbo, que criam um jogo de luz e sombra ao longo do dia e garantem privacidade aos cômodos. A volumetria se diferencia pelo deslocamento das lajes, criando diferentes alturas e permitindo que a luz natural permeie os ambientes internos de maneira equilibrada. Um dos detalhes mais interessantes do projeto é o rasgo na laje entre a garagem e a sala de estar, que permite a entrada de luz natural em um jardim interno, reforçando o diálogo entre os espaços construídos e o paisagismo.

Manuel Sá/Divulgação

Nos fundos, uma laje elevada sobre pilotis abriga as áreas de lazer, proporcionando uma leveza visual que contrasta com a densidade da mata. A escolha dos materiais também segue essa linha de continuidade entre o natural e o sofisticado, com o uso de madeira Tauari no forro da laje e nos detalhes internos, criando uma sensação de aconchego e sofisticação ao mesmo tempo.

Experiência de morar integrado à natureza

Mais do que um projeto arquitetônico, essa casa propõe uma nova forma de morar, onde a experiência sensorial se torna protagonista. A relação entre transparência, luz natural e vegetação cria um refúgio que celebra a vida ao ar livre, sem abrir mão do conforto e da funcionalidade contemporânea. “O projeto se baseia na ideia de que arquitetura e paisagem não devem competir, mas sim se complementar”, ressalta Elias Souza.

Manuel Sá/Divulgação

Entre vidros e verdes, essa casa não apenas se encaixa na Mata Atlântica: ela se torna parte dela, transformando a experiência de morar em um ato de contemplação e pertencimento.

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