Poucos odores incomodam tanto quanto o cheiro de mofo. Ele aparece silenciosamente, impregnando roupas, móveis e paredes, e carrega consigo não apenas uma sensação de sujeira, mas um alerta sobre a qualidade do ar e o excesso de umidade nos ambientes. O mais preocupante é que, muitas vezes, ele é o sintoma de um problema maior: a presença de fungos, infiltrações e falta de ventilação
Esse desconforto olfativo, tão comum em casas com pouca luz solar e circulação de ar, pode até passar despercebido no dia a dia. No entanto, afeta diretamente o bem-estar físico e emocional dos moradores. Como explica a arquiteta e especialista em interiores Letícia Nannetti, “um ambiente saudável começa pela percepção sensorial. Se há mofo, há desequilíbrio. E nenhum projeto de interiores se sustenta sem saúde ambiental”.
Por que o cheiro de mofo surge?
O mofo é resultado da proliferação de microrganismos que se alimentam de matéria orgânica em locais úmidos e mal ventilados. Estofados encostados em paredes frias, armários fechados por muito tempo, banheiros sem exaustão eficiente ou até mesmo pisos e rodapés com infiltrações podem ser o ponto de partida. Quando não tratado rapidamente, o cheiro de mofo se torna persistente, impregnando tecidos e superfícies com facilidade.
Além disso, o material de acabamento também influencia. Paredes com tintas pouco resistentes à umidade, móveis de MDF em contato com o solo ou ausência de vedação nas janelas criam as condições perfeitas para que esse odor se instale. “A escolha de revestimentos respiráveis, como a tinta acrílica lavável ou painéis de madeira natural bem tratados, pode fazer toda a diferença na prevenção”, afirma o designer de interiores Rafael Fraga.
Como eliminar o cheiro de mofo de forma eficaz?
Mais do que disfarçar o cheiro, a solução passa por três pilares: limpeza ativa, ventilação contínua e prevenção de novas fontes de umidade. É necessário identificar a origem — que pode estar oculta —, como fundos de armário, paredes internas de guarda-roupas, tecidos não lavados com frequência e estofados guardados por muito tempo.
Na limpeza, soluções naturais como vinagre branco e bicarbonato ajudam a neutralizar odores e combater microrganismos de forma segura. Para áreas como guarda-roupas, o uso de carvão ativado ou potes com bicarbonato ajudam a absorver a umidade e evitar que o mofo volte. Já em superfícies, vale apostar na lavagem com vinagre diluído em água morna, seguido de secagem completa ao sol ou com ventilador.
Mas o segredo está mesmo na ventilação diária e no cuidado com a iluminação natural. Ambientes escuros e abafados são mais propensos à umidade. Ao manter janelas abertas, permitir a entrada de luz solar e alternar a posição dos móveis, o ar circula e ajuda a manter o espaço mais fresco e livre de odores.
Roupas, móveis e objetos pessoais: como lidar?
Quando o mofo se instala em tecidos, o cheiro se torna mais difícil de sair. Lavar com vinagre, secar ao sol e guardar em locais ventilados é essencial. Aromatizadores e sachês perfumados não devem ser usados antes da limpeza completa, pois apenas mascaram o cheiro sem resolver a causa. Em móveis de madeira, é importante aplicar produtos específicos antifúngicos e manter uma camada de proteção natural com óleos vegetais que impedem o acúmulo de umidade.
Outra recomendação importante é evitar o uso de sacos plásticos para guardar roupas por longos períodos. Eles impedem que o tecido respire, criando uma câmara propícia ao surgimento de odores. Prefira sacos de algodão ou caixas ventiladas. Mais do que eliminar o odor, é preciso evitar que ele volte. Isso significa incluir práticas simples no cotidiano: abrir janelas, girar os colchões, revisar telhados e calhas, manter o ar-condicionado limpo e usar desumidificadores em áreas propensas. O cheiro de mofo é um lembrete de que nossos lares também precisam respirar.