Nem toda planta precisa de sombra para prosperar — algumas preferem, e até exigem, sol pleno para florescer em todo seu potencial. Em vez de fugir do calor intenso, é possível abraçar a luz natural como aliada na criação de um jardim vivo, colorido e, sobretudo, duradouro. O segredo está em escolher as espécies certas, com orientação de quem conhece profundamente o comportamento das plantas sob a luz intensa.
Segundo a paisagista e consultora ambiental Vanessa Bagnato, “as plantas que gostam de sol não apenas suportam a luminosidade direta, mas muitas vezes precisam dela para realizar plenamente a fotossíntese, crescer de forma robusta e produzir flores em abundância”. Ainda que isso pareça simples, cultivar essas espécies exige alguns cuidados específicos para manter a saúde das folhas e a estrutura das raízes.
A beleza que floresce sob o calor
É fácil se encantar com um jardim ensolarado quando ele é bem planejado. Espécies como gerânios, lantanas e petúnias são apenas algumas das flores que brilham sob o sol, criando verdadeiros tapetes de cor em canteiros, jardineiras e vasos suspensos. E mais: além da estética, essas plantas se destacam por sua resistência, durabilidade e baixa manutenção.

O paisagista e biólogo Felipe Andrade explica que um dos maiores erros dos iniciantes é “aplicar irrigação excessiva em espécies de sol pleno, quando, na verdade, muitas delas precisam de um solo mais seco entre uma rega e outra”. A adaptação dessas plantas ao calor as torna menos dependentes de água constante — o que, aliás, contribui para jardins mais sustentáveis.
Outro ponto fundamental é o tipo de solo. Enquanto espécies tropicais como a alamanda ou a bela-manhã preferem substratos bem drenados e ricos em matéria orgânica, outras como a onze-horas crescem até em locais mais áridos, desde que o sol esteja presente por pelo menos seis horas diárias.

Como o sol impacta o ciclo das plantas
As plantas de sol pleno são fisiologicamente adaptadas para aproveitar ao máximo a luz direta. Muitas têm folhas com cutículas mais espessas, menor área foliar e metabolismo fotossintético eficiente para evitar a perda excessiva de água. Isso explica por que, em geral, elas florescem com maior intensidade e por mais tempo quando bem expostas.

É por esse motivo que determinadas flores, como a agerato, exibem uma coloração azul intensa durante quase toda a estação quente — um espetáculo que só se mantém em áreas com alta luminosidade. Em contraste, o cultivo em locais sombreados pode resultar em menos flores, crescimento atrofiado e até o surgimento de pragas.

Felipe Andrade alerta: “a exposição solar deve ser combinada com ventilação adequada e observação diária. Mesmo espécies que gostam de sol podem sofrer em regiões com calor extremo e pouca umidade. Por isso, ajustar o cultivo à realidade do clima local é essencial”.
Plantas para quem busca mais do que beleza
Cultivar plantas resistentes ao sol não é apenas uma escolha estética. Em muitos casos, elas ajudam na proteção térmica de áreas externas, colaboram com a drenagem do solo e contribuem com a atração de polinizadores, como borboletas e abelhas. Uma bordadura com lantanas ou uma cerca viva com gerânios pode, além de decorar, criar microclimas mais equilibrados e ricos em biodiversidade.

Em residências onde o espaço para o verde é limitado ao quintal ou varanda, a aposta em espécies que gostam de sol permite um paisagismo vibrante mesmo em locais onde a luz incide o dia todo. As opções são versáteis: de forrações rasteiras a trepadeiras que cobrem muros, todas se adaptam bem à composição de projetos contemporâneos.