A história desta reforma de casa antiga começa com um desejo muito claro: transformar uma construção já existente, em São Paulo, no lar definitivo de um jovem casal apaixonado por esporte e rotina saudável, pais de dois filhos. Em vez de buscar um novo endereço, eles optaram por ressignificar o imóvel, aproveitando a localização privilegiada e, sobretudo, a linda vista, que se tornou um dos fios condutores do projeto. O resultado é uma casa altamente integrada, aconchegante, muito chic e pensada para atravessar o tempo com elegância.
Sob a assinatura do escritório Negrelli Teixeira e finalização de Fernanda Negrelli Arquitetos (@nandanegrelliarquitetos), o projeto vai muito além de uma simples atualização estética. A reforma envolveu desde a remodelação e redistribuição interna até a criação de ambientes completamente novos, como academia, sauna, SPA e ateliê, fundamentais para o estilo de vida dos moradores.
“Quando falamos em casa definitiva, falamos em uma arquitetura que acolhe a rotina real da família, e não apenas um ideal estético”, comenta Fernanda Negrelli.
Remodelação interna: a casa antiga ganha nova lógica de uso
Por se tratar de uma estrutura antiga, a reforma completa exigiu olhar técnico apurado e decisões estruturais importantes. A planta foi revista para que os ambientes dialogassem melhor entre si, favorecendo a integração entre as áreas sociais e a conexão com a paisagem. Dessa forma, a redistribuição interna do imóvel buscou encurtar percursos, abrir visuais e tornar a circulação mais fluida, respeitando a vida corrida do casal, mas sem abrir mão de momentos de contemplação.

Ao mesmo tempo, toda a infraestrutura foi atualizada: sistemas elétrico e hidráulico foram substituídos integralmente, garantindo segurança, eficiência e conforto térmico e acústico compatíveis com uma casa contemporânea. Para Fernanda, essa etapa é tão importante quanto o desenho dos interiores.
“Reformar uma casa antiga é, antes de tudo, reescrever suas entranhas. Trocamos tudo o que os olhos não veem para que a família viva com tranquilidade pelos próximos anos”, explica a arquiteta.

A partir dessa nova lógica, os ambientes de convivência ganharam protagonismo, aproximando sala, cozinha e espaços de estar, sempre com a vista como pano de fundo. Assim, a casa antiga, antes compartimentada, se transforma em um cenário contínuo, em que projeto de interiores, luz natural e paisagismo conversam de forma mais harmônica.
Academia, sauna, SPA e ateliê: bem-estar incorporado ao cotidiano
Um dos pedidos mais marcantes do casal foi a criação de áreas de bem-estar dentro do próprio endereço, evitando deslocamentos diários e aproximando treino e relaxamento da rotina doméstica. Por isso, o projeto reservou espaço para uma academia completa, uma sauna, um SPA acolhedor e um ateliê, que funciona como território de expressão criativa e respiro mental.

A academia foi pensada como extensão natural da casa, e não como um anexo isolado. Dessa forma, a escolha de materiais, a iluminação e o desenho do mobiliário dialogam com o restante do projeto, garantindo unidade visual. A sauna e o SPA surgem como contrapontos de desaceleração, com uma atmosfera mais intimista, marcada por texturas aconchegantes, luz controlada e sensação de refúgio.
“Queríamos que o bem-estar estivesse ao alcance de poucos passos. Treinar, relaxar e criar sem sair de casa muda completamente a relação da família com o próprio lar”, detalha Fernanda Negrelli.

Já o ateliê foi pensado como um espaço flexível, que pode funcionar tanto como área de trabalho quanto de experimentação artística, leitura ou estudos. Ao incorporar esses ambientes à planta, o projeto atende às camadas físicas e emocionais do morar contemporâneo, em que a casa precisa ser, ao mesmo tempo, abrigo, palco de experiências e cenário para o descanso.
Materiais naturais para um aconchego chic e atemporal
Para sustentar a sensação de aconchego e sofisticação, o projeto investe em uma paleta de materiais naturais cuidadosamente combinados. A pedra aparece na fachada, conferindo presença e robustez à casa, enquanto a madeira se espalha por pisos, painéis e marcenaria, aquecendo os ambientes e reforçando a identidade do projeto.

Tecidos como linho, palha de seda, couro e camurça foram escolhidos para trazer textura e conforto tátil aos espaços, criando uma atmosfera que é ao mesmo tempo elegante e acolhedora. Assim, a casa exibe uma estética contemporânea que não fecha as portas para sensações, cheiros e memórias afetivas.
Para o toque sofisticado que os moradores desejavam, o latão entra em cena em detalhes de iluminação, puxadores e elementos pontuais do mobiliário. Esse metal, de brilho sutil, cria contrapontos delicados com as superfícies naturais, elevando o projeto sem cair em excessos.

“Trabalhamos com um vocabulário de materiais que não envelhece rápido. A ideia é que essa casa continue atual, bonita e confortável daqui a dez, vinte anos”, afirma Fernanda. Dessa forma, a reforma de casa antiga ganha um caráter atemporal, fugindo de modismos passageiros e apostando em escolhas duráveis, tanto do ponto de vista estético quanto funcional.
Arte brasileira como curadoria do cotidiano
Outro ponto essencial do projeto foi a presença de obras de arte. Para dialogar com a arquitetura e o estilo de vida dos moradores, o décor recebeu peças de artistas consagrados, criando uma verdadeira galeria em casa. Entre os nomes presentes, estão Palatinik, pioneiro da arte cinética, além de Ianelli, Jorge Mayer e Marcos Amaro, que ocupam paredes e nichos com suas obras.

Essas peças não aparecem como acessórios isolados, mas como parte central da narrativa visual. Elas conversam com os materiais, respondem à luz natural e acompanham o percurso da família pelos ambientes ao longo do dia. Ao incorporar arte ao cotidiano, o projeto reforça a ideia de um lar que inspira, provoca e emociona.
A presença desses artistas também ajuda a consolidar a identidade da casa, aproximando o casal de uma produção cultural que valoriza a criação brasileira e o diálogo com a estética contemporânea. Ao caminhar pelos espaços, a sensação é de que cada ambiente carrega uma camada adicional de significado, muitas vezes contada pelas telas e esculturas que habitam o projeto.





