Manutenção elétrica residencial: erros que podem colocar sua casa em risco

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Quando pensamos em pequenos reparos ou ajustes em casa, é comum subestimar a complexidade das instalações elétricas. Trocar uma tomada, instalar uma luminária ou até mexer no disjuntor parecem tarefas simples, mas envolvem riscos sérios quando feitas sem o preparo adequado. A manutenção elétrica residencial exige muito mais do que um alicate e coragem: ela pede conhecimento técnico, responsabilidade e atenção às normas de segurança.

De fato, a eletricidade é um recurso indispensável no cotidiano, mas também é uma das principais causas de acidentes domésticos no Brasil. Segundo dados da Abracopel (Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade), mais de 800 acidentes com eletricidade ocorrem por ano no país — muitos deles dentro de casa. Isso reforça a importância de saber o que é seguro fazer por conta própria e quando é essencial contar com um profissional habilitado.

O que é possível fazer com segurança em casa?

Existem tarefas básicas que, com os devidos cuidados e equipamentos apropriados, podem ser executadas por moradores, principalmente quando envolvem baixa tensão e não exigem interferência direta na fiação. Trocar uma lâmpada, por exemplo, é uma dessas ações cotidianas. Ainda assim, é essencial desligar o interruptor e garantir que a área esteja seca.

Imagem: Enfeitedecora

Para o engenheiro eletricista Luiz Fernando Pires, especializado em instalações residenciais, até mesmo ações consideradas simples devem ser feitas com cautela: “Muitas pessoas acham que trocar uma tomada ou interruptor é algo trivial. Mas esquecem que, ao abrir uma caixa elétrica, estão em contato com fios que podem estar energizados, principalmente em instalações antigas ou mal sinalizadas”, alerta o especialista.

Outra tarefa que pode ser feita sem grandes riscos é o acionamento ou desligamento de disjuntores, desde que o painel esteja em bom estado, bem identificado e não apresente sinais de aquecimento ou odor de queimado. Nestes casos, é possível restabelecer o fornecimento de energia em determinado circuito com segurança — mas mexer nos componentes internos do quadro, jamais.

O que deve ser evitado — por segurança e por lei

Intervenções mais profundas, como substituição de cabos, instalações de tomadas adicionais, extensões de circuitos ou qualquer serviço que envolva o manuseio da fiação elétrica, devem ser feitos apenas por profissionais habilitados, como técnicos eletricistas ou engenheiros registrados no CREA.

Imagem: Enfeitedecora

Além do risco de choques, curto-circuitos e incêndios, essas ações podem configurar crime, já que a norma brasileira NBR 5410, que regula as instalações elétricas de baixa tensão, exige capacitação técnica para esses serviços. E não é apenas uma questão de regulamentação. Como explica a arquiteta e urbanista Juliana Telles, que atua em projetos residenciais com foco em segurança elétrica: “Quando um morador altera a estrutura elétrica sem conhecimento, ele não só compromete a segurança da casa, como também pode perder garantias do imóvel e dos eletrodomésticos em caso de sinistro”, afirma.

Imagem: Enfeitedecora

A profissional ainda destaca que, em reformas, é comum encontrar extensões improvisadas, fios desencapados e até mesmo emendas com fita isolante inadequada, o que aumenta os riscos de sobrecarga e curto. “Falta informação básica, e isso gera improvisações que colocam vidas em risco”, reforça Juliana.

A importância da prevenção e da revisão periódica

Mesmo que tudo pareça estar funcionando bem, o sistema elétrico de uma casa precisa de revisões periódicas, especialmente em imóveis com mais de 10 anos. Cabos ressecados, disjuntores subdimensionados ou sem proteção diferencial (DR), e instalações antigas que não suportam a demanda atual de aparelhos eletrônicos são verdadeiras bombas-relógio silenciosas.

Manter um quadro de distribuição atualizado, utilizar disjuntores compatíveis com cada circuito e investir em dispositivos DR são medidas simples, mas eficazes, para prevenir acidentes graves. Além disso, nunca se deve sobrecarregar uma mesma tomada com benjamins ou adaptadores — o que parece prático pode facilmente virar um foco de incêndio.

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