Quem divide a casa com cães ou gatos sabe que o piso vai muito além da estética. Ele influencia diretamente a rotina de limpeza, a durabilidade do ambiente e, sobretudo, a saúde dos animais. Escorregões frequentes, dificuldade de locomoção e até dores articulares podem estar relacionados à escolha inadequada do revestimento. Por isso, pensar nos pisos para casas com pets exige um olhar mais atento, equilibrando conforto, segurança e praticidade, sem comprometer o projeto de interiores.
Superfícies muito lisas, apesar de visualmente sofisticadas, costumam ser um desafio para os animais. A veterinária Pamela Maluf explica que a falta de aderência compromete a tração natural das patas, fazendo com que o pet caminhe de forma instável. Esse esforço constante, ao longo do tempo, pode sobrecarregar músculos e articulações, favorecendo problemas ortopédicos, especialmente em filhotes em fase de crescimento e em animais idosos.
Por que pisos escorregadios devem ser evitados
O impacto de um piso inadequado nem sempre é imediato. Muitos pets passam a “patinar” pela casa, demonstrando insegurança ao circular, o que altera seu comportamento. Pamela observa que, em alguns casos, o animal evita determinados cômodos por associá-los a quedas anteriores. Esse tipo de restrição interfere na qualidade de vida, aumenta o sedentarismo e pode intensificar quadros de ansiedade.

Do ponto de vista do projeto arquitetônico, a arquiteta Vanessa Paiva reforça que materiais polidos ou excessivamente brilhantes, como mármore e porcelanatos de alto brilho, exigem cautela em lares com animais. Além de dificultarem a locomoção dos pets, esses pisos demandam mais esforço físico por parte deles, o que se reflete em desconforto ao longo do tempo.
Acabamentos que favorecem segurança e praticidade
Quando o assunto é piso pet friendly, o acabamento faz toda a diferença. Superfícies acetinadas ou levemente texturizadas oferecem melhor aderência sem comprometer a elegância do ambiente. O porcelanato acetinado, por exemplo, tornou-se um dos favoritos em projetos residenciais com pets, pois alia resistência, facilidade de limpeza e baixa absorção de odores.
Além disso, esse tipo de piso lida bem com a rotina intensa de higienização comum em casas com animais. Pelos, pequenas sujeiras e até acidentes ocasionais são removidos com facilidade, sem a necessidade de produtos agressivos, o que contribui para um ambiente mais saudável tanto para os moradores quanto para os bichinhos.
Outra alternativa que vem ganhando espaço é o piso vinílico, especialmente em áreas internas. Ele apresenta uma superfície mais quente ao toque, reduz o impacto nas articulações e costuma ter boa resistência à umidade quando bem especificado. Vanessa destaca que, além do conforto acústico, o vinílico proporciona uma sensação mais acolhedora, algo perceptível no comportamento dos pets, que tendem a deitar e circular com mais segurança.
- Veja também: Como escolher tecidos pet-friendly para o lar?
Materiais que merecem atenção redobrada
Apesar de muito utilizados, alguns revestimentos pedem cuidado em casas com animais. Madeiras naturais com acabamento brilhante podem se tornar escorregadias, enquanto carpetes dificultam a higienização e acumulam pelos e ácaros. Mesmo quando visualmente atraentes, esses materiais podem comprometer a rotina e a saúde dos pets se não forem bem avaliados dentro do contexto do lar.

Pamela ressalta que pisos instáveis afetam diretamente o equilíbrio dos cães, especialmente daqueles que já apresentam alguma condição ortopédica. Em situações assim, o simples ato de caminhar se transforma em um esforço constante, prejudicando o bem-estar físico e emocional do animal.
Soluções para adaptar pisos já existentes
Nem sempre é possível trocar o revestimento de toda a casa, mas isso não significa que o pet precise conviver com riscos. Tapetes antiderrapantes e passadeiras bem posicionadas nos pontos de maior circulação ajudam a criar trajetos mais seguros. Mantas vinílicas aplicadas sobre o piso existente também funcionam como uma camada de proteção, melhorando a aderência e o conforto.
Vanessa observa que essas soluções são especialmente úteis em corredores, áreas próximas a sofás e acessos a dormitórios, onde os pets costumam correr ou saltar. Já Pamela complementa que cuidados simples, como manter as unhas aparadas e os pelos dos coxins bem cortados, reduzem significativamente os escorregões em superfícies lisas.
Atenção especial às escadas e áreas externas
As escadas merecem um olhar ainda mais criterioso. Em casas com filhotes, pets idosos ou animais com limitações físicas, o risco de quedas aumenta. A instalação de elementos antiderrapantes nos degraus e o bloqueio de acessos quando necessário são medidas que ajudam a prevenir acidentes e trazem mais tranquilidade ao dia a dia.
Nas áreas externas, a escolha de pisos antiderrapantes é fundamental. Materiais resistentes, fáceis de lavar e com textura adequada garantem conforto para as patas e suportam bem o uso intenso. O porcelanato antiderrapante, assim como alguns pisos cimentícios e pedras naturais menos polidas, cria superfícies seguras sem abrir mão da estética, integrando funcionalidade e design ao espaço externo.





