Há um momento em que o quarto que nos acompanhou por anos começa a não representar mais quem somos. As estampas infantis já não fazem sentido, os objetos decorativos perderam o encanto e o espaço, que antes parecia um refúgio, agora soa como um lembrete de outra época. Esse sentimento é comum na transição entre a infância e a adolescência — uma fase de descobertas, mudanças de gostos e, claro, de identidade.
A boa notícia é que não é preciso fazer uma reforma completa para dar uma nova cara ao ambiente. Com criatividade, reaproveitamento e atenção a alguns detalhes estratégicos, é possível renovar o quarto e deixá-lo com mais estilo, sem comprometer o orçamento.
O impacto visual começa pela cama
Na hora de dar os primeiros passos rumo a um novo quarto, o ponto de partida pode ser justamente o elemento central do ambiente: a cama. Segundo a designer de interiores Fabiana Visacro, ela é a primeira coisa que chama atenção ao entrar no cômodo. Por isso, vale investir em uma mudança simples, mas eficiente — como uma nova colcha. Sai o colorido infantil, entram tecidos que representem a nova fase da moradora.
Uma sugestão eficaz é apostar em tecidos mais neutros ou que reflitam o estilo pessoal. “Trabalhar com tecidos que já estão presentes no guarda-roupa da adolescente, como o acetinado de cor única, é uma boa ideia. Eles trazem brilho sutil e criam um visual mais maduro”, afirma Fabiana.
Cabeceira: detalhe que define estilo
Outro elemento que pode transformar o quarto sem grandes gastos é a cabeceira da cama. Se a ideia é dar um ar romântico, uma cabeceira estofada com capitonê pode ser a escolha ideal. Já para perfis mais objetivos e práticos, uma versão lisa, com linhas retas e design simples, proporciona elegância sem exageros.
Essa mudança é especialmente importante porque redefine o ambiente com um toque sofisticado. E, muitas vezes, é possível reaproveitar estruturas existentes, apenas trocando o tecido ou fazendo uma pintura artesanal.
Adornos com o que você já tem
Não é necessário comprar novos objetos decorativos para renovar o quarto. O segredo está em reaproveitar o que já existe, atribuindo novas funções aos itens. Uma bandeja bonita pode virar suporte para frascos de perfumes, enquanto taças ou copos coloridos ganham nova vida como porta-pincéis de maquiagem.
Até mesmo aquela pisca-pisca guardada do Natal passado pode se transformar em um ponto de luz charmosa, se for combinada com bolinhas de pingue-pongue, criando uma iluminação difusa e delicada ao redor da penteadeira ou da cama.
“É importante que o quarto carregue elementos que façam sentido para quem vive ali”, defende Fabiana. E, nesse ponto, cada adorno pode ser mais que decorativo — ele pode contar uma história, representar um hobby ou refletir um gosto pessoal.
Inspire-se em quem você é
Muito além de copiar ideias prontas, transformar o quarto da infância é um processo de autoconhecimento. Pensar nos próprios gostos — lugares preferidos, artistas favoritos, hobbies e até cores — ajuda a criar uma decoração que faz sentido e acolhe.
Essas referências podem estar presentes nas estampas das almofadas, no tecido da cortina, nos quadros, luminárias ou até nos post-its colados no mural. Tudo vale, desde que represente um pouco de quem mora ali.
“A inspiração mais importante é a própria adolescente. Quando ela entende o que gosta, o quarto passa a ter a alma dela. E isso é o que realmente importa”, reforça a Design de ambientes Fabiana Visacro.
O quarto como espaço de segurança e identidade
A adolescência é marcada por desafios emocionais, sociais e familiares. Nesse contexto, ter um quarto que acolhe, que funciona como um espaço de respiro, se torna essencial. É o ambiente onde ela pode ser quem quiser, sem julgamentos ou expectativas externas.
“Esse espaço precisa ser seguro. Se, no meio do caminho, ela cansar de subir a escada da vida, o quarto deve ser o degrau onde ela pode descansar”, conclui Fabiana. Um ambiente com essa função vai muito além da estética — ele passa a ser um pilar na formação da autoestima, da autonomia e da confiança.





