Como a arquitetura de interiores ajuda a criar espaços seguros e funcionais para as crianças

Desde as características e disposição dos móveis e eletrodomésticos, até a instalação do revestimento, a arquiteta Cristiane Schiavoni afirma que é possível elaborar um décor no estilo desejado, sem descuidar da segurança

casa segura 1 jpg Como a arquitetura de interiores ajuda a criar espaços seguros e funcionais para as crianças

“O seguro morreu de velho!”, já dizia aquele antigo ditado popular. Se a segurança é essencial em nossos lares, os cuidados devem ser redobrados (triplicados, se possível) em casas e apartamentos com crianças. Porém, se alguns desses detalhes podem soar como óbvios, outros nem todo mundo ainda conhece.

Nos lares de famílias com filhos pequenos, algumas precauções já estão no radar dos pais, mas existem muitos outros que somente o olhar de um profissional é capaz de prever no projeto”, afirma a arquiteta Cristiane Schiavoni, que comanda seu escritório homônimo, e defende que pensar na infraestrutura durante o desenvolvimento do projeto e execução é o meio mais efetivo de mitigar os riscos de acidentes.

Sala de Estar

Uma das questões que afetam a tranquilidade é a circulação, fruto da desproporcionalidade entre o tamanho do ambiente e as dimensões dos móveis escolhidos. “Essa sensação de aperto é um ‘convite’ para trombadas que podem machucar com gravidade”, avalia Cristiane. De acordo com ela, no estudo do layout o espaço vazio é tão importante quanto a área mobiliária.

Para a área social desta casa com dois meninos com idade de 6 e 10 anos, a arquiteta Cristiane Schiavoni promoveu a integração entre todos os ambientes. Além de favorecer a circulação, ajudando os pais a manterem as crianças sob seus campos de visão, o formato orgânico do mobiliário elimina as quinas perigosas | Fotos: Carlos Piratininga

Ela também alerta sobre o posicionamento dos objetos de decoração, principalmente em móveis mais baixos como mesa de centro que, de preferência, devem apresentar cantos arredondados.

Por conta do fácil acesso, itens de vidro, porcelana e pontiagudos devem ser, obviamente, evitados. “Além do risco de quebrar e provocar machucados, as plantas também precisam ser reconsideradas, pois é muito comum que as crianças levem tudo o que veem para a boca”, aconselha a arquiteta, que também é mãe e já passou por essas experiências em casa.

No apartamento da Juliana e do Arthur, pais de dois filhos, a arquiteta Cristiane Schiavoni realizou a combinação de uma mesinha de centro redonda e os pufes de couro, excelentes opções para servir como suporte e assentos extras. “Com a beleza dessa seleção, as peças ficam soltas e sem a necessidade de complementar a decoração”, avalia | Fotos: Carlos Piratininga

E o tapete? Sobre essa peça polêmica a arquiteta possui uma opinião favorável sobre sua inclusão, mas tece algumas ressalvas: “Podemos seguir por dois caminhos. Ou trabalhamos com um modelo mais fino e acabamento antiderrapante, ou partir para uma versão mais estruturada para não formar as famosas orelhas das pontas que são perigosas por causarem tropeços”, pontua. Ela ainda destaca que o tapete é um valioso aliado para proteção nas quedas. “Ele sempre dá uma amortecida”, complementa.

Varandas e salas de jantar

Em residências com crianças, Cristiane é enfática em eleger os formatos redondos ou ovais, eliminando as quinas vivas, se refletindo igualmente na estrutura das cadeiras. “Sem contar que o formato orgânico está super em alta no décor de interiores”, ressalta.

 A leveza das formas orgânicas é uma aposta da arquiteta Cristiane Schiavoni para famílias com crianças pequenas | Fotos: Carlos Piratininga

Sobre os materiais, vidro e a laca, por sua delicadeza, são acabamentos a serem evitados. “O tampo pode se danificar facilmente se a criança resolver fazer seus desenhos diretamente na mesa e sem nenhum apoio”, relata a profissional.

Escadas

Especialmente em apartamentos ou em casas com mais de um pavimento, a arquiteta adverte sobre a importância de dedicar um olhar vigilante às escadas. A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), na NBR 14718 que trata a respeito de guarda-corpos para edificação, determina uma altura mínima de 1,10 m englobando o piso acabado até a parte superior do peitoril.

Guarda-corpo e corrimão, como esse embutido realizado pela arquiteta Cristiane Schiavoni, auxiliam na movimentação das crianças que, a depender da idade, precisam ser sempre acompanhadas por seus pais | Foto: Carlos Piratininga

“Mas precisamos ter em mente que criança não tem noção de perigo. Por isso, não adianta apenas acompanhar as referências arquitetônicas, pois um sofá próximo à escada se torna um meio para brincadeiras perigosas”, exemplifica. Portanto, além de observar as medidas determinadas protetivas, faz-se fundamental cuidar do posicionamento dos móveis.

