Imóvel novo ou usado: qual a melhor decisão de acordo com o estilo de vida e as preferências do morador?

Entre as plantas baixas atuais, que retratam um modo de vida mais contemporâneo, e aquelas com a arquitetura de décadas passadas, a arquiteta Elisa Maretti detalha os prós e os contras de cada opção

Na reforma deste apartamento de apenas 27 m², a arquiteta Elisa Maretti apostou em espaços completamente integrados, para promover amplitude e conforto | Fotos: Manuel Sá

O futuro proprietário decidiu adquirir um imóvel, mas surge a primeira dúvida que reflete o ponto de partida para a busca da nova morada: seria melhor investir em um novo, que acabou de ser entregue pela construtora, ou escolher um usado? A decisão vai além do preço e envolve fatores como localização, estrutura e até o seu potencial de valorização. Enquanto unidades novas oferecem modernidade e menos necessidade de reformas, casas ou apartamentos antigos costumam oferecer ambientes mais amplos e um m² maior.

Segundo a arquiteta Elisa Maretti a dúvida é muito comum entre os clientes que atende em seu escritório. Indagada, a resposta dela é: depende. “Obviamente não fujo da raia, mas não existe uma resposta pronta. A definição vem de encontro com uma lista de prós e contras que precisam ser analisadas de acordo com as expectativas, necessidades e gostos de cada um”, relata. Logo de cara ela já desfaz um mito e aventa uma possibilidade real: um apartamento novo não é sinônimo de eliminação de problemas durante a reforma e sim, uma habitação antiga pode ser uma opção mais vantajosa.

Desafios de adquirir um imóvel antigo

Mudar-se para um apartamento onde outras famílias já moraram levantam a lebre sobre o estado de conservação do imóvel. Embora uma reforma seja quase sempre necessária, a grande questão é: qual será a profundidade dessas intervenções? Diante disso, Elisa destaca um aspecto frequentemente negligenciado pelos clientes: a infraestrutura. “Como estão as redes hidráulica, elétrica e de esgoto? Sempre começo por essa parte quando iniciamos uma obra”, conta. Ela afirma que problemas como vazamentos, entupimentos em canos, ralos ou bacias sanitárias, além da baixa pressão da água, deterioração de materiais que estão muitas vezes em desuso por novas normas de segurança, são comuns em imóveis mais antigos.

Em residências antigas, não é incomum a necessidade de substituir as instalações elétricas e hidráulicas | Foto: Freepik

O mesmo acontece com a rede elétrica, que pode estar desatualizada ou ter sido mal dimensionada. “Casas e apartamentos antigos foram projetados para uma realidade diferente, com menos eletrodomésticos e equipamentos eletrônicos. Hoje, muitas dessas redes não suportam a demanda moderna e, além disso, a fiação pode estar desgastada, ser de baixa qualidade, obsoleta e muitas vezes mal instalada, aumentando o risco de curtos-circuitos e incêndios”, alerta a arquiteta. Quando são identificadas falhas nesses sistemas, o projeto de reforma considera uma avaliação especializada que avalia a gravidade dos problemas e indica as melhores soluções.

Lidando com imprevistos

“Muitas pessoas não sabem, mas há problemas que só podem ser descobertos depois que começamos a ‘quebrar’”, revela a arquiteta. Ela conta que já enfrentou diversas situações em que falhas na infraestrutura só foram detectadas durante a obra, o que inevitavelmente impacta o orçamento da reforma. “Esse é um momento delicado, porém precisa ser comunicado ao cliente para que possamos tomar, juntos, a melhor decisão”.

Plantas planejadas em tempos passados tendem a ter ambientes mais segmentados, por isso nesta reforma capitaneada pela arquiteta Elisa Maretti, remover paredes e personalizar ambientes foram pontos fundamentais. Com tudo integrado, ela ampliou o living e a varanda e conectou-os com a cozinha e a área de serviço | Foto: Manuel Sá

Contudo, esses imprevistos não ocorrem apenas em imóveis antigos. Mesmo em apartamentos recém-construídos, a infraestrutura nem sempre é bem executada, o que pode ocasionar surpresas desagradáveis ao longo do tempo.

Imóvel novo é sinônimo de qualidade?

Mesmo com plantas recém-construídas, Elisa discorda da ideia de que empreendimentos novos são necessariamente mais confortáveis. “Nos projetos atuais, os apartamentos estão cada vez menores”. Segundo ela, os modelos mais recentes costumam priorizar varandas gourmet espaçosas, o que, por outro lado, reduziu significativamente o espaço dos dormitórios e banheiros.

Projetos modernos costumam ter metragens mais compactas e neste apartamento de 62 m², a arquiteta Elisa Maretti transformou o espaço para garantir o conforto das moradoras por meio de soluções inteligentes. Um exemplo é a sala de jantar, onde o canto alemão otimizou o ambiente sem abrir mão da funcionalidade | Foto: Manuel Sá

“Vale a pena ampliar um ambiente usado ocasionalmente pela família em detrimento de espaços que fazem parte do dia a dia?”, questiona. Para a profissional, os imóveis mais antigos priorizavam a funcionalidade com quartos amplos e melhor aproveitamento dos espaços essenciais da casa.

Potencial de valorização

Apartamentos modernos tendem a se valorizar? Com infraestrutura nova e mão de obra qualificada, é possível presumir que um imóvel recém-construído tenha maior valorização em comparação com os mais antigos? Para a arquiteta, a tendência aponta para o caminho contrário. “O imóvel que é novo hoje, com o tempo, também se tornará antigo. Já os apartamentos com história tendem a se valorizar justamente por oferecerem metragem maior e mais conforto para os moradores.”

Outra tendência observada pela arquiteta Elisa Maretti é a redução da área dos quartos. Para evitar que o ambiente pareça opressivo ou claustrofóbico, ela sugere pequenas intervenções no décor. “Trabalhar com cores claras e texturas aconchegantes, como crochê e uma roupa de cama que transmita conforto, faz toda a diferença. Além disso, a marcenaria sob medida não só aquece e acolhe o espaço, mas também otimiza cada centímetro disponível”, explica | Fotos: Manuel Sá

Ela observa ainda que a busca por espaços amplos tem aumentado. “Percebo que muitas pessoas estão cansadas de viver em espaços reduzidos e, ao longo do tempo, acabam acumulando mais objetos. Consequentemente, cresce a necessidade de imóveis mais espaçosos, o que reforça a valorização daqueles com m² maior.”

Sobre Elisa Maretti Arquitetura

Desde 2015, Elisa Maretti transforma espaços com uma arquitetura que equilibra funcionalidade, estética e inovação. Sua experiência em escritórios, construtoras e projetos de diferentes escalas – do urbano ao detalhe – lhe dá uma visão ampla e estratégica, sempre focada em criar soluções inteligentes e personalizadas.

Seus projetos vão além do visual: são experiências pensadas para quem vive, trabalha e interage com os espaços. Com um olhar afiado para o design, materiais e tendências, Elisa cria ambientes que traduzem identidade e bem-estar, sem abrir mão da praticidade. Para ela, arquitetura é mais do que construir: é sobre contar histórias, despertar sensações e transformar a rotina com propósito e personalidade.

@elisamarettiarq

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(11) 98557-1597

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