Embora a construção civil seja percebida como um setor predominantemente masculino, existem no Brasil iniciativas para inserir e valorizar o trabalho feminino no segmento. E aqui destaca-se o projeto “Elas Transformam a Construção”, criado pela MRV&CO, grupo formado pelas empresas MRV, Sensia, Luggo, Urba e a norte americana Resia. Com investimentos de R$ 1 milhão e uma parceria com a startup Ela Faz – que capacita mulheres em vulnerabilidade social para inserção no mercado de trabalho na construção civil, o grupo tem como objetivo capacitar 450 mulheres até outubro de 2024.
Os cursos são realizados dentro de comunidades, para facilitar o acesso das alunas às salas de aulas. No Rio de Janeiro, por exemplo, o projeto vai até a Casa de Cultura Cidade de Deus; já em Pirituba, as aulas ocorrem na Associação Esportiva Educacional Cultural O Caminho. Além da facilidade logística, as alunas também recebem cestas básicas como benefício.
As primeiras turmas foram realizadas em Campinas, Curitiba e Belo Horizonte. Em julho deste ano, o projeto se expandiu para outras oito cidades brasileiras: São Paulo, Rio de Janeiro, São Luiz, Fortaleza, Manaus, João Pessoa, Salvador e Uberlândia. Cada município conta com duas turmas de 25 alunas: uma para o curso de azulejista e outra para o de pintura, com duração total de três meses.
Mais mulheres na construção civil
De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a participação feminina nesse setor aumentou 120% ao longo de uma década (2007 a 2018). Um exemplo real dessa mudança na fotografia é da venezuelana Celenia Hernández, de 45 anos. Há três anos no Brasil, ela trabalhava como faxineira e migrou de profissão após a conclusão do curso presencial de Pedreira Azulejista. Desde maio, Celenia vem exercendo novas atividades e conta que está feliz com os desafios:
– Primeira vez na história que trabalho na construção civil. Nos primeiros dias foi um pouco difícil, mas já aprendi muitas coisas nas aulas e, principalmente, na prática. Hoje já sei tirar medidas com fita métrica, cortar e colar rodapé, que é o que mais gosto de fazer, e também estacar piso, colocar gesso e passar massa corrida. Quero dar continuidade aos estudos e, se aparecer novas oportunidades de cursos, eu farei – comenta, animada – Estou feliz com os desafios e esta nova fase da minha vida.
As alunas que finalizarem o curso e tiverem o perfil adequado para as vagas nas atividades nos canteiros de obras poderão ser recrutadas para o trabalho em suas cidades.
Sobre o projeto
Criado em 2022, com o nome “Elas Transformam”, tinha como objetivo inicial patrocinar atletas femininas nas Olimpíadas. “Sua evolução aconteceu devido a importância e impacto positivo para a inclusão de mulheres no mercado de trabalho, a fim de promover a equidade de gênero na indústria da construção civil. É um projeto que proporciona para essas mulheres um caminho para a independência financeira e uma nova carreira.
A MRV está comprometida em expandir essas oportunidades,” e tem como meta elevar para 45% a presença de mulheres em seus cargos de liderança, além de ampliar de 21% para 30% o total de trabalhadoras do sexo feminino nos quadros da empresa até 2030, finaliza Raphael Lafetá, diretor executivo de Relações Institucionais e de Sustentabilidade da MRV&CO.