Em um primeiro momento, esta relação pode parecer desconexa, mas a escolha dos eletrodomésticos da cozinha deve sim ser feita no momento do projeto. Definir quais são essenciais, bem como aqueles que atendem às reais necessidades e dimensões do ambiente farão com que a marcenaria planejada os incorpore devidamente – principalmente quando estamos falando de uma área compacta.
De acordo com arquiteta Cinthia Claro, à frente do seu escritório homônimo, os eletrodomésticos devem ser adquiridos (ou pelo menos definidos) antes de executar a marcenaria. “Para uma melhor otimização do espaço, definir com o cliente quais estarão presentes na cozinha e suas respectivas medidas, garantirá o máximo aproveitamento da área disponível”, explica.
Planejamento da marcenaria
Em um projeto de interiores, o planejamento da marcenaria é uma etapa essencial. Por essa razão, ciente dos eletrodomésticos que terão na cozinha, incluindo os menores, a arquiteta consegue projetar um layout funcional e eficiente para o dia a dia do morador.

No entanto, segundo a profissional, a rotina e a quantidade de pessoas são outros dois fatores que influenciam. “Se o projeto é destinado para uma pessoa que mora sozinha e costuma pedir delivery ou comer fora, talvez uma geladeira grande não faça tanto sentido”, exemplifica.
Fogão x Cooktop

Cada um apresenta as suas vantagens e desvantagens. De acordo com Cinthia, apesar da maioria dos projetos atuais contarem com o cooktop, ainda há moradores mais resistentes a modernidade e preferindo o fogão tradicional. Sua função 2 em 1 já inclui o forno, facilitando para quem deseja ter apenas um eletrodoméstico.
O cooktop, em contrapartida, otimiza o espaço, integrando-se à bancada e liberando espaço inferior para gavetas, armários ou nichos. “Grande parte dos projetos de hoje utilizam o cooktop, seja pela praticidade que oferece, seja pelo visual leve que apresenta”, observa.

A escolha do modelo também é um fator preponderante. Elétricos, a gás e de indução possuem seus prós e contras. Segundo Cinthia, enquanto o elétrico e o de indução possuem um custo maior, ambos oferecem um controle de temperatura superior que os modelos a gás.
Forno
Para os moradores que optam pelo cooktop, a necessidade de um forno – seja elétrico ou a gás – se faz fundamental, principalmente quando a família gosta de cozinhar. Cinthia pontua que o forno a gás costuma ser mais econômico no uso contínuo: “Se as pessoas utilizam com frequência, acaba sendo mais recomendado”. Seu aquecimento é rápido e funciona mesmo sem energia elétrica.

Já o forno elétrico é mais usado quando o morador deseja um aquecimento mais uniforme e com controle de temperatura preciso. Todavia, consome mais energia e apresenta um aquecimento mais lento.
Em relação à capacidade, a profissional recomenda:
- Até 20 litros: indicado para uma a duas pessoas
- De 20 a 30 litros: indicado para duas e quatro pessoas
- De 30 a 50 litros: indicado para quatro a seis pessoas
- Acima de 50 litros: indicado para seis ou mais pessoas
Contudo, ela faz uma ressalva: “Isso não é uma regra, uma vez que, se o morador gosta muito de cozinhar, um forno com no mínimo 50 litros é o ideal para ele assar uma pizza ou uma ave”.
Geladeira
A geladeira não pode deixar de integrar o ambiente da cozinha e Cinthia enfatiza que o projeto da movelaria já considera um nicho para alocar o eletrodoméstico. “Caso o cliente vá adquirir uma nova, peço para definir o modelo previamente. Assim, podemos desenhar a marcenaria com a medida exata”, comenta.

Os diferentes modelos são divididos em três tipos: Duplex, Inverse e Side by Side. Enquanto o Duplex consiste na opção mais acessível e tradicional das casas brasileiras, a geladeira Inverse traz o freezer embaixo, uma vantagem ergonomicamente melhor. Já a Side by Side tem o refrigerador de um lado e a geladeira do outro, apresentando uma grande capacidade de armazenamento e visual moderno, ótimo para casas com muitas pessoas e uma cozinha espaçosa.
A arquiteta destaca que a capacidade do eletrodoméstico está relacionada ao número de moradores:
- Até 300 litros: para uma a duas pessoas
- De 300 a 450 litros: três a quatro pessoas
- Acima de 450 litros: cinco ou mais pessoas
Micro-ondas
No caso do micro-ondas, Cinthia afirma que vai depender da finalidade que será usado. Se a cozinha é pequena ou se o eletrodoméstico se resumirá apenas ao seu uso básico de esquentar a comida, modelos de 20 a 25 litros e com uma potência de até 800 W atendem às demandas perfeitamente.

Porém, para preparar receitas ou descongelar alimentos, é importante investir em um micro-ondas de 25 a 35 litros, entre 800 W e 1.000 W, que aquece com eficiência. Para uso frequente ou preparo de pratos maiores, a arquiteta indica modelos acima de 35 litros com mais de 1.000 W.
Lava-louças
“Será mesmo necessário? Existe demanda?”, questiona Cinthia. Especialmente em cozinhas compactas, seu uso pode ser dispensável, na visão da arquiteta. “Muitas vezes, vale mais a pena investir em mais armários e gavetas, em vez de uma lava-louças, quando o morador vive sozinho ou acessa pouco a cozinha”, acrescenta.

Entretanto, se o cliente faz muita questão, a profissional sugere algumas soluções. Entre elas, a integração da cozinha com a área de serviço, mantendo a lava-louças entre esses dois ambientes, abrindo mais espaço para a marcenaria.
Além disso, quanto à capacidade de itens que a lava-louças consegue acomodar, Cinthia recomenda que dependerá da quantidade de moradores, estilo de vida e hobbies:
- De 8 a 10 serviços: para até 3 moradores
- De 10 a 12 serviços: para 4 moradores que cozinham com frequência
- 14 serviços ou mais: acima de 5 moradores ou quem recebe muitas visitas
E os menores?
Liquidificador, sanduicheira, air fryer, batedeira, processador de alimentos também fazem parte da nossa rotina contemporânea. Como solução para guardar todos esses eletrodomésticos menores, prateleiras podem solucionar a ausência de área de armazenamento.

“Eles não são usados com a mesma frequência que uma geladeira ou um fogão. Por isso, podemos nos aproveitar de uma parede vazia para elaborar uma marcenaria de apoio para receber esses itens”, finaliza.





