Resumo
• As tendências de 2025 revelam um retorno à materialidade, com tons terrosos, terracota e estruturas aparentes definindo interiores mais sensoriais e acolhedores.
• Ambientes urbanos compactos impulsionaram soluções fluidas, como divisórias flexíveis e o uso de diferentes níveis para organizar funções.
• Materiais como madeira, concreto aparente, aço polido e tijolos de vidro ganharam destaque pela combinação de autenticidade, luminosidade e estética contemporânea.
• A nostalgia modernista influenciou o mobiliário, trazendo peças de linhas puras e atemporais que dialogam com o desejo por durabilidade e identidade.
• A iluminação focal assumiu papel central ao valorizar texturas, superfícies e atmosferas, reforçando a busca por interiores mais intimistas e expressivos.
À medida que 2025 se aproxima do fim, fica evidente que o design de interiores viveu um ano de virada conceitual. Enquanto o debate global se mobilizou em torno da ascensão da inteligência artificial e de seus impactos sociais — assunto que ganhou destaque inclusive na Bienal de Arquitetura de Veneza, com o tema Intelligens — os interiores seguiram um caminho curioso e complementar: olhar para o futuro reacendeu o desejo de preservar o que é palpável, sensorial e histórico. Em vez de ambientes excessivamente digitais, surgiram propostas que valorizam a textura, o peso dos materiais e a sensação de permanência.
Essa reconexão com o tangível também dialoga com as transformações urbanas. O adensamento das cidades impulsionou soluções arquitetônicas voltadas ao bem-estar, ao silêncio possível dentro do caos e ao aproveitamento inteligente de áreas reduzidas. O conforto acústico, a presença de elementos naturais e a construção de recantos de respiro dentro da rotina ganharam protagonismo. Paralelamente, cresceu o interesse pela reutilização criativa — não apenas como movimento sustentável, mas como reafirmação da memória afetiva e da história embutida nos objetos.
Os projetos divulgados ao longo do ano revelam uma estética pautada por materiais quentes, cores terrosas, contrastes delicados e a exposição calculada da estrutura dos edifícios. O protagonismo da madeira, do concreto, da terracota e do aço escovado compôs cenários que mesclam brutalismo sensível com nostalgia modernista. Variações de níveis, divisórias maleáveis e móveis que traduzem o espírito do design do século XX apareceram como respostas contemporâneas às novas formas de habitar.
Com base nos projetos incluídos no portal EnfeiteDecora ao longo de 2025, selecionamos as tendências que definiram os interiores deste ano — não como modismos passageiros, mas como um retrato claro de uma sociedade que buscou equilíbrio entre tecnologia, história e acolhimento.
Tons terrosos e a força da terracota
O ano foi marcado pela busca por profundidade sensorial, e nada traduz melhor essa tendência do que os tons terrosos. Marrons queimados, ocres, caramelo e vermelho-argila criaram atmosferas calorosas, muitas vezes em parceria com superfícies de terracota, que reforçam o apelo artesanal.

Esses tons não dominaram apenas paredes e pisos, mas também mobiliário, luminárias e elementos decorativos. A intenção não foi saturar os ambientes, mas sim criar uma base cromática mais estável, capaz de transmitir segurança em tempos de incerteza.
Detalhes em azul como contraponto sofisticado

Entre a paleta quente predominante, o azul surgiu como um contraste preciso, trazendo profundidade e sobriedade. Ele apareceu tanto em nuances densas — como marinho e petróleo — quanto em versões mais leves, aplicadas em estofados, cerâmicas e peças de arte. Em muitos projetos, a cor funcionou como fio condutor entre o orgânico e o contemporâneo, criando um balanço visual que impede que os ambientes se tornem excessivamente terrosos.
O uso de diferentes níveis para definir espaços
A inspiração modernista resgatou uma das soluções mais inteligentes da época: o uso de desníveis arquitetônicos para organizar funções sem recorrer a paredes. Plataformas elevadas, degraus largos e variações sutis de altura ajudaram a demarcar salas de estar, áreas de leitura e espaços de convivência. Essa dinâmica espacial, que remete ao conceito de Raumplan, voltou com força por permitir layouts fluidos, ainda que altamente funcionalizados.
Divisórias flexíveis com cortinas e biombos

Com o avanço da vida híbrida, ambientes que possam mudar de função ao longo do dia se tornaram indispensáveis. Cortinas densas, painéis têxteis e biombos estruturados permitiram criar privacidade sem o peso das paredes tradicionais. Em muitos projetos, essas divisórias acrescentaram textura, movimento e suavidade ao décor, reforçando a estética de interiores mais fluidos e silenciosos.
Vigas, forros e madeira exposta
A madeira reafirmou seu lugar como material-chave de 2025, especialmente quando mantida em seu estado mais natural. Forros aparentes, traves expostas e, principalmente, o uso de estruturas em CLT, reforçaram o desejo de exibir o processo construtivo. Esse movimento trouxe rusticidade controlada e um charme orgânico, criando interiores que valorizam a luz quente, as sombras e a irregularidade elegante dos veios naturais.
Concreto aparente e sua estética essencial

O concreto, longe de remeter apenas ao brutalismo, assumiu um papel quase poético nos interiores de 2025. Sua textura crua, quando combinada a madeira, aço e tecidos naturais, resultou em composições sofisticadas e acolhedoras. Paredes, tetos e pilares foram deixados à mostra não por economia de acabamento, mas pela intenção clara de revelar a estrutura como parte integrante da estética.
Tijolos de vidro e a permanência da luz difusa
Pelo terceiro ano consecutivo, os tijolos de vidro se mantiveram entre os elementos preferidos de arquitetos e designers. Sua capacidade de criar luminosidade filtrada, ao mesmo tempo em que garante privacidade, tornou-se essencial em apartamentos compactos e áreas de transição. Em 2025, o material apareceu em tramas mais largas, formatos alternativos e combinações com estruturas metálicas, reforçando sua versatilidade.
Aço polido como brilho contemporâneo
A presença do aço polido trouxe um contraponto moderno às materialidades mais quentes. Painéis, divisórias e bancadas ganharam reflexos suaves que ampliam visualmente os ambientes. Quando usado com moderação, o metal cria pontos de brilho que valorizam a iluminação natural e introduzem sofisticação sem frieza.
Mobiliário com inspiração modernista

A nostalgia dos anos 1950 e 1960 deu o tom de muitas escolhas de mobiliário. Peças de linhas puras, curvas suaves, pés palito reinterpretados e estofados em veludo ou linho reforçaram essa estética. O retorno não se deve apenas ao charme dessas décadas, mas à busca por durabilidade e design atemporal — características que hoje são percebidas como respostas ao consumo rápido.
A ascensão da iluminação focal
Em um ano voltado à valorização da textura e da materialidade, a iluminação desempenhou papel decisivo. Em vez de grandes luminárias centrais, dominou a iluminação focal, desenhada para destacar superfícies, obras de arte, planos arquitetônicos e a profundidade dos materiais aparentes. Spots direcionáveis, lâmpadas tubulares e arandelas esculturais criaram jogos de sombra que enriqueceram a experiência sensorial dos espaços.





