Em tempos de rotina agitada, transformar um canto da casa em um espaço zen é mais do que um desejo estético: é uma necessidade emocional. Inspirado nos princípios da cultura oriental, especialmente do zen-budismo e do paisagismo japonês, esse tipo de ambiente busca proporcionar equilíbrio, introspecção e relaxamento por meio de uma decoração que conecta a natureza ao interior da casa. E não é preciso ter um jardim amplo ou grandes investimentos. Com elementos como plantas, pedras e uma escolha sensível de materiais e cores, é possível criar um verdadeiro oásis dentro de casa.
A proposta do jardim relaxante é, antes de tudo, sensorial. O som suave da água corrente, o toque frio das pedras, a textura das folhas, a luz filtrada… Tudo é pensado para desacelerar. A arquiteta e paisagista Giselle Pitrowsky, especializada em biofilia e ambientes terapêuticos, explica que “o espaço zen não é um cenário, mas uma experiência. É preciso que o lugar estimule os sentidos e, ao mesmo tempo, transmita serenidade”. Segundo ela, mesmo pequenos apartamentos podem ter esse canto, desde que exista intencionalidade no projeto e respeito à proporção dos elementos.
O papel das pedras na decoração zen
A decoração com pedras é um dos pilares estéticos e simbólicos dos jardins japoneses, e por isso, têm papel central na construção de um cantinho de contemplação. Seja com seixos brancos, cascalhos, pedriscos cinzas ou rochas maiores, o uso das pedras representa estabilidade, permanência e silêncio. Quando bem posicionadas, ajudam a conduzir o olhar, delimitam áreas e funcionam como elementos de contraste com a vegetação.

A designer de interiores Marina Dubal, que assina diversos projetos de paisagismo interior, afirma que “as pedras criam um ritmo visual e reforçam a paleta natural do espaço zen. Usamos muito o seixo rolado branco para simbolizar a pureza e refletir a luz de forma suave”. Além disso, ela destaca que os jardins secos — compostos apenas por pedras e areia — são excelentes para espaços internos e requerem menos manutenção.
Mas não se trata apenas de estética: o contato com os minerais também remete à ancestralidade e à permanência da natureza. Em uma varanda, corredor ou mesmo sob uma escada, o piso de pedra pode ser combinado com musgos artificiais ou naturais, vasos baixos e iluminação indireta para ampliar a sensação de recolhimento.
Plantas que harmonizam o ambiente
As plantas são fundamentais para garantir frescor, purificação do ar e a sensação de presença da natureza. Em um espaço zen, elas devem ser escolhidas com base em dois critérios principais: fácil manutenção e harmonia visual. Espécies de folhagens verdes, como zamioculca, bambu da sorte, jiboia, lírio-da-paz, raphis, samambaias e espada-de-são-jorge, são muito utilizadas pela sua simbologia e rusticidade.

Evita-se, nesse caso, o uso de espécies muito floridas ou coloridas, para preservar a paleta neutra do ambiente e não dispersar a atenção. O uso de vasos baixos ou cerâmicas de tom cru, sem brilho, ajuda a manter o visual equilibrado. Uma dica de Marina Dubal é utilizar plantas com texturas diferentes para criar interesse visual sem agredir a proposta de leveza: “Folhas largas combinadas com hastes finas produzem um contraste bonito, mas sutil. Isso ajuda a manter o espaço contemplativo e sem excessos.”
A iluminação como aliada do silêncio
Pouco se fala sobre a importância da luz no jardim relaxante, mas ela é determinante para gerar acolhimento. A luz branca fria, neste caso, deve ser evitada, dando preferência para luzes amareladas, de baixa intensidade, ou mesmo o uso de velas e lanternas com LED âmbar. Por isso, se o espaço zen estiver voltado para o exterior, como varandas ou quintais, aproveite a luz natural ao máximo, com cortinas leves ou persianas de madeira.

Giselle Pitrowsky lembra que, “assim como no Japão, onde os espaços são preparados para receber a luz do dia de maneira poética, é fundamental que a iluminação seja parte da experiência”. Ela recomenda incluir, sempre que possível, uma fonte de água pequena, pois além do som relaxante, os reflexos da luz na água criam uma dança visual extremamente reconfortante.