Cuidar das plantas no inverno é mais do que regar com parcimônia — é entender que, mesmo em repouso, elas seguem vivas, respirando, reagindo ao ambiente e, principalmente, precisando de nutrientes para atravessar o frio com vigor. E é aí que os fertilizantes no inverno entram em cena como aliados poderosos.
Em tempos de noites longas e dias pouco luminosos, o metabolismo das plantas desacelera, mas não cessa. Isso vale tanto para as plantas de interior, que recebem iluminação artificial, quanto para as que estão próximas a janelas. Segundo a engenheira agrônoma Juliana Giordano, da Unesp Botucatu, “a fotossíntese continua acontecendo em ritmo mais lento, mas o funcionamento celular permanece ativo”. Isso significa que, sim, adubar no inverno pode — e deve — ser considerado, desde que com os devidos cuidados.
A sutil atividade metabólica no frio
Ao contrário do que se imagina, o inverno não é um período de hibernação total para as plantas. Embora muitas espécies entrem em dormência parcial ou total, outras continuam apresentando sinais de vida. Basta observar as folhas novas que surgem discretamente ou o enraizamento que continua evoluindo, mesmo devagar. Essas manifestações indicam que há atividade metabólica, o que exige nutrientes adequados para evitar enfraquecimento, pragas e doenças.

Contudo, o segredo está na moderação. Nada de adubar como se estivéssemos na primavera. A arquiteta paisagista Renata Alvarenga, reforça que “o uso de fertilizantes deve ser reduzido e adaptado às condições de luz e temperatura do ambiente. Uma dose leve de nutrientes pode fazer toda a diferença para a planta atravessar o inverno fortalecida”.
O papel dos nutrientes no preparo para a primavera
Os fertilizantes completos, com macronutrientes como nitrogênio (N), fósforo (P) e potássio (K) — o famoso NPK —, cumprem funções específicas e essenciais para a saúde vegetal. O nitrogênio é responsável pelo desenvolvimento da folhagem e cor vibrante das folhas, enquanto o fósforo atua nas raízes e na indução da floração. Já o potássio é vital para a resistência da planta ao frio, secas e doenças — algo particularmente útil nos meses gelados.
Além do trio principal, elementos como cálcio, magnésio e ferro também são indispensáveis para garantir equilíbrio nutricional. Em ambientes internos, onde o solo é confinado a vasos, sem microvida ou chuva que regule o excesso de sais, é ainda mais importante monitorar a adubação no inverno com cautela.
Como escolher o melhor fertilizante para os meses frios?
O ideal é optar por fórmulas mais equilibradas ou que ofereçam maior teor de potássio, justamente por seu papel na estrutura e imunidade das plantas. No caso das plantas ornamentais com flores, vale considerar produtos mais ricos em fósforo. Já para folhagens, a presença de nitrogênio, mesmo que em menor proporção, ajuda a manter a coloração e evitar queda de folhas.

É importante lembrar que os efeitos de uma boa adubação de inverno não são imediatos. “O benefício maior será sentido nos primeiros dias de primavera, quando a planta responderá com mais vigor, brotos saudáveis e florescimento expressivo”, reforça Juliana Giordano.
Adubar no inverno é investir no futuro da planta
A aplicação estratégica de fertilizantes no inverno não tem como objetivo acelerar o crescimento, mas fortalecer a planta internamente, para que ela esteja pronta para o ciclo mais ativo que virá com o calor. É como preparar o solo emocional da planta — ela sentirá, mesmo silenciosamente, que está sendo cuidada.
É por isso que o planejamento faz toda a diferença. Plantas que chegam à primavera com raízes saudáveis, tecidos fortalecidos e folhas bem formadas vão florescer mais, com menos risco de pragas, e com uma beleza que reflete o cuidado durante os meses frios.