Ter uma varanda em meio à cidade é como ter um pedaço de natureza para chamar de seu. Contudo, à medida que os edifícios crescem para cima e para os lados, a privacidade na varanda pode se tornar uma questão delicada.
O vizinho da frente, o prédio ao lado e até os olhares curiosos da rua acabam interferindo naquele momento de pausa ao ar livre. É aí que entra o paisagismo como aliado: ao invés de recorrer a divisórias ou cortinas pesadas, por que não usar plantas que ofereçam privacidade com beleza e frescor?
Verde que protege e encanta
As plantas não apenas emolduram a varanda com vida, mas também atuam como barreiras visuais naturais. O segredo está em escolher espécies que tenham porte e volume adequados, aliando estética, funcionalidade e fácil manutenção. Segundo a paisagista Maritza Almeida, da Pleno Paisagismo, a seleção ideal leva em conta a incidência solar, o vento e a frequência de regas que o espaço exige. “É essencial compreender o microclima da varanda antes de montar um jardim que atenda à privacidade e se mantenha saudável. A escolha errada pode frustrar o projeto e o morador”, pontua.

Para varandas ensolaradas, Maritza recomenda espécies como bambu-mossô em vasos, que cresce de forma vertical e forma uma cortina verde elegante e contínua. O bambu, além de leve visualmente, permite que a luz passe com suavidade, sem bloquear totalmente a vista. Já para locais de meia-sombra, opções como a areca-bambu ou a rhipsalis criam texturas interessantes e funcionam bem como elementos de fechamento natural.
Folhagens estruturadas para delimitar o espaço
Não é só o porte que importa. A densidade das folhagens também faz diferença no nível de privacidade. Espécies como a dracena arbórea, a pleomele e a clúsia têm folhas volumosas e resistentes, ideais para bloquear a visão de quem está fora da varanda, sem impedir a entrada de luz. Essas plantas ainda têm a vantagem de aceitar bem a poda, o que permite modelá-las de acordo com o espaço disponível e o desejo estético do morador.

Outro exemplo funcional e ornamental é a nandina doméstica, que varia de cor ao longo do ano, indo do verde ao vermelho, e cresce de maneira controlada, sendo uma excelente opção para floreiras altas. Já quem prefere um toque mais tropical pode apostar na alpínia purpurata, que forma touceiras altas e floridas, com aparência exuberante.
De acordo com o botânico Marcelo Noronha, o uso de plantas nativas ou adaptadas ao clima da região é outro fator importante na criação de jardins funcionais em apartamentos. “Espécies como a murta, o hibisco e a gardênia são resistentes e se desenvolvem bem em vasos, com a vantagem de florescerem ao longo do ano e ainda atraírem polinizadores”, explica Marcelo.
Vaso certo, planta saudável
Na composição do paisagismo para garantir privacidade na varanda do apartamento, os vasos não são apenas recipientes — eles fazem parte do projeto. Modelos mais altos e estreitos favorecem o crescimento vertical das plantas e delimitam visualmente o espaço. Em varandas com piso frio ou deck de madeira, vasos de cimento queimado, barro ou fibra sintética ajudam a manter o equilíbrio térmico do solo e reforçam o estilo natural do ambiente.

É importante lembrar que, em muitos casos, a melhor solução é misturar espécies. Uma combinação de plantas com folhagens densas, algumas com flores e outras pendentes, cria movimento, diversidade visual e, claro, eficiência na proteção contra olhares indesejados. E para aqueles que buscam um toque ainda mais sensorial, plantas como lavandas, jasmim-manga e pitangueiras anãs trazem aroma e sabor ao refúgio urbano.