Foi em Curitiba que a Duratex reuniu profissionais, designers, arquitetos e apaixonados por inovação para apresentar um estudo inédito de design, comportamento e arquitetura emocional: o AIx – Ambientes Inteligentes Ilimitados, conduzido pelo Design Office Dexco. O EnfeiteDecora esteve presente no evento e mergulhou em uma jornada sensorial que ultrapassa a estética e coloca em pauta uma arquitetura que responde, se adapta e transforma.
Com curadoria do estrategista sênior em design e inovação Jonny Macali, o estudo convida o setor a refletir sobre um novo tempo: o da inteligência que se dissolve nos espaços de forma orgânica, intuitiva e – acima de tudo – emocionalmente significativa.
Arquitetura e tecnologia não se somam, se integram
A proposta do AIx surge como resposta direta a um mundo em metamorfose. A tradicional lógica do “forma segue função” já não dá conta de explicar o modo como os indivíduos habitam, trabalham e interagem com o espaço. Em vez disso, o que se vê é a ascensão de ambientes vivos, empáticos e ilimitados, que fundem biotecnologia, neurociência, conectividade e experiência estética.
“Não se trata apenas de colocar sensores ou automação dentro de uma casa. É sobre fazer com que os espaços entendam o momento do usuário e reajam a ele. Essa é a essência do AIx”, explica Jonny Macali, durante sua apresentação no palco curitibano.
Em vez de projetar para um mundo de certezas, os ambientes pensados pelo estudo abraçam o imprevisto como parte do design, trazendo soluções que não só resolvem problemas, mas antecipam necessidades, promovem bem-estar e dialogam com o ritmo de vida de cada pessoa.
Cinco frentes para uma nova arquitetura

O estudo propõe cinco direções-chave que apontam para o futuro da habitação e dos espaços comerciais, sem barreiras entre o físico e o digital. Cada uma delas parte de reflexões profundas, mas se desdobra em aplicações práticas que podem – e devem – ser traduzidas no dia a dia da arquitetura contemporânea:
- 1. Emocionalidade como função
A casa deixa de ser apenas abrigo para se tornar um sistema sensível. Iluminação, temperatura, acústica e materiais se ajustam ao estado emocional do morador. Macali aponta: “o que projetamos precisa ser sensorial antes de ser racional”. - 2. Inteligência distribuída e fluida
Mais do que tecnologia centralizada, o futuro está na inteligência pulverizada em detalhes invisíveis. Texturas táteis que respondem ao toque, superfícies que “lembram” preferências e interfaces que desaparecem no ambiente são apenas alguns exemplos dessa tendência. - 3. Design orgânico adaptativo
Inspirado na natureza, o novo design não é fixo. Ele muda conforme as estações, o humor e a presença das pessoas. Da escolha dos materiais à disposição dos elementos, tudo é mutável – como se o ambiente tivesse vida própria. - 4. Sustentabilidade intuitiva
Não basta ser ecológico. É preciso que os sistemas sustentáveis sejam vivenciáveis. O AIx propõe, por exemplo, superfícies que se regeneram, mobiliário feito de biomateriais e estratégias passivas de conforto ambiental que dispensam intervenções tecnológicas invasivas. - 5. Estética como linguagem emocional
O projeto visual deixa de ser decorativo para se tornar comunicativo. As cores, formas e composições expressam emoções específicas e moldam experiências sensoriais – um campo fértil para o design biofílico e para a arte funcional.
A casa como extensão do corpo e da mente
Em um dos momentos da apresentação, foi possível entender como um ambiente inteligente poderia reagir a alterações emocionais. Bastava a aproximação de uma pessoa para que a luz suavizasse, a música se ajustasse e o revestimento tátil se tornasse mais quente ao toque. Tudo isso sem comandos diretos – apenas com base em sensores não-invasivos e design responsivo.
“Estamos propondo uma arquitetura empática, que compreende. O morador não precisa pedir, o ambiente já sabe”, detalha Jonny Macali.
Essa lógica amplia o escopo do design interior tradicional e propõe um novo papel para o arquiteto e para o designer: o de curador de experiências afetivas, com olhar sensível para o tempo, o silêncio, a presença e a memória.
Dexco: inovação com alma brasileira
A Dexco se posiciona aqui como um polo criativo que investe em pesquisa aplicada e diálogo com os desejos emergentes do morar. O AIx não foi apresentado como um produto, mas como uma visão sistêmica de futuro, capaz de gerar insights tanto para designers independentes quanto para indústrias e construtoras.
Ainda que o AIx seja um estudo prospectivo, suas aplicações já podem ser vistas em projetos-piloto e produtos experimentais que vêm sendo desenvolvidos por estúdios parceiros da Dexco. Isso inclui desde painéis acústicos que reagem ao som ambiente até revestimentos de madeira com sensores térmicos integrados.
Mas talvez o impacto mais poderoso do AIx esteja mesmo na forma de pensar. Ele incentiva os profissionais a deixarem de lado a ideia de que a casa é um objeto e adotarem a visão de que ela é um ecossistema. Um organismo. Uma interface.
Para onde vamos agora?
O AIx nos lembra que não basta projetar paredes bonitas. É preciso pensar em ambientes que acolhem, respondem e crescem junto com as pessoas. Num mundo que busca reconexão, o design de interiores passa a ser uma ponte entre o que sentimos e onde habitamos.
E essa ponte precisa ser feita de escolhas conscientes, materiais vivos e, acima de tudo, inteligência emocional aplicada à arquitetura.
Como bem concluiu Jonny Macali, em suas palavras finais : “O futuro do design não é digital nem físico. Ele é sensível. E sensibilidade, agora, é potência projetual.”





