Nos dias em que o céu cinza parece não dar trégua e o varal ao ar livre vira apenas uma peça decorativa, a rotina doméstica encontra um desafio bem conhecido: secar roupa em dias chuvosos. O problema não é apenas o tempo extra de secagem, mas a umidade acumulada nas peças, que muitas vezes resulta naquele cheiro desagradável de mofo. E se houvesse um jeito simples, barato e eficiente de contornar essa situação?
Pois há. E ele vem de um costume prático utilizado em regiões úmidas da Ásia, como o sul da Índia, onde secar roupas rapidamente dentro de casa é uma necessidade cotidiana. A combinação de jornal e ventilador se transformou em uma solução caseira extremamente eficaz — e agora, começa a ganhar popularidade também em residências brasileiras.
Como o truque do jornal e ventilador realmente funciona?
A ideia é engenhosa porque parte de princípios básicos da física: o jornal tem grande capacidade de absorção de umidade, enquanto o ventilador acelera a evaporação da água ao movimentar o ar ao redor das peças molhadas. Quando bem aplicados, esses dois elementos transformam até um cantinho da casa em uma mini lavanderia funcional, capaz de secar roupas em questão de horas.
Segundo a engenheira ambiental e especialista em conforto térmico Roberta Costa, “em ambientes úmidos, a movimentação forçada do ar e o uso de materiais com alto poder de absorção são aliados valiosos. O jornal, por ser poroso, retém parte da umidade e evita que ela volte para o tecido. O ventilador faz o resto, mantendo o ar circulando.”
O método consiste basicamente em envolver as roupas úmidas com folhas de jornal, pressionando levemente para absorver o excesso de água. Em seguida, basta pendurá-las próximas a um ventilador com boa potência, que deve estar em funcionamento contínuo por algumas horas. O ideal é manter o ambiente o mais seco possível — se houver circulação de ar ou uma janela entreaberta, melhor ainda.
Prevenção contra o cheiro de mofo
Mas secar rápido não é apenas uma questão de praticidade — também envolve saúde e conservação das peças. Quando a umidade permanece por tempo demais nos tecidos, especialmente em toalhas, roupas esportivas ou peças mais grossas, o risco de proliferação de bactérias e fungos aumenta consideravelmente.
A dermatologista Thaís Bianchi, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, explica que “usar roupas mal secas pode desencadear alergias e irritações na pele, além de potencializar crises respiratórias em pessoas mais sensíveis.” Para ela, prevenir o cheiro de mofo é também um cuidado com o bem-estar dos moradores.
Para evitar esse odor persistente, algumas práticas simples ajudam bastante: não deixar as roupas paradas na máquina após a lavagem, usar sabão na medida certa (evitando excesso de espuma e resíduos) e, quando possível, incluir vinagre branco ou bicarbonato de sódio no enxágue final, ambos com ação antibacteriana — mas nunca juntos, para não neutralizarem os efeitos um do outro.
Por que secar bem a roupa é tão importante?
Guardar peças ainda úmidas, mesmo que aparentemente “quase secas”, é um dos principais erros cometidos em dias chuvosos. O cheiro pode até não surgir de imediato, mas a umidade residual cria um ambiente propício para o desenvolvimento de micro-organismos.
Além do desconforto ao vestir, essas roupas podem afetar o interior dos armários, comprometendo outras peças e até a estrutura da madeira. Dessa forma, garantir que cada roupa esteja completamente seca é mais do que uma medida de capricho — é um gesto de preservação da casa como um todo.