Comemorado em 29 de outubro, o Dia Nacional do Livro é mais do que uma data simbólica: é um convite à reflexão sobre o poder transformador da leitura e à valorização dos espaços que a acolhem. Criado em homenagem à fundação da Biblioteca Nacional, em 1810, o dia nos convida a pensar não apenas nos livros que nos marcaram, mas também no ambiente em que os lemos — aquele cantinho silencioso, confortável e cheio de identidade que nos transporta para outros mundos mesmo antes de abrirmos a primeira página.
Esse espaço, cada vez mais valorizado em projetos de interiores, tornou-se uma extensão do estilo de vida. Mais do que funcional, o cantinho da leitura hoje carrega um papel afetivo e decorativo, tornando-se protagonista em ambientes sociais ou íntimos.
O charme de um espaço dedicado à leitura
Criar um cantinho da leitura é mais do que separar uma poltrona e um abajur: trata-se de pensar na experiência sensorial e no bem-estar. Como destaca a arquiteta Isabela Lessa, do escritório Lessa Arquitetura, “um bom espaço de leitura precisa provocar acolhimento. Elementos como iluminação difusa, texturas naturais e mobiliário ergonômico fazem toda a diferença na forma como nos relacionamos com os livros.”

Isso significa que a escolha de cores, tecidos, superfícies e até o silêncio do ambiente são parte essencial dessa composição. Cores claras e neutras criam uma atmosfera tranquila, enquanto tons terrosos e amadeirados intensificam a sensação de refúgio — algo que conversa diretamente com o conceito de biofilia e o uso de materiais naturais.
A importância da luz e da posição dos móveis
A iluminação é talvez o ponto mais determinante do projeto. Luz natural é sempre bem-vinda, mas precisa ser filtrada — persianas de tecido leve ou cortinas translúcidas ajudam a suavizar os raios diretos. À noite, luminárias de piso com hastes articuladas ou arandelas com luz quente (em torno de 2700K) garantem um clima intimista e confortável para longas leituras sem cansar a vista.

Já os móveis devem unir funcionalidade e estética. Uma poltrona com encosto reclinável, almofadas generosas e uma manta de tricô ajudam a criar a ambientação ideal. Ao lado, uma mesinha de apoio permite acomodar o livro da vez, uma xícara de chá ou um difusor de aromas.
Segundo a designer de interiores Paula D’Avila, é preciso observar o ritmo da casa: “O cantinho da leitura precisa dialogar com o restante do ambiente. Em apartamentos pequenos, ele pode ser integrado à sala, varanda ou até ao corredor, com a ajuda de nichos, bancos estofados e estantes embutidas.”
Entre prateleiras e memórias: o papel dos livros na decoração
A organização dos livros é parte fundamental do projeto, tanto para funcionalidade quanto para estética. Estantes abertas com alturas variadas favorecem a ventilação e permitem destacar não apenas os livros, mas também objetos afetivos, plantas e esculturas que complementam o clima do ambiente.

Dispor os livros por cor, autor ou categoria é uma escolha que depende do perfil dos moradores — há quem prefira uma organização intuitiva, misturando títulos e memórias, e há os que veem na simetria da estante uma forma de arte. Em ambos os casos, o resultado deve transmitir pertencimento e prazer.
Vale lembrar que não é preciso ter um grande acervo para justificar o espaço: às vezes, poucos livros bem escolhidos, combinados com elementos pessoais e uma curadoria visual apurada, já são suficientes para dar alma ao ambiente.
Um espaço para cultivar o hábito da leitura — em todas as idades
Criar um cantinho da leitura também é uma forma de estimular o hábito desde cedo, especialmente entre crianças e adolescentes. Um espaço pensado para os pequenos — com almofadas no chão, livros ao alcance das mãos e cores lúdicas — pode ser o início de um vínculo afetivo com o universo literário.
Para adultos, o cantinho pode se tornar um ponto de desaceleração. Em tempos de excesso de telas e estímulos, ter um lugar silencioso, livre de distrações, passa a ser quase terapêutico. E neste Dia Nacional do Livro, nada mais simbólico do que resgatar esse prazer com um toque de design, aconchego e intencionalidade.





