Em um mundo acelerado, cada vez mais pessoas têm buscado refúgio em casas de campo. E quando falamos sobre esse tipo de lar, é quase inevitável imaginar ambientes com madeira aparente, pedras naturais, cores terrosas e uma atmosfera que convida ao descanso. A decoração rústica, nesse contexto, não é apenas uma escolha estética — ela representa um estilo de vida. Um modo de habitar o espaço com mais calma, autenticidade e afeto.
O rústico contemporâneo vai além da ideia de casa antiga ou “de fazenda”. Hoje, ele aparece em projetos sofisticados que equilibram elementos naturais com conforto moderno, criando uma estética que é ao mesmo tempo despojada e elegante. O uso de materiais como tijolos à vista, fibras naturais e ferragens aparentes reforça essa linguagem visual tão singular, que prioriza o imperfeito, o artesanal, o tempo.
Segundo a arquiteta Luiza Bianchi, que desenvolve projetos residenciais no interior de São Paulo, o segredo está em valorizar a essência dos materiais: “A madeira de demolição, por exemplo, carrega marcas do tempo que contam histórias. Ela traz vida e calor aos ambientes, especialmente quando usada em painéis, bancadas ou vigas estruturais que ficam aparentes”.
Matéria-prima da natureza: quando o ambiente externo entra na decoração
A relação com a natureza é central em uma casa de campo com estilo rústico. Grandes aberturas para o jardim, portas de madeira com fechaduras antigas, móveis em estilo colonial e revestimentos em pedra bruta contribuem para que os ambientes internos se conectem com o entorno. É um tipo de décor que dialoga com o clima local, com o ciclo do dia, com os sons da natureza.
Além disso, a escolha da paleta de cores reforça essa sensação de harmonia com o cenário externo. Tons como verde-musgo, ferrugem, areia e palha criam uma base acolhedora e atemporal. Essas tonalidades combinam com tecidos naturais, como linho, algodão cru e couro envelhecido, reforçando o aspecto sensorial dos espaços.

Para o designer de interiores Marcelo Gontijo, que atua em projetos na Serra da Mantiqueira, a principal dica é manter o equilíbrio entre rusticidade e funcionalidade. “O erro mais comum é exagerar nos elementos brutos. Uma casa de campo rústica deve ser, antes de tudo, confortável. Poltronas com almofadas, mantas de tricô, iluminação quente e móveis ergonômicos são essenciais para equilibrar o cenário”, explica.
Afeto e autenticidade: objetos que contam histórias
Outro ponto que diferencia a decoração rústica é o valor afetivo atribuído aos objetos. Mais do que seguir uma tendência, esse estilo permite que o morador traga para dentro de casa peças herdadas, objetos artesanais ou até achados de antiquário. Pratos antigos na parede, cestos de palha, cerâmicas feitas à mão e peças em ferro envelhecido são detalhes que transformam o espaço e o tornam único.

O mobiliário, geralmente em madeira maciça, traz robustez, mas também simplicidade. Mesas de jantar extensas, bancos rústicos e cristaleiras antigas são muito utilizados, pois criam uma atmosfera acolhedora, ideal para reunir a família ou receber amigos nos fins de semana. Quando combinados com elementos contemporâneos, como luminárias de design, lareiras a gás ou cozinhas planejadas, esses itens ganham nova leitura, sem perder a essência rústica.
Luz natural, texturas e sensação de abrigo
Não há decoração rústica autêntica sem a valorização da luz natural. Esse estilo convida a abrir janelas amplas, usar cortinas leves e aproveitar cada nuance da luz do dia. À noite, luminárias com lâmpadas quentes, pendentes em cobre ou madeira e velas perfumadas ajudam a criar uma atmosfera de recolhimento.

Outro destaque são as texturas, que devem ser exploradas sem medo: pisos de cimento queimado ou ladrilho hidráulico, paredes com pintura caiada, sofás com tecidos crus e tapetes de sisal criam uma sensação tátil de aconchego que é a alma do estilo rústico.