Resumo
• O Science Museum Group iniciou diálogo com a FAPESP para viabilizar parcerias em exposições científicas e projetos de divulgação no Brasil.
• Temas como vacinas, resistência aos antibióticos e pesquisa sobre câncer estão entre os focos das possíveis exposições futuras.
• A FAPESP destacou investimentos em museus, coleções científicas e acervos culturais de universidades paulistas.
• Iniciativas voltadas à preservação de patrimônios indígenas e acervos históricos reforçam o potencial brasileiro em cooperações internacionais.
• Novas chamadas do PAIP ampliam a infraestrutura de pesquisa e criam ambiente favorável para projetos museológicos colaborativos.
A cooperação internacional tem se consolidado como um dos pilares para ampliar o alcance da divulgação científica, fortalecer instituições culturais e aproximar o conhecimento da sociedade. Nesse contexto, o Brasil entrou no radar do Science Museum Group (SMG), uma das mais importantes redes de museus de ciência e tecnologia do Reino Unido.
A recente visita de representantes da instituição britânica à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) sinaliza o interesse em construir parcerias estratégicas capazes de transformar exposições científicas em ferramentas de educação, engajamento público e combate à desinformação.
Diálogo entre ciência, museus e sociedade
O encontro, realizado em dezembro, reuniu o diretor e executivo-chefe do Science Museum Group, Sir Ian Blatchford, com lideranças da FAPESP, além de representantes das áreas de engajamento global e relações institucionais. A conversa girou em torno da criação de projetos colaborativos voltados à realização de exposições científicas no Brasil, tanto em museus quanto em espaços públicos, com temas de grande relevância contemporânea.
Entre os assuntos discutidos estiveram a resistência aos antibióticos, a importância das vacinas e a evolução das pesquisas sobre o câncer — tópicos que dialogam diretamente com desafios globais e com a necessidade de aproximar a ciência do cotidiano das pessoas. Para o SMG, exposições bem estruturadas têm papel central no fortalecimento do letramento científico e na construção de uma sociedade mais crítica e informada.
O papel da FAPESP no fortalecimento de acervos e museus
Durante a reunião, a FAPESP apresentou iniciativas que demonstram o compromisso da Fundação com a valorização de acervos científicos, culturais e históricos. Entre os destaques estão as coleções do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (MZ-USP), reconhecidas pela relevância científica e pela contribuição para o conhecimento da biodiversidade.
Também foi ressaltado o apoio ao Centro de Documentação de Línguas e Culturas Indígenas do Brasil, desenvolvido em parceria com o Museu da Língua Portuguesa e o Museu de Arqueologia e Etnologia da USP (MAE-USP). Nesse contexto, ganha especial importância o patrimônio cultural dos povos indígenas da Amazônia, preservado em acervos que conectam ciência, história e identidade.
Essas iniciativas reforçam o potencial do Brasil como parceiro em projetos internacionais que unem pesquisa, educação e museologia, criando pontes entre diferentes culturas e saberes.
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Novas chamadas ampliam oportunidades de cooperação
Outro ponto relevante apresentado pela Fundação foi o lançamento de duas chamadas de propostas dentro do Programa de Apoio à Infraestrutura de Pesquisa do Estado de São Paulo (PAIP). Uma delas é voltada a Coleções Biológicas, enquanto a outra contempla Acervos Museológicos, Bibliográficos e Arquivísticos.
Esses investimentos ampliam a capacidade técnica e estrutural das instituições brasileiras, criando um ambiente favorável para parcerias internacionais e projetos colaborativos de longo prazo. Ao fortalecer a infraestrutura local, o país se posiciona de forma mais competitiva no cenário global da ciência e da cultura.
Caminhos para futuras colaborações
A aproximação entre a FAPESP e o Science Museum Group indica um movimento alinhado às transformações atuais da museologia, que passa a atuar não apenas como guardiã de acervos, mas como agente ativo de educação científica e diálogo social. A troca de experiências entre instituições brasileiras e britânicas pode resultar em exposições inovadoras, programas educativos e ações de engajamento capazes de alcançar públicos diversos.
Mais do que projetos pontuais, o encontro aponta para a construção de uma agenda conjunta, baseada na circulação do conhecimento, na valorização da ciência e no fortalecimento dos museus como espaços vivos de aprendizado. Para o Brasil, essa colaboração representa uma oportunidade de ampliar sua presença em redes internacionais e de levar temas científicos urgentes ao centro do debate público de forma acessível e qualificada.





