A Extinção do Cacto-árvore de Key Largo: Um Alerta Climático

As mudanças climáticas continuam a apresentar uma ameaça concreta e devastadora à biodiversidade mundial.

cacto key largo

O cacto-árvore de Key Largo era encontrado exclusivamente nas Florida Keys, um arquipélago localizado na extremidade sul da Flórida. Primeiramente identificado em 1992, este cacto foi monitorado de perto por biólogos, mas enfrentou crescentes ameaças devido à intrusão de água salgada e à erosão do solo, exacerbadas pelas tempestades e marés altas. Outros fatores, como a herbivoria por mamíferos, contribuíram para sua pressão de sobrevivência.

Pressões Ambientais

Apesar das tentativas de conservar a população restante—incluindo a realocação dos últimos indivíduos em 2021—essas medidas foram insuficientes para salvar a espécie. Um estudo no Journal of the Botanical Research Institute of Texas evidenciou o declínio rápido, destacando que, em 2021, dos cerca de 150 caules iniciais, apenas seis sobreviviam, e de maneira debilitada.

O estudo também apontou que o cacto-árvore de Key Largo pode ser uma espécie indicadora para prever como outras plantas de baixa altitude responderão às mudanças climáticas.

Esforços de Identificação e Conservação

A pesquisa inicial sobre o cacto-árvore de Key Largo trouxe dificuldades na identificação da espécie, muitas vezes confundida com o cacto-árvore Key (Pilosocereus robinii). As duas espécies compartilham muitas semelhanças, como caules que podem atingir até 6 metros de altura e flores aromáticas que atraem polinizadores como morcegos.

Photo Courtesy Of Susan Kolterman

Contudo, distintivas características de espinhos e tufos de pelos longos na base das flores e frutos diferenciavam a Pilosocereus millspaughii de seu parente próximo.

Estabelecimento de Coleções de Conservação

Em 2019, a verdadeira identidade do cacto de Key Largo como Pilosocereus millspaughii foi confirmada, acentuando a necessidade urgente de conservá-lo. À medida que a salinidade do solo aumentava devido a eventos climáticos extremos, mais esforços foram feitos para monitorar e conservar todas as populações de cactos nas Florida Keys.

Cientistas criaram coleções de conservação e passaram a cultivar cactos em vasos, mantendo também uma cuidadosa armazenagem de sementes para garantir a sobrevivência a longo prazo da espécie.

Impactos Climáticos e Estudos de Conservação

Os fatores naturais como tempestades, furacões e a salinização progressiva do solo nas Florida Keys agravaram a situação. As marés altas e eventos climáticos extremos inundaram a região repetidamente entre 2015 e 2019.

Photo Courtesy Of Susan Kolterman

Adicionalmente, danos causados por herbivoria também afetaram significativamente as populações. Botânicos constataram a deterioração das plantas durante estudos intensivos após cada evento de tempestade, ligando o aumento da salinidade no solo à alta mortalidade dos cactos.

Planos para Conservação e Recuperação

Restando apenas seis caules sobreviventes em 2021, pesquisadores permitiram que essas plantas restantes florescessem e frutificassem em estufas, preservando geneticamente o material das plantas. Em colaboração com o Departamento de Proteção Ambiental da Flórida, ações para replantar os cactos em ambientes naturais e controlados continuam.

Um Alerta para o Futuro

O desaparecimento do cacto-árvore de Key Largo não é apenas um episódio isolado, mas um claro alerta para a urgente necessidade de intensificar as iniciativas de conservação para espécies vulneráveis.

Nos últimos 25 anos, mais de uma em cada quatro plantas nativas da região tem enfrentado ameaças críticas de extinção. A perda de habitat, coleta excessiva e a proliferação de espécies invasoras são fatores constantes que exigem uma resposta rápida e eficaz.

Considerações finais

A extinção do cacto-árvore de Key Largo é um testemunho sombrio dos impactos da elevação do nível do mar induzida pelo clima. Reforça a necessidade de implementar estratégias robustas de conservação para proteger outras espécies costeiras ameaçadas. Com medidas preventivas adequadas e iniciativas colaborativas, podemos trabalhar para prevenir futuras perdas e preservar a rica biodiversidade de nossas paisagens naturais para as próximas gerações.

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