Quando a vontade de transformar um ambiente bate à porta, mudar a cor das paredes costuma ser o primeiro impulso. E se elas forem texturizadas? A boa notícia é que, com os cuidados certos, é totalmente possível renovar o visual sem apagar a personalidade do acabamento. Além de visualmente marcantes, as paredes com textura oferecem profundidade e um charme tátil ao espaço — e isso não precisa ser perdido em uma nova pintura.
Mas o processo exige mais do que simplesmente abrir a lata de tinta e passar o rolo. Envolve entender o tipo de textura existente, preparar a superfície adequadamente e, principalmente, escolher os materiais certos para garantir cobertura, durabilidade e beleza.
A textura influencia, e muito, na repintura
Uma parede texturizada demanda um olhar mais técnico antes de ser pintada. Texturas como grafiato, chapiscado, ranhura ou esponjada têm profundidades distintas, o que afeta diretamente na quantidade de tinta e na forma de aplicação. “Cada relevo cria áreas de sombra e luz. Se a tinta não for bem aplicada, esses efeitos naturais ficam comprometidos”, afirma o arquiteto e professor de pintura decorativa Rafael Grimaldi, especializado em revestimentos e técnicas de acabamento.

Por isso, um dos primeiros passos é identificar o tipo de textura que está presente. Texturas mais abertas e profundas absorvem mais tinta e exigem mais camadas, enquanto as mais delicadas podem ser cobertas com menos esforço — mas sempre com precisão.
Preparar é mais importante que pintar
Antes de pensar na nova cor, é preciso limpar e preparar bem a parede. A superfície deve estar livre de poeira, mofo ou gordura, o que comprometeria a aderência da tinta. Especialistas recomendam o uso de vassoura de cerdas macias para remoção da sujeira superficial, seguido por um pano úmido para eliminar resíduos mais finos. Quando necessário, uma escova de aço pode ser utilizada com delicadeza, apenas para uniformizar o relevo sem desgastar a textura original.

Segundo a arquiteta e consultora de acabamentos Amanda Vieira, “a repintura de paredes com textura exige atenção redobrada ao lixamento e à limpeza. Muitas vezes, o maior erro é aplicar a tinta sobre uma base mal preparada, o que compromete o efeito final e reduz a durabilidade”.
Escolha da tinta e ferramentas certas faz toda a diferença
Na hora de mudar a cor da sua parede, a escolha do material certo define o sucesso do projeto. A tinta acrílica é a mais indicada para superfícies com textura. Além de oferecer boa cobertura, ela seca rápido e possui resistência à umidade — ideal para áreas internas e externas.

O rolo de lã com pelo alto é o mais recomendado, pois consegue alcançar os recessos da textura sem comprometer o desenho. Outra dica valiosa: encharcar levemente o rolo com tinta ajuda a alcançar uma cobertura mais uniforme, sem precisar pressionar a ferramenta contra a parede.
Como o relevo dificulta a percepção de manchas, aplicar pelo menos duas ou três demãos é essencial para cobrir totalmente a cor anterior. E atenção: cada demão precisa secar completamente antes da próxima aplicação, o que evita marcas e falhas.
A cor ideal valoriza a textura e o ambiente
Escolher a nova tonalidade é o momento de criatividade e equilíbrio. Paredes com relevo não combinam com qualquer tom: as cores muito escuras, por exemplo, podem acentuar demais as sombras, tornando o ambiente pesado. Já os tons claros ajudam a suavizar os contornos da textura e iluminam o espaço.

Vale harmonizar com o restante da decoração: sofás, quadros, móveis e até tapetes devem dialogar com a nova cor da parede. “A pintura precisa conversar com o estilo da casa, mas também com o humor de quem vive ali”, diz Amanda. “Cores como verde oliva, bege rosado, azul petróleo ou terracota são tendências que ficam lindas em texturas”.
Além disso, uma dica contemporânea é usar a parede como ponto focal. Em espaços minimalistas, por exemplo, uma única parede texturizada e colorida já traz identidade ao cômodo sem necessidade de muitos complementos.
Textura antiga, parede renovada
Mesmo quando a textura foi aplicada há anos, é possível repaginar com sucesso. O importante é avaliar se há trincas, descascados ou infiltrações. Caso sim, a recomendação é fazer os devidos reparos antes da pintura. Aplicar massa acrílica sobre os danos e lixar suavemente garante que a nova cor tenha uma base uniforme e duradoura.
Outra vantagem da pintura sobre textura é a economia. Sem a necessidade de remover ou refazer o acabamento, é possível dar cara nova ao ambiente apenas com alguns materiais acessíveis e um pouco de paciência. Com as técnicas corretas, o visual final pode ser tão impressionante quanto uma reforma completa.