Em busca de praticidade, muita gente acaba conectando geladeiras, micro-ondas e até ar-condicionados em extensões e adaptadores. À primeira vista, parece uma solução simples, mas esse hábito pode esconder perigos reais para os aparelhos e para a segurança da casa.
O uso incorreto de extensões elétricas, especialmente para equipamentos de alto consumo, compromete não apenas a durabilidade dos aparelhos, como também pode provocar superaquecimentos, curtos-circuitos e até incêndios. Entender por que essa prática é tão arriscada é essencial para quem deseja preservar a eficiência dos eletrodomésticos e garantir a segurança do lar.
A falsa praticidade que pode custar caro
As extensões elétricas são práticas para ligar vários aparelhos de uma vez, mas não foram projetadas para suportar a alta corrente exigida por eletrodomésticos robustos. Conforme explica o engenheiro eletricista Felipe Miranda, “uma extensão comum é dimensionada para cargas leves, como lâmpadas ou carregadores, mas falha gravemente ao ser sobrecarregada com equipamentos que exigem picos elevados de energia.” Isso acontece porque fios mais finos esquentam rapidamente quando sobrecarregados, derretendo o isolamento e aumentando o risco de acidentes sérios.
Dessa forma, aparelhos como geladeiras, micro-ondas e máquinas de lavar ficam vulneráveis não só a falhas de funcionamento, mas também a danos irreversíveis. O superaquecimento dos cabos pode comprometer toda a instalação elétrica e, em casos extremos, iniciar um incêndio.
Geladeira
A geladeira é um dos eletrodomésticos que mais consomem energia na residência, principalmente no momento da partida do motor compressor. Esse pico de consumo ultrapassa facilmente os 10 amperes que uma extensão comum suporta. Segundo a especialista em segurança elétrica Carolina Mendes, “usar uma extensão com geladeira compromete a eficiência do motor e aumenta exponencialmente o risco de aquecimento dos fios, o que pode danificar não só o aparelho, mas também a rede elétrica da casa.”

Além do risco de incêndio, uma conexão inadequada prejudica a refrigeração interna, eleva o consumo de energia e reduz a vida útil do compressor, o que resulta em prejuízos significativos ao longo do tempo.
Micro-ondas e fornos
Com potências que variam entre 1.000 e 2.000 watts no caso de micro-ondas e podendo ultrapassar 7.000 watts para fornos elétricos, esses aparelhos são verdadeiros vilões ocultos quando conectados em extensões. A corrente elevada necessária para seu funcionamento pode fazer cabos comuns entrarem rapidamente em colapso.

Na prática, o que acontece é uma queda de tensão, redução na eficiência dos aparelhos e riscos crescentes de superaquecimento. Em muitos casos, os disjuntores da casa sequer conseguem proteger a instalação a tempo, resultando em danos internos e, eventualmente, na perda total dos equipamentos.
Máquina de lavar
A combinação de máquina de lavar e extensão é especialmente perigosa porque envolve o uso intenso de energia elétrica em um ambiente naturalmente úmido. Além de exigir picos de corrente elevados durante a centrifugação, a vibração da máquina pode soltar conexões malfeitas, aumentando o risco de mau contato e faíscas elétricas.

Felipe Miranda alerta que “o uso inadequado de extensões em áreas de lavanderia pode resultar em choques, curtos-circuitos e até explosões elétricas, já que a umidade acelera a degradação do isolamento dos cabos.” O ideal é sempre instalar uma tomada exclusiva, com fiação adequada e aterramento eficiente para suportar a operação segura da máquina.
Cafeteiras
Apesar do tamanho compacto, as cafeteiras elétricas escondem um alto consumo de energia, que pode chegar a 1000 watts em alguns modelos. Quando usadas em extensões sobrecarregadas, tornam-se pontos críticos de aquecimento e deterioração da instalação elétrica.
O aquecedor interno da cafeteira depende de uma tensão estável para funcionar corretamente. Conectá-la a uma extensão comum provoca flutuações de energia que desgastam o sistema, levando à queima da fonte de alimentação e, eventualmente, colocando toda a rede elétrica da casa em risco. Por segurança, é sempre melhor conectar o aparelho diretamente na tomada, em um circuito dimensionado para suportar sua carga.
Ar-condicionado
Talvez o exemplo mais crítico seja o ar-condicionado. Esse aparelho exige correntes muito altas, principalmente no momento da partida do compressor. Quando ligado a uma extensão inadequada, ocorre uma queda brusca de tensão, prejudicando severamente a eficiência energética e forçando o motor a trabalhar no limite.

Segundo Carolina Mendes, “além do gasto extra de energia, o superaquecimento das extensões pode danificar a placa eletrônica do ar-condicionado, o que representa um dos reparos mais caros do equipamento.” O correto é planejar uma instalação elétrica específica para o ar-condicionado, com fios de bitola adequada e proteção contra sobrecargas, mesmo que isso exija um investimento maior no início. Essa precaução, além de evitar riscos, garante economia de energia e aumenta a durabilidade do aparelho.