O uso de nichos nos banheiros não é um assunto atual, mas se tornaram uma solução recorrente e assertiva nos projetos de arquitetura. Ao aproveitarem a área do box, eles organizam a rotina, valorizam a estética limpa e evitam a necessidade de suportes ou prateleiras aparentes, otimizando espaço. Mas, apesar da aparência e função simples, embutir um nicho na parede exige avaliação técnica minuciosa e nem sempre é possível colocar em prática, considerando os tipos de imóveis.
Segundo Bruno Moraes, à frente do BMA Studio, o primeiro ponto de atenção é a espessura e o tipo de parede. “Antes de tudo, temos que entender se a alvenaria comporta a abertura do nicho sem comprometer a estrutura do imóvel ou atingir tubulações escondidas”, afirma o arquiteto.
Então, quando a estrutura permite?
Em paredes de alvenaria de vedação, sem interferências hidráulicas no trecho escolhido, o nicho embutido costuma ser uma solução muito bem-vinda e fácil de fazer. A equipe técnica ou o profissional habilitado mapeia previamente a passagem de tubulações de água quente, fria e esgoto, o que garante que a abertura não cause vazamentos ou comprometa a estabilidade da parede.

Mesmo a parede que não é estrutural e também não tem tubulação, é comum em edifícios verticais, os prédios, que haja proibição de execução de nichos nas paredes das fachadas. Por isso o morador deve se atentar ao “ manual do proprietário “ ou às regras do condomínio antes de executar um nicho na parede.
Muitos condomínios não deixam fazer o nicho na parede da fachada, mesmo sendo uma parede de vedação, pois alegam que com o tempo pode abrir trincas no lado externo do edifício, comprometendo e o outro motivo é que se o profissional que for executar o nicho não tomar os devidos cuidados na hora de quebrar a parede, ele pode abrir um buraco na fachada do prédio.
Bruno Moraes reforça que a questão hidráulica é tão importante quanto a estrutural. “É muito comum o cliente desejar um nicho exatamente onde passam a tubulação do chuveiro. Sem estudo prévio, esse tipo de corte pode gerar prejuízos grandes e retrabalhos”, explica o arquiteto. Por isso, o levantamento técnico precisa ser feito antes de quebrar qualquer revestimento. Em paredes finas, estruturais ou que concentram shafts e colunas, a intervenção costuma ser inviável.

Mesmo em situações favoráveis, alguns deslizes podem comprometer a funcionalidade do nicho, como não prever queda mínima para o escoamento da água, exceder a profundidade ideal e negligenciar detalhes de impermeabilização, especialmente nos cantos.
Para Bruno, atenção aos detalhes faz toda a diferença. “O nicho é pequeno, mas qualquer falha no rejunte, na impermeabilização ou na vedação pode se transformar em infiltração. Parece que não, mas é um ponto delicado do banheiro e merece execução cuidadosa”, alerta.
Medidas mínimas e ergonomia

Com o sinal positivo para construção do nicho, o próximo passo é assegurar que as medidas favoreçam o uso diário. De forma geral:
- Altura: para nichos horizontais, entre 1,10 m e 1,30 m do piso, ajustada ao perfil dos moradores;
- Profundidade: entre 8 e 12 cm, suficiente para acomodar produtos sem comprometer a parede;
- Comprimento: acima de 40cm atendem bem à maioria das rotinas.
Para Bruno, prever o nicho ainda na fase de projeto é a melhor abordagem. “Quando o nicho é previsto desde o início, conseguimos ajustar a paginação do revestimento e garantir acabamento limpo, sem recortes ou emendas indesejadas”, comenta. Entre as tendências, os nichos horizontais longos que percorrem toda a extensão da parede seguem em alta, especialmente em boxes maiores ou com estética minimalista.
Acabamentos valorizam os nichos

A escolha do revestimento é um momento decisivo tanto para a estética final quanto para a durabilidade do nicho, pois de acordo com o arquiteto, o cuidado com o material é também uma estratégia para prolongar a vida útil. “O nicho recebe água constantemente, então escolher materiais resistentes ajuda a evitar manchas e infiltrações ao longo do tempo”, observa o profissional, que elenca algumas opções:
- Porcelanatos, marmorizados, acetinados ou polidos;
- Pedras naturais de baixa absorção, como quartzito e o granito;
- Pastilhas cerâmicas ou de vidro, que criam textura e ritmo;
- Revestimentos industrializados com matéria prima natural, como quartzo e lâmina sinterizada.
Além disso, bordas em meia-esquadria trazem um visual sofisticado, o uso de perfis metálicos reforça a proteção das quinas e fundos contrastantes valorizam o desenho do vão. O uso de cores monocromáticas também está em alta, reforçando uma estética clean e elegante, tendência que combina com banheiros contemporâneos.
Nichos iluminados em destaque
A iluminação embutida no nicho tornou-se um recurso estético de forte apelo visual, criando um ponto de luz delicado dentro do box. Fitas de LED protegidas por perfis de alumínio e difusores são as mais utilizadas, sempre com índice de proteção IP65 ou superior, garantindo segurança em áreas molhadas. Além disso, é possível controlar a intensidade e a temperatura da luz para criar atmosfera relaxante para o banho.

Entretanto, Bruno reforça que esse tipo de solução precisa ser previsto antecipadamente. “Não é possível improvisar o LED depois que o nicho está pronto. Toda a fiação, acomodação do driver e proteção contra a umidade precisam ser planejadas antes da impermeabilização”, finaliza o arquiteto.





