Ter um jardim em casa agrega inúmeros benefícios como bem-estar emocional, sensação de acolhimento e integração com o verde. Afinal, cultivar plantas, ou simplesmente viver próximo delas, funciona como uma verdadeira terapia. Mas a pergunta é: dá trabalho?
Os paisagistas Cleber e Arthur Depieri, do escritório Depieri Paisagismo, afirmam que é possível compor um jardim harmonioso e conciliar os cuidados com a rotina diária. Para isso, basta seguir algumas regras básicas e capazes de garantir a saúde e a evolução das espécies.
Rega e Irrigação

Quando se fala em molhar as plantas, o período da manhã é a melhor escolha. Segundo os paisagistas, o solo ainda está fresco, a evaporação é menor e as espécies aproveitam melhor a água ao longo do dia. Caso não seja possível, outro momento favorável o final da tarde — desde que ocorra antes de anoitecer —, para evitar a umidade em excesso que favorece o desenvolvimento de fungos.
Quanto ao tipo, tanto a rega tradicional de mangueira quanto a irrigação automática funcionam bem, desde que a água alcance o solo de maneira uniforme e na quantidade adequada. Nesse ponto, porém, Cleber e Arthur ressaltam que os sistemas automáticos levam uma ligeira vantagem por garantirem regularidade, praticidade e melhor uso da água.
Mas como saber se o volume de água foi o suficiente? Para ter essa resposta, eles indicam que é preciso verificar a umidade do solo, que no cenário ideal precisa estar entre 5 e 10 cm de profundidade. “O excesso é prejudicial e é percebido pela formação de poças. Por outro lado, se a superfície secar rápido demais, esse é um indicativo que faltou água”, observam os profissionais do escritório com sede em Brasília.

Atenção: no Verão, o calor intensifica a evaporação, exigindo uma rega mais frequente. Já em épocas de chuvas, essa necessidade diminui, assim como no inverno, uma vez que o solo retém a umidade.
Poda e Manutenção
A necessidade de poda varia de acordo com a espécie, mas observar o comportamento e o crescimento da planta é o melhor segredo para mantê-la sempre viçosa. De acordo com Arthur, a manutenção ocorre pela retirada de galhos secos, crescimento desordenado ou falta de circulação de ar.
De maneira geral, muitas delas requerem podas leves a cada dois ou três meses, enquanto arbustos e árvores demandam a ativação, no máximo, entre uma ou duas vezes ao ano.

Segundo Cleber, a poda contribui para o crescimento e o fortalecimento, pois remove as partes velhas e direciona a energia da planta para novas brotações. No caso das flores, a remoção da estrutura que secou é ótima para estimular novos botões. “E, quando for cortar, preserve os ramos que carregam botões jovens”, recomenda o paisagista.
Para a perfeita cicatrização, os cortes devem ser limpos, inclinados e feitos com ferramentas amoladas. Em algumas situações, também vale aplicar selantes ou pastas cicatrizantes para evitar fungos e ajudar na cicatrização. Mas como a vida pede equilíbrio, os profissionais frisam que o excesso de cortes também pode estressar a planta.
Adubação
Assim como é preciso monitorar as espécies para definir o momento da poda, é fundamental ater-se aos sinais de que as plantas necessitam de adubação, como a presença de folhas amareladas, falta de brilho, crescimento lento e floração enfraquecida. Para recuperar o vigor da espécie, o ideal é trabalhar com um calendário fixo e adubar antes dos períodos de crescimento, como a primavera.

“A adubação deve ser feita de forma regular e o fertilizante deve ser espalhado ao redor da planta para a incorporação no solo”, ensina Cleber. Os próximos passos são a rega constante e a avaliação de uma nova rodada de aplicação que, em jardins domésticos, pode acontecer em um intervalo médio de 90 dias.
Com suas respectivas funções e vantagens, o adubo natural, proveniente de compostagem e húmus, melhora a estrutura do solo e oferece nutrientes de forma equilibrada. Já os industrializados são excelentes para corrigir deficiências nutricionais específicas.
Atenção: é mito que o excesso de adubo ajuda no crescimento das plantas, já que em demasia eles atraem pragas e promove o desbalanceamento do solo.
- Veja também: Integração, bem-estar e exuberância tropical são destaques no projeto de paisagismo assinado por Luciano Zanardo
O que fazer após o surgimento de pragas?
Verdadeiros terror de qualquer jardim, insetos como pulgões, cochonilhas, lagartas e moscas-brancas; ácaros (aracnídeos minúsculos); além de fungos como oídio e ferrugem são exemplos pragas que podem, literalmente, detonar um lindo espaço verde.
Os paisagistas pontuam que o surgimento é decorrente da falta de cuidados preventivos como um solo bem nutrido, rega correta, boa circulação de ar, luminosidade adequada e limpeza eficiente.
Para solucionar a infestação, os paisagistas indicam a remoção manual das partes infestadas e o uso de soluções naturais como o óleo mineral. Em casos graves, será preciso recorrer a inseticidas específicos — sempre com orientação de um profissional especializado.
Insetos do bem: Mas nem tudo é problema, pois a natureza também oferece grandes aliados como joaninhas, louva-a-deus e vespas parasitoides que auxiliam no controle de alguns tipos de pragas. Somam-se a eles os polinizadores — como abelhas e borboletas — essenciais para manter o jardim equilibrado.





