As tendências do mercado imobiliário nacional vem passando por flutuações, posto que as capitais mais populosas do Brasil encabeçam transformações no espaço urbano. Ainda em 2024, os paulistas observaram 71% das vendas de imóveis locais voltadas para espaços grandes 140m² — apenas 13% para espaços pequenos e studios, de até 90m², segundo dados do portal Loft. Belo Horizonte acompanha o fenômeno. O relatório implica que a busca por cômodos maiores, com ao menos 3 quartos, é preferência de 46% dos mineiros.
A busca pelo conforto, sobretudo para famílias, norteia um movimento emergente dos brasileiros: remar contra a maré recente dos espaços menores, a exemplo dos estúdios de 24m². Isso explica porque a demanda de apartamentos estilo “studio” declinou em 52% no estado de São Paulo, de acordo com o levantamento da ZAP+, entre os anos de 2019 a 2022. A capital paulistana, a mais populosa do país, conforme o último Censo (2022) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), vem provocando insights ao redor do quadro imobiliário nacional.
Em Salvador, a inclinação do mercado predial aponta uma maior procura para imóveis de médio e alto padrão no último ano, segundo levantamento do Índice de Demanda Imobiliária Brasil (IDL Brasil). Líder regional, a capital baiana vem afastando-se do movimento studio de 24m² — que se popularizou em 2019 — na retomada por espaços amplos, mais confortáveis e consequentemente, menos econômicos.
Segundo a arquiteta e designer de interiores Rafaela Giudice, as famílias estão buscando cada vez mais moradias que proporcionem o bem-estar coletivo. “Os brasileiros estão querendo que a casa deles seja um espaço de relaxamento, um abrigo, que passe essa sensação de aconchego. É muito difícil um casal dividir 24m², sobretudo com filhos. Embora a demanda por essa modalidade tenha caído substancialmente, os estúdios menores devem ser alvos agora de públicos específicos, tais como investidores (compradores), funcionários alocados pela empresa para outras cidades e recém-chegados de viagens”, ressalta.
Rafaela revela que a alta repentina vivenciada em 2019 dos apês 24m² culminou no desgaste lento do público. Antenada nas oscilações do mercado imobiliário, sobretudo após as flutuações e marcas deixadas pela pandemia global, a gestora do escritório BESPOKE DELA lembra ainda que o aquecimento predial em 2025 para espaços maiores não acompanha o ritmo do planejamento da cidade — trazendo consequências urbanísticas nas megalópoles.
“Infelizmente o planejamento urbano não anda no compasso das novas construções de prédios com apartamentos maiores, principalmente se considerarmos que, dificilmente, famílias que moram em apartamentos acima de 160m² tenham um único veículo em casa. As ruas e saídas destes bairros não têm como ser alargadas ou sequer foram planejadas para acompanhar o fluxo de carros progressivo em ruas. Seu planejamento urbano não foi idealizado inicialme