Organização evita acidentes

Em um cantinho da varanda, a arquiteta Cristiane Schiavoni reservou uma salinha de TV/brincadeiras para os dois filhos do casal. Tudo fica nos seus lugares com os armários previstos por ela na marcenaria planejada | Foto: Carlos Piratininga

Principalmente em apartamentos, papais e mamães sabem que os ambientes das áreas sociais se tornam locais de brincadeiras. Para mitigar eventuais riscos de quedas com brinquedos espalhados no chão, Cristiane enfatiza a necessidade de programar espaços de organização que podem estar em caixas ou em armários previstos para essa finalidade.

Cozinha

Puxadores embutidos e torre quente contemplam algumas das soluções propostas pela arquiteta Cristiane Schiavoni para esta cozinha, visando diminuir a probabilidade de um incidente quando o menino dos moradores estiver no ambiente | Fotos: Luis Gomes de Souza

Cristiane é categórica: Cozinha não é lugar para criança”. Afinal, reúne tudo que há de mais perigoso como fogo, calor e instrumentos pontiagudos e cortantes. Mas como se torna impossível restringir por completo, junto com o monitoramento dos responsáveis, ela indica posicionar os utensílios fora do alcance e considerar mudanças como a localização do forno. “Ao invés de instalá-lo embaixo do cooktop, como é costumeiro, a torre quente é uma excelente resolução”, relata. Para ampliar a proteção, o vidro triplo reduz as chances de queimaduras caso encostem as mãozinhas.

Os armários também precisam ser bem pensados e a definição dos puxadores e os sistemas de abertura precisam oferecer uma certa dificuldade para o manuseio dos pequenos. “Alguns puxadores são superperigosos e uma boa alternativa está em produzi-los direto na marcenaria”, indica.

Dormitórios

O dormitório do bebê precisa que ser planejado conforme todas as necessidades dele e dos pais | Projeto Cristiane Schiavoni Arquitetura | Fotos: Luis Gomes de Souza

Quando se trata daquele ambiente da casa em que os filhos passarão a maior parte do tempo, a arquiteta propõe cantos arredondados para evitar que elas se machuquem por conta das quinas vivas. Além disso, no caso de bebês, o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) exige que a pintura dos berços seja a base de tinta atóxica. “Para a aquisição do mobiliário, sempre verifico se a loja possui o selo do órgão”, reitera a profissional.

Banheiros

arquiteta Cristiane Schiavoni orienta guardar os remédios e produtos de higiene em posições mais altas como armários e prateleiras suspensas | Foto: Carlos Piratininga

“Outro erro habitual é o de guardar remédios no gabinete do banheiro”, aponta Cristiane. O mesmo vale para itens de higiene pessoal e limpeza, pois um descuido abre a oportunidade para que crianças de menor idade os levem à boca.

Alerta: crianças e tomadas não combinam!

Os dedinhos ágeis das crianças podem ser facilmente resguardados com protetores de tomada encontrados em home centers e lojas de utilidades | Foto: Freepik

Embora os sistemas de instalações elétricas sejam mais seguros para evitar problemas no circuito – caso do dispositivo diferencial residual, o DR, presente no quadro de energia –, o risco de enfiar o dedinho ou algum outro objeto nos plugues é facilmente resolvido com protetores de tomadas.

Áreas externas

A piscina desta casa em Itu, no interior de São Paulo, assinada pela arquiteta Cristiane Schiavoni, conta com uma prainha para que os filhos dos moradores também possam brincar. Contudo, quando não está sendo usufruída, o acesso à piscina é protegido para que elas não entrem sozinhas | Foto: Carlos Piratininga

Por fim, a arquiteta chama atenção para casas e apartamentos com piscina e é enfática: “Nenhuma criança pode ter acesso sozinha”. Desde cercadinhos a tela de proteção, ela diz que os artifícios cooperam, mas que nada substitui a prudência irrestrita dos responsáveis. “Não dá para tirar os olhos nunca”, finaliza.

Sobre a arquiteta Cristiane Schiavoni 

Formada em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo (FAU-USP), Cristiane Schiavoni atua na área de arquitetura, decoração e reforma desde 1996 e hoje, o escritório que leva seu nome, tem mais de 20 anos de história, reunindo centenas de projetos dentro e fora do Estado de São Paulo. Em suas criações residenciais e comerciais, publicadas em importantes veículos brasileiros, elementos-surpresa e toques de cor se misturam aos recursos que garantem o conforto e o aconchego dos moradores.

Acabamentos aplicados de maneira incomum e materiais versáteis também são presenças constantes nos trabalhos de Cristiane Schiavoni. O resultado se reflete na concepção de ambientes modernos, humanizados e dinâmicos, que convidam ao bem-estar e, principalmente, traduzem a essência de cada cliente. 

Tel. (11) 3649-4900

www.cristianeschiavoni.com.br

@cristianeschiavoni

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