Na decoração, nem sempre o que parece igual é de fato a mesma coisa. O estilo minimalista e o escandinavo compartilham a leveza visual, o apreço pelos tons neutros e a organização impecável. Ainda assim, são expressões distintas da ideia de “menos”. Um busca a essência com austeridade; o outro, com afeto. E é justamente nesse contraste sutil que mora o charme de cada proposta.
Enquanto o minimalismo nasceu como filosofia de vida, com raízes no pensamento japonês e no modernismo europeu do século XX, o escandinavo surgiu no Norte da Europa como resposta prática aos invernos rigorosos e à escassez de luz natural. Ambos se firmaram como tendências que vão além da estética, moldando comportamentos, sensações e maneiras de habitar a casa.
Minimalismo: a estética do essencial como modo de viver
A principal marca do estilo minimalista é a racionalidade. Ele não nasce para agradar o olhar apenas, mas para proporcionar um ambiente que estimule a clareza mental e o desapego. Os espaços minimalistas são compostos por poucos elementos, todos pensados com rigor e propósito. Nada é excessivo. Nada é supérfluo.

De acordo com o arquiteto e pesquisador Lucas Honorato, especialista em arquitetura contemporânea, “o minimalismo se sustenta na ideia de que o vazio é tão importante quanto o que está presente. O espaço respira e permite que as pessoas também respirem junto com ele.”
Na prática, isso se traduz em ambientes amplos, bem ventilados, com móveis de linhas retas, formas geométricas simples e uma paleta de cores neutras — com destaque para branco, cinza, preto e beges acinzentados. A escolha dos materiais também segue essa premissa de autenticidade: o concreto aparente, a madeira clara, o vidro sem tratamentos excessivos e os tecidos crus, como o linho, estão entre os mais frequentes.

Para a designer de interiores Júlia Arouca, o estilo minimalista exige mais do que bom gosto. “É uma curadoria visual e emocional. Cada objeto no ambiente precisa ter um motivo forte para existir ali — seja funcional, simbólico ou estético. O resto é ruído visual e deve sair de cena.”
Essa é, portanto, uma estética que valoriza o silêncio, o foco e o autocuidado. A ideia não é tornar o lar vazio, mas sim eliminar o que distrai da experiência essencial de estar presente no espaço.
Estilo escandinavo: aconchego e luz como elementos centrais
Já o estilo escandinavo nasce com uma intenção diferente — embora igualmente pautada pela simplicidade. A grande inspiração vem da natureza e da necessidade de criar ambientes acolhedores mesmo em meio ao frio e à escuridão do inverno nórdico. O objetivo é transformar a casa em um refúgio, onde a funcionalidade caminha lado a lado com a sensação de bem-estar.

Nesse contexto, a luz é protagonista. Os interiores escandinavos buscam amplificar a luz natural, com uso de janelas amplas, paredes brancas e cortinas leves. À noite, entram em cena luzes difusas, velas e luminárias de temperatura quente, criando um ambiente intimista e afetivo.
Júlia ressalta que, enquanto o minimalismo evita adornos, o escandinavo convida pequenos gestos de conforto. “Aqui, uma manta no sofá, um tapete de lã, uma vela acesa ou uma plantinha na prateleira não são apenas decoração — são instrumentos de acolhimento, que transmitem cuidado e calor humano.”

Além das cores claras, predominam materiais naturais como madeira, algodão, linho e cerâmica artesanal, que trazem textura e vínculos com a natureza. Os móveis, por sua vez, são funcionais e de design limpo, com formas arredondadas que suavizam a composição. É o estilo perfeito para quem deseja simplicidade sem abrir mão de aconchego.
Atmosferas diferentes, mesmo com estética parecida
É compreensível que o estilo minimalista e o escandinavo sejam frequentemente confundidos. Ambos compartilham o gosto pela organização, pelo uso consciente do espaço e pela decoração limpa e arejada. Mas, ao observar com mais atenção, percebe-se que transmitem emoções distintas.
O minimalismo é mais contido e introspectivo, enquanto o escandinavo exala uma receptividade discreta e envolvente. O primeiro valoriza o vazio como pausa, o segundo preenche o espaço com afetividade controlada.
Lucas aponta que “o minimalismo está mais ligado à racionalidade e à depuração estética. Já o escandinavo tem uma camada emocional, sensorial. Ele permite mais texturas, mais vida, mesmo dentro de uma paleta contida.”
Essa diferença de clima é o que define qual dos estilos se encaixa melhor no estilo de vida do morador. O minimalismo é indicado para quem busca foco, limpeza visual e ordem interna. O escandinavo, por outro lado, atende bem quem valoriza ambientes quentinhos, suaves e com certa poesia cotidiana.
E se os dois estilos se encontrarem?
Nos projetos contemporâneos, é comum encontrar uma fusão entre o minimalismo e o escandinavo. A neutralidade de base e o layout funcional do primeiro servem como suporte para a entrada dos elementos afetivos e das texturas suaves do segundo.
“Essa combinação é muito feliz porque equilibra razão e emoção. A casa ganha elegância e leveza sem se tornar fria ou impessoal”, afirma Júlia.
O segredo está no equilíbrio. Começar com uma base neutra, limpa e bem estruturada e depois incorporar materiais naturais, iluminação suave e pequenos detalhes afetivos pode resultar em um lar que acolhe, sem pesar. Um espaço que oferece respiro, mas também calor.
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