Transformar o living no cartão de visitas da casa continua sendo um dos desafios dos projetos de decoração e arquitetura de interiores. Em um mundo que valoriza cada vez mais espaços personalizados, multifuncionais e confortáveis, como alinhar essas demandas e projetar uma sala de estar que seja ao mesmo tempo prática, elegante e acolhedora?
Para a arquiteta Gleuse Ferreira, à frente do escritório homônimo, não há fórmulas prontas. Segundo ela, o segredo está no equilíbrio. “Alguns elementos são indispensáveis para um bom projeto de living, como iluminação bem planejada, uma paleta de cores harmônica e o uso inteligente de texturas e materiais que agregam valor estético e sensorial ao espaço”, destaca a profissional.
Ela defende uma arquitetura flexível, desgarrada de regras rígidas. “A casa deve refletir a personalidade de quem vive ali. A função do arquiteto e do designer de interiores é justamente ajudar o cliente a fazer escolhas assertivas que expressem sua identidade”, afirma.
Papel das cores
As cores exercem influência direta sobre o clima do ambiente. Combinadas com outras nuances, elas despertam sensações e transmitem mensagens. “Mais do que refletirem nosso humor, as cores comunicam intenções. Elas ajudam a traduzir o conceito por trás do projeto”, explica Gleuse.

A arquiteta dá alguns exemplos. Segundo ela, geralmente tons claros são excelentes para refletir luz, favorecendo a iluminação natural e propiciando a sensação de amplitude. Tons escuros, por outro lado, estão comumente associados à ideia de sofisticação e aconchego, quando bem equilibrados. Eles evocam uma imagem de autoridade, mas também de elegância, agregando profundidade e personalidade ao espaço.
As cores quentes, especialmente os tons terrosos, também têm ganhado destaque. “Elas aquecem o ambiente e promovem uma sensação de conexão com a natureza, tornando o living mais convidativo, acolhedor e enérgico”, completa.
O papel da iluminação

Segundo Gleuse, a iluminação precisa ser entendida de duas formas. A luz natural carrega a função de valorizar o espaço e propiciar bem-estar. “A luz natural valoriza o espaço e promove bem-estar. Já a iluminação artificial, quando bem planejada, cria atmosferas diversas, unindo estética e funcionalidade. Por exemplo, uma luz pontual de luminária tem caráter funcional, enquanto uma luz difusa e indireta traz mais aconchego e intimismo ao ambiente”, explica.
Importância dos revestimentos
Em piso, paredes ou teto, os revestimentos têm papel fundamental na definição do estilo e da funcionalidade do living.
“Além de trazerem textura e conforto térmico e acústico, ajudam a valorizar elementos arquitetônicos e a imprimir personalidade ao ambiente”, comenta a arquiteta.
Obras de arte
Obras de arte contribuem significativamente para a valorização do projeto; elas dão identidade, expressão cultural e emoção ao espaço. Uma obra bem escolhida transforma o living, tornando-o único e indo além da decoração para se tornar parte da narrativa do ambiente.

Gleuse conta que acompanha clientes em visitas a galerias ou feiras para garantir uma escolha autêntica e com significado pessoal.
“Penso que a obra deve seguir o perfil de cada pessoa e o conceito do projeto, buscando peças que dialoguem com o estilo, cores e proporções do living”, considera. Para ela, o ideal é que a arte se integre ao ambiente e, ao mesmo tempo, se destaque como ponto de expressão visual.
Outros cuidados essenciais
A integração dos ambientes é outro recurso valorizado por Gleuse. Além de favorecer a iluminação natural e a ventilação, ela amplia visualmente o espaço e melhora a circulação.
A escolha do mobiliário também requer que seja estratégica, segundo ela. “Sofás, poltronas, mesas de centro ou de apoio, aparadores e outros adereços devem ser pautados pelo conforto e precisam ser proporcionais ao ambiente”, pontua.

Na decoração, Gleuse sugere se atentar às texturas: tapetes, almofadas, mantas e outros objetos enriquecem o espaço e reforçam a sensação de conforto. Plantas e materiais naturais, como linho e couro, contribuem e agregam aconchego.
Outra sugestão da arquiteta é o uso de elementos afetivos, como livros, obras de arte de herança familiar e objetos pessoais. “Eles humanizam o espaço e o tornam carregado de memórias e histórias”, observa.
Afinal, o que deve predominar?
Gleuse reforça que o sucesso do living está na harmonia entre todos esses elementos. “Nenhum deve se sobrepor excessivamente; cores, mobiliário, arte e iluminação precisam dialogar de forma harmônica para criar um living funcional, acolhedor e com identidade. O protagonista do espaço deve ser o conjunto bem integrado, guiado pelo estilo de vida e pela personalidade de quem o habita”, conclui.
Sobre Gleuse Ferreira Arquitetura
Sergipana e formada pela Universidade São Marcos desde 2005, atuou como estagiária no IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico Artístico e Nacional) e, trabalhando na mesma época no Estúdio Sarasá, participou de obras de restauro em São Paulo. Pós-graduada em Restauro Arquitetônico na UPC (Universidad Politécnica da Cataluña) também se dedicou a realizar um Master em Arqueologia na UB (Universidade de Barcelona). Ainda na Espanha, trabalhou na UT Remolar, empresa responsável pela obra do novo aeroporto de Barcelona, além do escritório do arquiteto Rafael Vila Rodriguez. Ao retornar para São Paulo em 2008, atuou com a arquiteta Cristiana Castro, onde teve seu primeiro contato com design de interiores, reforma de apartamentos residenciais, decoração e se encantou por esse novo mundo. Hoje atua em seu próprio escritório e prepara-se para mais uma edição da CASACOR São Paulo.
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