Imagine transformar 26 m² em um refúgio funcional e cheio de personalidade, onde cada centímetro foi pensado para abrigar paixões, instrumentos musicais e a rotina de uma moradora. Esse é o desafio superado pelas arquitetas Débora Terra e Jéssica Lucas, do Studio 92 Arquitetura, em um estúdio localizado no bairro Butantã, em São Paulo.
O projeto, que priorizou otimização de espaços pequenos e integração de ambientes, revela como soluções criativas e materiais estratégicos podem transformar metros quadrados limitados em um lar cheio de identidade.
Integração inteligente: onde a vida acontece
A primeira decisão estrutural foi crucial: a retirada da porta-balcão para a sacada permitiu uma conexão fluida entre os ambientes. A área que antes era uma varanda ganhou uma cama de casal com conforto ergonômico, enquanto uma estante metálica serve como apoio para objetos e instrumentos musicais, como a sanfona e o violão da moradora. “O objetivo era criar zonas funcionais sem fragmentar o espaço.

A mesa de jantar, por exemplo, também funciona como área de trabalho e lazer”, explica Débora Terra. A paleta de cores vibrantes — azul, verde, laranja e terracota — dialoga com tons neutros como branco e cinza, criando um equilíbrio visual. O microcimento aplicado no piso e paredes, além de prático, unifica os ambientes com um acabamento contemporâneo.
Marcenaria sob medida: a chave para a multifuncionalidade
A cozinha compacta esconde segredos de organização. Com apenas 75 cm de profundidade, a bancada abriga um cooktop, forno elétrico e até uma lixeira embutida, enquanto os armários superiores guardam louças e livros de gastronomia. O backsplash de azulejos geométricos rouba a cena, provando que até os detalhes técnicos podem ser estéticos.

Já o guarda-roupa de MDF amadeirado é uma obra-prima de engenhosidade. Dividido em duas seções, ele alterna entre armazenamento de roupas e um home office camuflado, com prateleiras ajustáveis que se adaptam às necessidades diárias. “A marcenaria personalizada foi essencial para garantir que cada móvel cumprisse mais de uma função sem sacrificar o estilo”, destaca Jéssica Lucas.
Materiais que contam histórias
O uso do laminado melamínico no teto — nas cores branco e verde — demarcou áreas sem paredes, enquanto a porta de entrada verde (envelopada pela AK Envelopamentos) se tornou um ponto focal. O armário próximo à entrada, feito em MDF Carvalho, funciona como sapateira, chapelaria e espaço de armazenamento, resolvendo três necessidades em um único elemento.

Para as arquitetas, a escolha de materiais duráveis e versáteis foi estratégica. “O microcimento, além de resistente, dispensou rejuntes e trouxe uma estética minimalista. Já o MDF permitiu criar móveis leves, porém robustos”, complementa Débora.
Personalidade em cada detalhe
A decoração reflete a essência da moradora: instrumentos musicais expostos, livros de gastronomia e tecidos com padrões orgânicos criam uma narrativa única. Até a luminária pendente “Terra”, do Estúdio Pedro Luna, foi escolhida para harmonizar com a atmosfera aconchegante.

O aparador verde na área de jantar, além de armazenar utensílios, serve como base para pequenas plantas e objetos decorativos, reforçando a ideia de que até os cantos mais discretos podem ganhar vida. “Integrar itens pessoais ao design foi fundamental para que o espaço transmitisse acolhimento”, finaliza Jéssica.