Resumo
• O setor de materiais de construção projeta crescimento moderado de 2,5% em 2025, impulsionado por reformas e melhorias domésticas.
• A demanda é sustentada por pequenas obras, especialmente no fim do ano, com foco em pintura, cerâmica e manutenção.
• Lojistas relatam movimento estável, porém cauteloso, com consumidores priorizando renovação rápida dos ambientes.
• O ano apresenta desempenho moderado, influenciado pelo cenário econômico, mas dezembro deve trazer aquecimento nas vendas.
• Para 2026, estimativas apontam avanço entre 2% e 4%, com maior procura por materiais de acabamento e itens de maior valor agregado.
A trajetória recente do setor de materiais de construção mostra uma combinação rara entre cautela e otimismo. Depois de encerrar 2024 com avanço de 4,9% nas vendas, o mercado inicia 2025 sob a expectativa de uma alta controlada de 2,5%, movimento que, embora moderado, revela uma reacomodação saudável após anos de oscilação no consumo interno.
O que chama atenção é que essa retomada não está ancorada em grandes obras ou investimentos robustos em infraestrutura, mas sim na força das pequenas reformas, pinturas, ajustes domésticos e projetos de renovação que se intensificam sobretudo no período de fim de ano.
Reformas impulsionam o consumo e redefinem o perfil das vendas
Dentro das lojas, o comportamento do consumidor deixa claro que a demanda está mais pulverizada. O movimento típico de dezembro — quando famílias buscam preparar a casa para as festas — voltou a ganhar força e tem sustentado parte importante do faturamento. Nesse período, cresce a procura por tintas, cerâmicas, itens de manutenção e materiais de acabamento, itens diretamente associados à renovação rápida de ambientes.
É nesse contexto que ganha destaque a percepção de profissionais de loja, que lidam diariamente com a dinâmica de compra. Ednaldo Mascarenhas, gerente com sete anos de experiência no setor, observa que a lógica do consumo permanece ligada ao desejo de “dar um ar novo” ao lar antes das confraternizações.
Como ele descreve:
“No final de ano as pessoas procuram muito aquela reforma básica, né? Pintura, trocar cerâmica. Faz aquele movimento pro Natal, pra confraternização. É deixar bonito para receber.”
Esse padrão, segundo ele, ajuda a manter o fluxo, mas não elimina o caráter mais comedido das vendas ao longo do ano. A economia ainda impõe limites e o consumidor segue criterioso, distribuindo melhor os gastos, o que equilibra o mercado, mas reduz picos de crescimento.
Recuperação existe, mas com ritmo menor do que o esperado
O balanço de 2025, até agora, reflete um comportamento estável, embora distante das expectativas mais otimistas. Mascarenhas observa que o varejo não vive o “ano de explosão” que se imaginava, mas ainda assim há espaço para fechar o período de maneira positiva.
Ele destaca:
“Esse ano está no básico, não é aquele ano que a gente esperava, devido à economia que influencia nesse movimento. O Black Friday também não foi aquele novembro forte. Mas estamos esperançosos para fechar dezembro com chave de ouro.”
Essa visão ajuda a entender o movimento nacional: o setor cresce, mas cresce devagar, empurrado por decisões individuais de melhoria da casa, e não por grandes impulsos macroeconômicos. É uma expansão realista, consistente com o comportamento atual do consumidor brasileiro.
Estimativas para 2026 reforçam a tendência de avanço gradual
As projeções para 2026 seguem alinhadas a esse cenário de retomada contínua, porém sem rupturas. Analistas indicam que o setor deve crescer entre 2% e 4%, tanto em volume quanto em faturamento real, especialmente impulsionado pela maior procura por materiais de acabamento e produtos de valor agregado, que refletem um consumidor mais consciente e disposto a qualificar melhor os ambientes da casa.
Se confirmadas, as estimativas posicionam o setor de materiais de construção em uma rota de estabilidade e amadurecimento, ancorado em vendas mais pulverizadas, em pequenas obras e no fortalecimento do varejo regional — um movimento que mostra a importância crescente da reforma doméstica no comportamento de compra das famílias brasileiras.
O mercado, portanto, entra em 2025 e 2026 com espaço aberto para crescer, ainda que de forma moderada. A retomada acontece passo a passo, sustentada por escolhas cotidianas de quem quer renovar, melhorar e tornar a casa mais funcional e acolhedora.





