Nem só de sabor vive uma doceria. Quando o espaço físico traduz a essência do que é servido, a experiência se torna ainda mais memorável. Foi com esse olhar que a Di Erica – Atelier de Doces, localizada em Curitiba (PR), passou por uma transformação completa em seus 120 m². A proposta? Criar uma atmosfera intimista, elegante e atemporal, que refletisse não só a delicadeza dos doces preparados ali, mas também a personalidade sensível e criativa da chef e proprietária Erica Fedato.
O projeto foi conduzido pelas arquitetas Carolina Danylczuk e Lisa Zimmerlin, do escritório UNIC Arquitetura. Segundo Carolina, o ponto de partida foi construir um espaço onde a arquitetura funcionasse como pano de fundo para as verdadeiras protagonistas do local: as sobremesas. “Os doces que a Erica cria são verdadeiras obras de arte. Queríamos que o ambiente fosse uma espécie de galeria silenciosa, que enaltecesse cada detalhe sem roubar a cena”, afirma.
Arquitetura que conduz o olhar e desperta sensações
Para alcançar essa composição sutil e encantadora, os elementos arquitetônicos foram pensados de forma coesa. A aposta em arcos estruturais feitos em marcenaria é um dos recursos centrais do projeto. Eles aparecem como molduras contínuas, conectando visualmente os ambientes e conferindo fluidez ao espaço.

Segundo Lisa, essa linguagem foi essencial para criar uma sensação de acolhimento e harmonia. “Os arcos conduzem o olhar de forma orgânica e natural, convidando o visitante a percorrer cada canto da loja com leveza”, pontua.
Complementando essa estrutura fluida, o mobiliário segue a mesma lógica curvilínea. Mesas, prateleiras e bancadas foram desenhadas sob medida com formas suaves e cantos arredondados, o que reforça a proposta estética e adiciona conforto visual. A madeira natural, utilizada em grande parte dos móveis, estabelece um elo afetivo com o público, criando um ambiente onde o tempo parece desacelerar.
Cores neutras e texturas que abraçam o espaço
A paleta cromática caminha por tons claros e neutros. Os beiges, brancos e madeiras claras atuam como uma base discreta e refinada. Essa escolha foi intencional: permitir que a variedade de cores das sobremesas brilhasse em destaque, como em uma vitrine de arte comestível.

Nas paredes, texturas suaves aplicadas com cuidado reforçam a sensação tátil e visual de acolhimento. “Pensamos em um ambiente que abraçasse. Por isso, buscamos materiais com temperatura visual quente, mas que não carregassem visualmente o espaço”, explica Carolina.
A integração entre o novo e o antigo também aparece como valor estético e emocional no projeto. Parte da história do imóvel foi preservada, como o piso de pedras e uma parede de tijolinhos aparentes que permanecem na sala de degustação — um ambiente reservado onde Erica costuma receber clientes e convidados para experiências mais íntimas. A presença de uma lareira original reforça a sensação de conforto e memória.
Luz natural, vegetação tropical e atmosfera de jardim
Para tornar o ambiente ainda mais acolhedor e funcional, a claraboia projetada no centro do espaço permite a entrada de luz natural difusa, sem criar sombras intensas. Essa luz suave, além de valorizar a paleta de cores escolhida, intensifica as texturas e traz leveza à experiência sensorial.

Na área externa, voltada para a sala de degustação, foi incorporado um jardim vertical com espécies tropicais de fácil manutenção — como jiboias, peperômias, antúrios e filodendros. O resultado é um contraste sutil entre os verdes exuberantes e os elementos mais densos da arquitetura, como a pedra e a madeira. “Queríamos criar uma sensação de frescor e de intimidade. O jardim cumpre esse papel, como uma pausa natural dentro do ritmo urbano”, explica Lisa.