Em meio à rotina apressada e às exigências de produtividade constantes, encontrar momentos de respiro dentro de casa se tornou um gesto essencial de autocuidado. E é justamente no banheiro, muitas vezes visto apenas como espaço funcional, que esse respiro pode ganhar forma. Longe de ser apenas um cômodo de passagem, ele começa a ser valorizado como um ambiente de introspecção, presença e descanso profundo — uma espécie de refúgio dentro da própria casa.
Para a arquiteta Isabella Nalon, esse novo olhar sobre o banheiro é mais que uma tendência: é um resgate. Segundo ela, a experiência do banho pode — e deve — acolher tanto o corpo quanto a mente.
“É ali que, muitas vezes, temos o primeiro silêncio do dia. Mesmo em espaços compactos, o banheiro pode ser um lugar de pausa real”, explica. Nos projetos que assina, a arquiteta tem buscado valorizar esse momento cotidiano com escolhas que envolvem sensorialidade, funcionalidade e conforto.
A arquitetura do bem-estar começa no banho
Repensar o ato de tomar banho como um momento de pausa vai além da estética. Diversos estudos apontam os benefícios físicos e emocionais do banho quente, especialmente em temperaturas entre 38 °C e 40 °C. Além do relaxamento muscular e alívio de tensões, ele pode reduzir sintomas de estresse, ajudar na qualidade do sono e até estimular a produção natural de melatonina.

Isabella reforça que esses benefícios não precisam estar limitados a projetos grandiosos ou banheiros com metragem generosa. “Muitas vezes, a ideia de bem-estar parece distante porque é associada a algo luxuoso, mas é possível criar experiências significativas dentro do que é possível para cada cliente. O segredo está em alinhar as expectativas e investir em soluções reais”, destaca a profissional.
Nesse sentido, o uso de materiais confortáveis ao toque, iluminação indireta, presença de plantas e o som da água como fundo criam uma composição que ativa os sentidos e valoriza o momento presente.
A sabedoria do ofurô: imersão e presença plena
Em algumas culturas, o banho é mais que um hábito — é um ritual. Esse é o caso do ofurô, tradição milenar japonesa que inspira projetos contemporâneos com sua proposta de imersão e contemplação. Diferente da banheira ocidental, o ofurô não é feito para lavar o corpo, mas sim para mergulhar em um estado profundo de relaxamento.

Nos projetos da arquiteta, essa peça se destaca tanto por sua estética quanto por sua função. “Mesmo em áreas menores, o ofurô pode ser o protagonista do ambiente”, observa Isabella. Em uma de suas criações, o espaço foi todo pensado para acolher esse elemento: desde o ponto de escoamento até a área de acesso para limpeza da madeira — ou, nos modelos atuais, da fibra com acabamento mais higiênico. O objetivo é claro: garantir que o ritual de imersão seja acessível, confortável e seguro.
Além da beleza, o ofurô oferece vantagens terapêuticas: estimula a circulação, regula a pressão arterial e auxilia na desintoxicação natural do organismo. Seu efeito sobre o sono é especialmente notável. Em tempos em que o descanso tem sido prejudicado pelo excesso de estímulos, um banho de ofurô à noite funciona como um convite ao silêncio e ao desligamento real.
Uma composição pensada para a pausa
Na concepção de um banheiro suíte para um casal, Isabella apostou na combinação entre chuveiro de teto e banheira freestanding — aquela que se posiciona afastada das paredes, como uma escultura no ambiente. O projeto traz à tona uma ideia central: o banho como parte da arquitetura da casa, e não apenas como um momento isolado da rotina.

A arquiteta explica que, ao propor essa composição, foi necessário prever toda a infraestrutura com atenção. “A entrada de água pelo piso e a ausência de prumadas nas paredes exigem planejamento técnico, mas o resultado é compensador: criamos um cenário em que a ducha e o mergulho coexistem como etapas complementares de um mesmo ritual”, detalha.
Para o chuveiro de teto, a estrutura também exige tubulações pelo forro, mas oferece uma experiência diferenciada ao morador, com um jato mais amplo e sensação de chuva natural. “É uma forma de trazer o spa para dentro de casa, com um olhar voltado ao bem-estar e não apenas à praticidade”, completa.
A casa como extensão do cuidado pessoal
Projetar banheiros com esse nível de atenção é, em última instância, uma forma de reafirmar que o cuidado com a casa anda lado a lado com o cuidado consigo mesmo. O que antes era visto apenas como funcional, hoje pode se transformar em um espaço de regeneração física e emocional.

Banhos quentes, texturas naturais e atmosferas acolhedoras nos lembram de que o cotidiano também pode ser um lugar de refúgio. Assim como defende Isabella Nalon, o luxo está nos detalhes — e no tempo que escolhemos dedicar a nós mesmos.
Sobre a arquiteta Isabella Nalon
Com uma carreira sólida e experiência proveniente de mais de 25 anos de trabalho, Isabella Nalon percorreu uma trajetória de muitos estudos e pesquisas na área de Arquitetura e Decoração. Iniciou sua carreira atuando como arquiteta na Alemanha e, em 1998, inaugurou seu escritório em São Paulo. Se especializou em projetos arquitetônicos residenciais, comerciais e de decoração de interiores.
Possui uma visão plural e ampla de diferentes culturas e públicos, o que se tornou um diferencial em seu percurso profissional. Cada projeto desenvolvido pelo escritório é único, com muita harmonia, elegância e criatividade. Frequentemente, tem obras reconhecidas e publicadas por renomados portais e revistas de arquitetura e decoração, consolidando o escritório na lista dos mais importantes da capital paulista.
Instagram: @isabellanalon
Site: www.isabellanalon.com Linkedin: Isabella Nalon
Tel.: (11) 94453-5500