Ao primeiro olhar, o ciclame encanta por suas pétalas delicadas que parecem bailar no ar. Com folhas verde-escuras desenhadas por nervuras prateadas e flores que variam entre tons de rosa, roxo, branco e vermelho, essa planta não só é estonteante na aparência como também surpreende por sua resistência — desde que se compreendam seus ritmos e cuidados específicos.
Originária das regiões montanhosas do Mediterrâneo, a planta ganhou espaço no Brasil como uma opção sofisticada para interiores bem iluminados. O mais curioso? Ao contrário da maioria das flores, o ciclame floresce no inverno e repousa durante os meses mais quentes. Entender esse comportamento é o primeiro passo para mantê-lo saudável e exuberante ao longo das estações.
Compreender o ciclo é o segredo para não perder sua beleza
Uma das principais causas de frustração entre os jardineiros iniciantes é ver o ciclame perder as folhas no verão. Isso, no entanto, não significa que ele esteja morrendo.
“O ciclame entra em dormência durante os meses mais quentes. Muita gente acha que a planta secou, mas esse é um comportamento natural”, explica a engenheira agrônoma Lorena Falcão, especialista em cultivo ornamental.

Durante esse período de dormência, o ideal é reduzir drasticamente a rega e manter o vaso em local fresco e sombreado. Forçar o desenvolvimento da planta nessa fase pode causar o apodrecimento do bulbo, que é seu órgão de reserva subterrâneo. Quando o clima começa a esfriar, a planta naturalmente começa a emitir novas folhas, sinalizando que está pronta para recomeçar seu ciclo floral.
Luz, água e temperatura: o trio que dita o sucesso do cultivo
Diferentemente de muitas espécies tropicais, o ciclame não tolera calor excessivo nem sol direto. Ele prefere ambientes frescos, ventilados e com luz indireta, como uma varanda voltada para leste ou um ambiente próximo à janela, mas sem incidência solar intensa. A rega é outro ponto crítico. O solo deve permanecer levemente úmido, sem encharcamento.
“O ideal é regar por baixo, colocando o vaso sobre um prato com água por alguns minutos. Isso evita que a umidade atinja o centro da planta e provoque fungos ou o apodrecimento do bulbo”, orienta o paisagista Hugo Tamashiro.
Durante a floração, regas mais regulares são bem-vindas, sempre com atenção à drenagem. Já nas épocas de dormência, a planta deve ser deixada praticamente seca, como em repouso.
Como fazer o ciclame florescer novamente?
A recompensa por respeitar o tempo do ciclame é ver suas flores desabrocharem com vigor. Para estimular a floração, alguns fatores devem estar alinhados: ambiente com temperaturas entre 10 e 20 °C, boa luminosidade e adubação equilibrada.

A adubação pode ser feita a cada 15 dias durante o período ativo da planta com fertilizantes ricos em fósforo e potássio, nutrientes que favorecem a formação de botões florais. Evite o excesso de nitrogênio, que estimula folhas, mas não flores.
Segundo Hugo Tamashiro, o replantio também pode ajudar. “Após a dormência, vale replantar o bulbo em substrato novo, rico em matéria orgânica, para revitalizar a planta. Isso incentiva o desenvolvimento de raízes mais fortes e o surgimento de novas brotações”, afirma.
Ciclame é ideal para ambientes internos?
Sim — e essa é uma de suas maiores vantagens. Por apreciar luz difusa e clima ameno, o ciclame se adapta bem a ambientes internos decorativos, como aparadores, mesas de centro ou lavabos. O toque ornamental das flores, com pétalas que se erguem como pequenas chamas coloridas, eleva instantaneamente a atmosfera do espaço.
Contudo, por ser uma planta sensível ao calor e à umidade, deve-se evitar locais abafados, como cozinhas ou banheiros sem ventilação. O uso de pratinhos sob os vasos deve ser criterioso, com atenção à drenagem, para evitar o acúmulo de água.
Cuidado com pets e crianças
Apesar de encantador, o ciclame contém substâncias tóxicas se ingeridas. O contato direto com o bulbo pode causar náuseas em animais domésticos e crianças pequenas. Por isso, se o ambiente for compartilhado com pets, é importante posicionar o vaso fora do alcance ou optar por espécies mais seguras.