Ao entrarmos em um ambiente, somos frequentemente tomados por diferentes sensações. Alguns lugares transmitem alegria e memórias agradáveis, enquanto outros nos causam intimidação ou desânimo e isso ocorre porque os locais afetam diretamente nosso comportamento e emoções. Portanto, ao projetar um espaço, é essencial considerar esses fatores e alinhá-los aos objetivos de quem o ocupará. Em projetos residenciais, o foco é promover a conveniência dos moradores, entregando uma experiência positiva para todos.
Segundo a arquiteta Júlia Guadix, à frente do Studio Guadix, uma arquitetura acolhedora envolve compreender cada tipo de público e espaço. O caminho é buscar os elementos que adicionam leveza, receptividade e aconchego . “No processo do projeto, a primeira etapa é me aprofundar na história do meu cliente. Sempre falo que as pessoas são únicas, então suas casas também devem ser únicas. Gosto de me aprofundar na dinâmica da sua família, rotinas e preferências de cada um. Preciso entender o que é essencial, o que é inegociável. E assim, ao longo do projeto, consigo traduzir na casa o significado de acolhimento para cada cliente ”, explica.
Materiais e cores indicados
Para elaborar esses espaços afáveis, a profissional recomenda a escolha de materiais que transmitam sensação de calor – não aquele indicado no gradiente de um termômetro, mas sim sob a ótica emocional. Por exemplo, um porcelanato com padrão de madeira, assim como o tijolinho, caem muito bem em diversos locais diversos de casa.
“Gosto de limitar os azulejos ao interior do box e atrás da bancada da cozinha e, em muitos casos apenas até a altura necessária, evitando um excesso que pode tornar o ambiente mais frio”, aconselha. Materiais naturais como madeira e palha também se somam neste propósito, assim como texturas presentes nos tecidos de cortinas, cabeceiras estofadas, sofás confortáveis e mantas, entre outras possibilidades.
Quanto à paleta de cores, tons quentes tendem a proporcionar mais amparo, no entanto é possível alcançar um ambiente com linguagem semelhante por meio de tons menos saturadas e com fundo quente. Ao invés de vermelho vibrante, de acordo com a arquiteta, um tom terracota alcança um resultado muito mais acolhedor e menos estimulante.
Boa iluminação é fundamental
Para Júlia, valorizar tanto a iluminação natural quanto a artificial é essencial. No que diz respeito às fontes de luz, a arquiteta indica sempre o branco quente, entre 2700K e 3000K, mesmo para ambientes como cozinha, lavanderia, banheiro ou escritório, e lembra que a tonalidade e a intensidade da iluminação são características diferentes e é possível iluminar bem com luzes branco quente. Ainda de acordo com ela, luzes indiretas, rebatidas no teto ou nas paredes e lâmpadas com cúpulas com filtros deixam tudo muito mais hospitaleiro.
A acústica também é importante
A ausência de conforto acústico é uma questão que provoca bastante incômodo. Conforme explica a arquiteta, ambientes vazios ou com muitas superfícies lisas e polidas provocam ecos que podem ser resolvidos por meio da adição de tapetes, cortinas, mobiliário e o revestimento de paredes. Já para conter os sons externos, é possível que sejam necessárias intervenções estruturais como a substituição de janelas comuns por modelos com melhor isolamento acústico.
Se o problema for o barulho derivado por vizinhos, ela indica soluções mais drásticas como método “box-in-box” que consiste em criar uma camada de isolamento no forro, piso e paredes. “É como se estivéssemos construindo uma caixa dentro do apartamento”, exemplifica. “Porém, em apartamentos compactos, essa estrutura acaba por comprometer a área útil, dado que perdemos de 7 a 15cm em cada contra-parede, forro ou contra piso acústico”, adverte.
Décor convidativo
Conforme indica Júlia, a etapa do décor percorre uma linha tênue entre o minimalismo e maximalismo exacerbado, sempre com foco na concepção de ambientes que reflitam quem vive ali, mas sem sobrecarregar os sentidos.
O mobiliário também desempenha papel importante e a sugestão é optar por peças com cantos com ausência de quinas e estofados, bem como a presença sempre bem-vinda de almofadas e mantas. “Puxadores diferenciados e molduras nas portas da marcenaria também acrescentam essa delicadeza que buscamos”, analisa.
Dicas extras para um ambiente acolhedor
No capítulo objetos de decoração, a arquiteta aponta a predileção por aqueles que trazem alegria e significado afetivo como peças de família, lembranças de viagens ou fotos que registram momentos especiais. Apaixonada por plantas, ela afirma não abrir mão de tê-las dentro de casa, assim como matérias-primas como a madeira, palha e linho.
Questione as tendências
Por fim, Júlia ressalta que ninguém é obrigado a seguir as tendências se não fizerem sentido para quem vai viver ali. “Temos visto muitas poltronas e sofás mais arredondados, robustos e com texturas agradáveis como buclê ou veludo que são especialmente acolhedores, ainda mais no clima frio. Tons de terracota e elementos com estética dos anos 1970 também estão em alta e trazem um charme especial. Essas são características que trazem aconchego. Então, se te brilhar os olhos, aproveite que temos bastante opção de móveis e decorações para trazer acolhimento para a sua casa”, finaliza.
Sobre o Studio Guadix
Fundado em março de 2016 pela arquiteta Júlia Guadix, o escritório, que antes se chamava Liv’n Arquitetura, nasceu com o intuito de construir, junto aos clientes, projetos originais e personalizados, capazes de promover mudanças tanto no imóvel como no estilo de vida dos moradores. A troca de nome para Studio Guadix, planejada por Júlia e seu irmão Victor, que também integra a equipe, aconteceu em 2021. Mas o propósito da arquiteta segue o mesmo desde o princípio: entregar trabalhos que passem a ideia de conforto e modernidade por meio de um estilo simples, acolhedor e atemporal. Até agora, são mais de 30 reformas concluídas.
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