Há móveis que cumprem funções práticas e há aqueles que carregam significados. A chaise longue, cujo nome remete à “cadeira longa” de origem francesa, pertence a este segundo grupo. Mais do que um assento, ela simboliza uma pausa consciente, um convite ao relaxamento e à contemplação — valores cada vez mais presentes nos projetos residenciais contemporâneos.
Embora tenha ganhado notoriedade na França e se espalhado pela Europa a partir do século XVI, sua história começa muito antes. Registros visuais mostram que figuras da mitologia e da realeza do Egito Antigo, seguidas pela civilização grega, já utilizavam versões primordiais da peça para repouso e socialização. Assim, desde suas origens, a chaise longue esteve associada ao conforto, ao status e à valorização do corpo em descanso.
Uma peça pensada para o corpo — e para o espaço
Visualmente, a chaise longue se distingue pela estrutura alongada, com encosto em apenas um dos lados e, muitas vezes, um braço de apoio que acompanha a ergonomia do usuário. Essa configuração permite que o corpo encontre uma posição intermediária entre sentar e deitar, algo que explica seu apelo contínuo ao longo dos séculos.

Para a arquiteta Patricia Penna, à frente do escritório Patricia Penna Arquitetura & Design, a força da peça está justamente nessa proposta clara. Segundo ela, a presença da chaise longue no ambiente nunca é neutra: ela comunica uma intenção. Trata-se de um móvel pensado para desacelerar, para criar momentos de pausa em meio à rotina acelerada, seja em áreas sociais ou em espaços mais íntimos da casa.
Versatilidade que dialoga com diferentes ambientes
Um dos grandes trunfos da chaise longue está na sua capacidade de adaptação. Em salas de estar, ela pode substituir uma poltrona tradicional ou até mesmo assumir o papel de elemento de transição em ambientes integrados, ajudando a organizar visualmente os espaços sem a necessidade de barreiras físicas. Em varandas e livings, surge como cenário perfeito para leitura, contemplação ou simples descanso.
Patricia Penna ressalta que, em muitos projetos, a peça funciona como um recurso estratégico. Em vez de duplicar assentos convencionais, uma chaise longue bem posicionada amplia o conforto e adiciona sofisticação ao conjunto. Já nos dormitórios, ela costuma ocupar cantos antes subutilizados, transformando-os em verdadeiros refúgios particulares. Em salas com lareira, por exemplo, a arquiteta destaca o quanto a peça potencializa a experiência sensorial do ambiente, especialmente nos dias mais frios.
- Veja também: Cimento queimado ou concreto aparente?
Design, função e harmonia visual
A escolha da chaise longue passa, necessariamente, pela leitura do conjunto decorativo. Embora não precise repetir exatamente a paleta cromática do ambiente, é fundamental que dialogue com ele por meio das formas, texturas e proporções. O equilíbrio visual, nesse caso, é mais importante do que a uniformidade.

Em projetos contemporâneos, a arquiteta observa um crescimento no uso de sofás que já incorporam a chaise longue de forma fixa ou modular, especialmente em espaços como home theaters. Essa solução amplia a funcionalidade do mobiliário sem comprometer a estética, além de responder às novas formas de morar, mais informais e voltadas ao conforto.
Materiais e estilos: do interno ao externo
Nos ambientes internos, a chaise longue pode assumir papel de destaque ou atuar de maneira mais discreta, dependendo do desenho escolhido. Modelos estofados em linho, versões com capitonê ou estruturas metálicas de linhas marcantes convivem com facilidade tanto em propostas clássicas quanto contemporâneas. Em muitos casos, a peça se torna o ponto focal do ambiente, enquanto em outros funciona como complemento silencioso, porém essencial.

Já nas áreas externas, o cuidado com os materiais é indispensável. Fibras sintéticas, estruturas metálicas tratadas e estofamentos resistentes à umidade e à insolação garantem durabilidade sem abrir mão do conforto. Patricia Penna destaca que, quando corretamente especificada, a chaise longue para áreas abertas amplia as possibilidades de uso da varanda ou do jardim, funcionando tanto como espaço de relaxamento individual quanto como apoio em momentos de receber convidados.





