Iluminação zenital: o segredo da arquitetura para ter mais luz natural em casa

Claraboias e aberturas estratégicas transformam ambientes e valorizam o projeto arquitetônico

Iluminação zenital: o segredo da arquitetura para ter mais luz natural em casa

liesuzuki.interiores

Quando o assunto é iluminação natural na arquitetura, poucos recursos são tão eficazes, elegantes e sustentáveis quanto a iluminação zenital. Este conceito, cada vez mais valorizado em projetos contemporâneos, consiste em captar a luz natural por meio de aberturas localizadas no teto, como claraboias, sheds e domos, que proporcionam iluminação direta e abundante nos ambientes internos — sem comprometer a privacidade ou sobreaquecer os espaços.

A técnica, amplamente usada em museus, pavilhões e construções modernas, vem ganhando força também em projetos residenciais brasileiros. Seja em casas térreas ou sobrados, a claraboia residencial se revela uma solução versátil que combina estética e funcionalidade, promovendo o bem-estar e reduzindo a dependência de luz artificial durante o dia.

Segundo a arquiteta Carolina Filgueiras, fundadora do estúdio Ca.Filgueiras Arquitetura, a iluminação zenital tem um potencial enorme de transformar a atmosfera da casa. “Ela proporciona uma luz difusa, suave e contínua ao longo do dia, criando uma relação mais íntima com a passagem do tempo e com o clima. É uma solução que contribui não apenas com o conforto visual, mas também com o equilíbrio térmico e energético do espaço”, destaca.

Como funciona a iluminação zenital na arquitetura

Diferente das janelas convencionais, que captam luz pela lateral, a luz natural zenital entra pelo teto, o que permite iluminar de forma intensa mesmo áreas centrais da casa, como corredores, banheiros, escadas ou ambientes integrados com pouca abertura para o exterior. A posição estratégica dessas aberturas possibilita uma distribuição mais uniforme da luz solar ao longo do dia, evitando sombras marcadas e reduzindo a necessidade de lâmpadas acesas.

Entre os tipos mais comuns de iluminação zenital estão as claraboias fixas de vidro, que podem ser lineares ou pontuais, os sheds (aquelas coberturas inclinadas com aberturas na face oposta ao sol) e os domos, geralmente usados em áreas maiores. Os materiais variam de acordo com o projeto: vidro laminado, policarbonato, acrílico ou elementos vazados que deixam a luz filtrar de forma poética.

O arquiteto Ricardo Miura, especialista em design ambiental e consultor em eficiência energética, ressalta que o sucesso da iluminação zenital depende de um bom estudo da orientação solar. “É preciso pensar na incidência do sol ao longo do ano para evitar o superaquecimento dos ambientes. Em regiões muito quentes, por exemplo, o ideal é usar vidros refletivos, elementos sombreados ou até películas de controle solar para manter o conforto térmico”, explica.

Claraboias residenciais: onde usar e como aproveitar

A claraboia residencial é uma aplicação direta e eficiente da iluminação zenital em casas. Ela pode ser usada em diferentes cômodos, mas se destaca especialmente em ambientes que tendem a ter pouca entrada de luz natural, como banheiros sem janela, corredores longos, áreas de serviço ou hall de entrada. Quando instalada sobre uma escada, por exemplo, além de garantir iluminação funcional, pode se tornar um elemento arquitetônico marcante.

repertoriocasa

Em salas de estar ou cozinhas com pé-direito alto, a claraboia ganha protagonismo e contribui com a sensação de amplitude, ao mesmo tempo em que valoriza texturas, cores e materiais da decoração — criando um jogo de luz e sombra que muda ao longo do dia. Já nos quartos, ela pode ser usada com mais cautela, com fechamento parcial ou sistema de controle, como persianas embutidas ou painéis automatizados, para evitar luminosidade excessiva durante o sono.

Além da função estética e prática, o uso inteligente da luz natural na arquitetura contribui diretamente com o consumo de energia elétrica. “Ao iluminar naturalmente os espaços por mais horas do dia, a iluminação zenital ajuda a reduzir o uso de lâmpadas e equipamentos de resfriamento, o que se reflete em uma casa mais sustentável e econômica”, reforça Ricardo Miura.

Estética, bem-estar e sustentabilidade em um só recurso

Outro aspecto que torna a iluminação zenital tão interessante é sua capacidade de conectar os ambientes internos com o exterior de forma sutil e contemplativa. Ver o céu azul, o movimento das nuvens ou o som suave da chuva caindo sobre o vidro pode trazer uma sensação de calma e introspecção, promovendo o bem-estar emocional e a reconexão com a natureza — mesmo dentro da rotina urbana.

esferaprojetos

Na prática, optar por soluções zenitais é uma forma de aliar sustentabilidade, estética e funcionalidade em um único gesto arquitetônico. Além disso, trata-se de um recurso que valoriza o imóvel e pode ser adaptado tanto em obras novas quanto em reformas bem planejadas.

Para a arquiteta Carolina Filgueiras, esse tipo de escolha representa um avanço importante na forma como enxergamos a casa. “Não se trata apenas de iluminar, mas de criar experiências sensoriais por meio da luz. A claraboia, quando bem pensada, é um elemento de poesia e inteligência no projeto”, afirma.

Sair da versão mobile