Não é de hoje que as flores ocupam um lugar especial no imaginário do Dia das Mães. Elas são um gesto visual de afeto, gratidão e reconhecimento. Mas, nos últimos anos, uma espécie em particular tem se destacado como protagonista dessa celebração: o antúrio. Com sua aparência elegante, folhas brilhantes e flores que mais parecem obras de arte, essa planta tropical passou de item decorativo a emblema afetivo. E mais: ela carrega consigo uma mensagem que vai além da beleza.
O que antes era associado a jardins tropicais ou ao paisagismo de interiores sofisticados agora tem um papel emocional muito claro. O antúrio se tornou um símbolo de amor duradouro e de cuidado constante — uma tradução botânica do que tantas mães representam. Sua resistência natural, a capacidade de florescer por longos períodos e a variedade de cores intensas fazem com que ele seja cada vez mais escolhido como presente para essa data tão especial.
Do verde ao vermelho: a linguagem silenciosa do antúrio
Se as rosas vermelhas sempre disseram “eu te amo”, o antúrio vermelho modernizou essa declaração. Vibrante, escultural e cheio de personalidade, ele conquista justamente por fugir do óbvio. De acordo com a botânica e pesquisadora ornamental Elisa Barbosa, o sucesso do antúrio nas floriculturas nesta época do ano tem relação direta com a necessidade de oferecer presentes que durem mais.

“O antúrio é uma flor que atravessa estações. Ele resiste ao tempo, assim como o vínculo entre mães e filhos. Há uma conexão entre a longevidade da planta e o desejo de marcar o momento com algo que permaneça”, explica. Essa longevidade não é apenas simbólica. O antúrio, quando bem cuidado, pode florir por anos, mesmo em ambientes internos, desde que receba luz filtrada, regas regulares e esteja em um vaso bem drenado. Por isso, o cuidado com a planta também se transforma em um gesto contínuo de afeto. E talvez aí resida sua força como presente: ele exige carinho para florescer.
Um presente com raízes culturais e emocionais
Além da estética marcante, o antúrio carrega uma história rica em significados. Originário das florestas tropicais da América Central e do Sul, ele simboliza hospitalidade, proteção e força. Para muitas culturas, suas folhas em formato de coração são interpretadas como um sinal de acolhimento — algo muito alinhado ao arquétipo da mãe cuidadora.
A arquiteta paisagista Patrícia Grecco, que há anos trabalha com plantas ornamentais em projetos residenciais, afirma que a escolha do antúrio vai além da beleza: “Existe uma tendência crescente de presentear com plantas que estabelecem um vínculo emocional. O antúrio é uma planta que acompanha a casa, cresce com a família e se torna parte da memória afetiva do espaço. É um presente vivo, que se transforma com o tempo”, observa.
O fenômeno é visível nas floriculturas de bairro, nas grandes redes de supermercados e até em marketplaces. As versões em vasos cerâmicos personalizados, com cores que vão do clássico vermelho ao rosa suave, branco puro e até tons mais raros como vinho ou salmão, ganharam novas roupagens e passaram a dialogar com diferentes estilos de mães — da clássica à moderna, da romântica à minimalista.