A cor tem poder — e na sala de estar, onde convivência, conforto e estética precisam caminhar juntos, os tons fortes surgem como protagonistas de uma nova narrativa no design de interiores. Em entrevista exclusiva ao EnfeiteDecora, a arquiteta Amanda Mello explica como a escolha acertada de cores marcantes pode criar atmosferas surpreendentes: “A cor tem a capacidade de modificar a percepção de um espaço e de gerar sensações emocionais. Na sala, ela pode acolher, energizar ou até mesmo contar uma história”, diz.
A tendência atual vai além do bege e do cinza. Cada vez mais, os moradores buscam imprimir estilo com tons de azul profundo, verde escuro, bordô e até preto fosco — e tudo isso sem perder o equilíbrio estético. Mas como acertar na dose e fazer essas cores funcionarem? A seguir, respondemos as principais dúvidas sobre o uso de cores fortes na sala de estar, com orientações profissionais que garantem um resultado digno de revista.
Qual a melhor forma de começar a usar cores fortes na decoração da sala?
Segundo Amanda, o segredo está no ponto focal. “Comece aplicando a cor intensa em uma parede de destaque, como a que recebe o sofá ou a estante principal. Assim, o ambiente ganha profundidade sem parecer carregado”, sugere a arquiteta.

O uso localizado permite que os elementos mais vibrantes coexistam com o restante do décor, que pode seguir uma paleta mais neutra, formando um contraste elegante. “O truque está em deixar a cor respirar. Ao usá-la com materiais orgânicos e iluminação bem pensada, ela ganha vida, e não sufoca”, explica.
Tons escuros deixam a sala menor?
Essa é uma das dúvidas mais recorrentes — e também um dos mitos mais comuns na decoração. Amanda Mello responde com firmeza: “Nem sempre. Quando bem aplicados, os tons escuros criam uma sensação de aconchego e sofisticação, o que pode inclusive valorizar o ambiente”. O que realmente impacta a percepção de espaço é a iluminação, natural ou artificial. Em salas pequenas, o uso de cores fortes pode ser pontual — e ainda assim causar grande impacto visual.
A iluminação indireta, vinda de arandelas, fitas de LED ou abajures, ajuda a suavizar o peso visual das cores intensas, permitindo que elas envolvam o ambiente com calor e elegância, sem sobrecarregar.
Que combinações de cores fortes funcionam melhor na sala?
A combinação ideal depende do efeito desejado. Para Amanda Mello, tons como verde-esmeralda e terracota conversam bem com bege, cinza-claro e madeiras claras, resultando em uma paleta moderna e equilibrada. Já o azul-marinho, cor que ganhou destaque nos últimos anos, pode ser combinado com dourado ou branco para criar uma estética sofisticada.

A arquiteta reforça: “Cor forte não significa falta de harmonia. Se houver coerência na proposta do ambiente, vale até apostar em combinações ousadas, como preto e laranja queimado, por exemplo”.
Além disso, tecidos e texturas fazem toda a diferença: veludos, linho grosso e couro em cores intensas contribuem para reforçar o estilo da sala — seja ele clássico, contemporâneo, boho ou industrial.
Como não errar ao escolher uma cor vibrante?
Para os indecisos, Amanda dá uma dica valiosa: “Sempre teste antes. Pinte uma amostra grande na parede e observe a variação da cor ao longo do dia. A luz muda o tom, a intensidade e até a emoção que ela transmite”. É comum que uma cor pareça perfeita pela manhã, mas se torne opressiva à noite. Por isso, o teste em diferentes horários e iluminações é indispensável.
Outra recomendação é evitar modismos passageiros. Aposte em cores fortes com as quais você se identifique profundamente. Afinal, como afirma a arquiteta, “a cor precisa conversar com quem habita o espaço. Mais do que tendência, ela precisa ter verdade”.
Quais elementos decorativos ajudam a equilibrar o uso de cores intensas?
Além das paredes, almofadas, quadros, tapetes e móveis pontuais são excelentes meios de trazer cor com liberdade e possibilidade de mudanças futuras. Uma parede verde-oliva pode ser equilibrada com um sofá off-white e almofadas em tons terrosos. Um quadro grande em tons vivos pode ser o ponto de cor em uma sala neutra.

“Use as cores nos detalhes e no mobiliário se ainda não se sente seguro em pintar grandes áreas. Essa abordagem é mais flexível e dá espaço para experimentar sem grandes reformas”, aconselha Amanda Mello.
Outro ponto importante é não esquecer da natureza: plantas com folhagens verdes intensas — como a costela-de-adão, pacová e marantas — trazem frescor e equilibram visivelmente salas com paredes escuras ou móveis coloridos, além de reforçar a conexão com o bem-estar.
Da ousadia ao aconchego
Ao optar por cores fortes na sala de estar, o que está em jogo vai muito além da estética: trata-se de transformar o espaço em reflexo da personalidade dos moradores, criando cenários que acolhem, impactam e surpreendem.
Como destaca Amanda Mello na entrevista ao EnfeiteDecora, “a sala é o coração da casa — e não existe coração neutro. Cores têm emoção, e trazê-las para o cotidiano é um gesto de autenticidade”.
Com planejamento, equilíbrio e um olhar sensível para as sensações que cada tom desperta, cores marcantes se tornam grandes aliadas da decoração contemporânea — seja em ambientes amplos ou pequenos, clássicos ou modernos.

Sou Cláudio P. Filla, formado em Comunicação Social e Mídias Sociais. Atuo como Redator e Curador de Conteúdo do Enfeite Decora. Com o apoio de uma equipe editorial de especialistas em arquitetura, design de interiores e paisagismo, me dedico a trazer as melhores inspirações e informações para transformar ambientes.
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