Na Região dos Lagos, no litoral fluminense, uma casa térrea de 220 m² foi transformada para que cada ambiente refletisse a suavidade do mar ali ao lado. O escritório Sensum Arquitetura, responsável pela adaptação mais recente, encontrou uma residência com boa estrutura, porém marcada por compartimentações e por uma circulação pouco eficiente.
A proposta foi avançar com cuidado, permitindo que o novo desenho revelasse a essência dos proprietários. “Nosso objetivo foi respeitar a estrutura existente e entrar com suavidade, para que a decoração revelasse a essência do casal”, explica o arquiteto Renan de Toledo Guimarães.
A relação afetiva com o lugar já era antiga. A mãe da cliente morava no condomínio, e foi ali que o casal, ainda recém-casado, decidiu buscar o terreno ideal. A escolha recaiu sobre uma casa existente, ampla, implantada em um lote generoso de 520 m². Mesmo com limitações funcionais, havia potencial para criar um lar integrado ao jardim e à luminosidade natural.
A área externa como protagonista
A primeira reforma, conduzida pelo arquiteto Roberto Aracri, promoveu a abertura dos espaços internos. Na segunda etapa, assumida pelo Sensum, a morada passou a dialogar com o exterior de maneira ainda mais livre. Esquadrias de correr em madeira jequitibá-rosa, já presentes na estrutura, reforçam esse vínculo ao permitir que o vento, a luz e os aromas do jardim permeiem os ambientes.

O pergolado, um dos elementos mais marcantes da reforma, foi redesenhado com uma sutileza que contrasta com a firmeza estrutural. Feito em eucalipto laminado, ele se abre em ondulação leve, quase como uma sombra que acompanha o movimento do sol.
“A sustentação superior liberou circulações e aproximou a casa do entorno, criando a sensação de continuidade”, observa o arquiteto Danilo Jeovani de Paula.
Sob essa cobertura, o espaço gourmet atua como extensão natural da piscina e da área social, convidando a encontros fluidos, sem barreiras visuais ou de circulação.
Sauna integrada: um bloco escultural à beira da piscina

A piscina foi redesenhada com pastilhas e borda em granito branco Siena flameado, criando um espelho d’água que reflete o céu. Ao lado dela, surge um bloco de presença forte: a sauna revestida de placas cimentícias Apparente, da Castellato. Internamente, pastilhas Camburi SG-8450, da Atlas, reforçam o aspecto contemporâneo da composição.
O volume parece emergir do jardim como uma peça arquitetônica independente, equilibrando funcionalidade e impacto visual. “Quisemos que a sauna fosse um ponto focal na paisagem, quase uma escultura habitável”, comenta Renan. A integração com a piscina amplia o uso da área, favorecendo experiências sensoriais típicas de casas de praia, mas com acabamento sofisticado.
Texturas, madeira e luz: a linguagem da casa
Nos interiores, a paleta neutra conduzida por tons claríssimos e pela madeira cria uma atmosfera contínua, sem rupturas entre dentro e fora. O porcelanato com visual de concreto costura salas, circulação e cozinha, enquanto a marcenaria em MDF amadeirado e cinza acrescenta profundidade à neutralidade dominante. Cortinas de gaze de linho filtram a luz, revelando a intenção de manter a casa sempre banhada por uma claridade difusa.

“Queríamos que a neutralidade fosse enriquecida pelas texturas, não pelo excesso. Os móveis deveriam dialogar com o jardim, não competir com ele”, explica Renan, reforçando a busca por uma estética sensorial que acompanha toda a narrativa do projeto.
Área gourmet e cozinha: convivência sem barreiras
A área gourmet, executada em peroba-rosa pelo marceneiro Claudio, reforça o protagonismo da madeira. A bancada em granito Preto Absoluto equilibra a composição, enquanto itens como pufes e almofadas da Codex Home trazem conforto. O porcelanato Foggy Bianco, da PortobelloShop Niterói, que reveste piso e parede, amplia a luminosidade.

Na cozinha, o quartzito Mont Blanc da MHM Pedras acompanha bancada, frontão e prateleira superior. A ilha, voltada para a sala, cria um centro de convivência dinâmica, permitindo que o preparo das refeições se torne parte do encontro.
Living que se abre ao jardim

No living, o painel ripado, o banco posterior ao sofá e o painel em porcelanato Ms. Barcelona Cristal reforçam a atmosfera contemporânea. Sofá, poltrona e tapete da Soho Home Design completam o cenário.

Já o hall, revestido de textura Predial 200 da Terracor, funciona como transição tranquila entre exterior e interior, reunindo objetos da Casa Ocre e fotografia de Rodrigo Sack.
Intimidade que se conecta à paisagem
A suíte do casal foi desenhada como refúgio silencioso. A porta de correr em peroba-rosa se abre para o jardim, permitindo que a luz natural acompanhe a rotina. O piso de porcelanato Boreal Natural, com visual amadeirado, reforça a continuidade material. Os painéis em MDF Itapuã e freijó, executados pelo mesmo marceneiro que assinou a marcenaria de toda a casa, trazem organicidade.

Quadros de Rodrigo Sack e Paula Bohm, além de peças da Casa Ocre, completam a composição discreta. “A casa não grita. Ela sussurra. E, no silêncio dos materiais, revela quem vive ali”, resume Renan.
Banheiro como extensão da estética geral
No banheiro, o porcelanato Dansk Cement White (PortobelloShop Niterói) define bancada e piso. Paredes revestidas em Onix Unique criam brilho suave que contrasta com a madeira do freijó presente na prateleira ripada. Misturadores Stillo, da Docol, e cerâmicas da Casa Ocre reforçam a coerência entre materiais naturais, luz e textura.

A escolha dos materiais, sempre em harmonia com o entorno, reafirma o objetivo do projeto: criar uma arquitetura que acolhe, respira e se dissolve no paisagismo.





